Estudos avançam na busca pela cura do HIV: “Sem remédios há um ano” Ouvir 18 de março de 2025 Embora a ciência ainda não tenha chegado na cura do HIV, os pesquisadores acreditam que estamos próximos de um tratamento que permita uma proteção tão prolongada que seja semelhante ao fim da infecção. Dois estudos apresentados na Conferência sobre Retrovírus e Infecções Oportunistas (CROI 2025), realizada nos Estados Unidos entre 9 e 12 de março, mostraram que tratamentos com anticorpos monoclonais podem oferecer proteção por mais de um ano para os pacientes. O evento é um dos mais importantes sobre o combate à aids. Leia também Saúde OMS: 8 países podem ficar sem tratamentos para HIV após cortes dos EUA Saúde Injeção para prevenção do HIV funciona com uma dose ao ano, diz estudo Distrito Federal Carnaval: saiba como se proteger do HIV em caso de exposição de risco Brasil Órgãos com HIV: Justiça escuta vítimas e réus nesta segunda (24/2) Em alguns casos, 4 em cada 10 pacientes ficaram mais de 12 meses sem precisar tomar nenhum remédio da terapia antirretroviral (TARV), que é administrada diariamente. As pesquisas mostraram que uma combinação de anticorpos amplamente neutralizantes (bnAbs) permitiu que parte dos participantes ficasse sem TARV e que não experimentasse nenhum aumento da carga viral. Anticorpos monoclonais são clones de uma célula protetora fabricada em laboratório e injetados na corrente sanguínea, permitindo que doenças infecciosas ou autoimunes sejam combatidas com baixos efeitos colaterais e extrema eficiência. Os estudos, conhecidos como RIO e FRESH/Gilead, avaliaram diferentes populações e estratégias, mas apresentaram resultados promissores para o controle do HIV sem o uso de medicamentos diários. Estudo RIO: até dois anos sem antiretrovirais O estudo RIO, conduzido no Reino Unido e na Dinamarca, contou com 68 participantes que passaram por uma interrupção da TARV para avaliar novas estratégias terapêuticas. Metade dos participantes recebeu infusões de placebo, enquanto a outra metade foi tratada com dois bnAbs de longa duração: 3BNC117 e 10-1074. Os anticorpos atacam diferentes partes do envelope do HIV, impedindo a infecção das células. Os resultados demonstraram que, na 20ª semana após a interrupção da TARV, 65% dos que receberam os anticorpos ainda tinham carga viral abaixo de mil. Na 48ª semana, 57% continuavam sem necessidade de retomar o tratamento, e na 72ª semana, 39% ainda não tinham apresentado rebote viral significativo. Sete participantes (24%) nunca tiveram carga viral acima de 50 cópias/ml ao longo de todo o período analisado (dois anos). A pesquisadora principal, Sarah Fidler, do Imperial College London, destacou que, embora alguns participantes tenham apresentado resistência ao anticorpo 10-1074, a maioria conseguiu retardar a progressão do HIV sem necessidade de TARV. 13 imagens Fechar modal. 1 de 13 HIV é a sigla em inglês do vírus da imunodeficiência humana. O causador da aids ataca o sistema imunológico, responsável por defender o organismo de doenças. Os primeiros sintomas são muito parecidos com os de uma gripe, como febre e mal-estar. Por isso, a maioria dos casos passa despercebida Arte Metrópoles/Getty Images 2 de 13 A baixa imunidade permite o aparecimento de doenças oportunistas, que recebem esse nome por se aproveitarem da fraqueza do organismo. Com isso, atinge-se o estágio mais avançado da doença, a aids Anna Shvets/Pexels 3 de 13 Os medicamentos antirretrovirais (ARV) surgiram na década de 1980 para impedir a multiplicação do HIV no organismo. Esses medicamentos ajudam a evitar o enfraquecimento do sistema imunológico Hugo Barreto/Metrópoles 4 de 13 O uso regular dos ARV é fundamental para aumentar o tempo e a qualidade de vida das pessoas que vivem com HIV e reduzir o número de internações e infecções por doenças oportunistas iStock 5 de 13 O tratamento é uma combinação de medicamentos que podem variar de acordo com a carga viral, estado geral de saúde da pessoa e atividade profissional, devido aos efeitos colaterais iStock 6 de 13 Em 2021, um novo medicamento para o tratamento de HIV, que combina duas diferentes substâncias em um único comprimido, foi aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) Hugo Barreto/Metrópoles 7 de 13 A empresa de biotecnologia Moderna, junto com a organização de investigação científica Iavi, anunciou no início de 2022 a aplicação das primeiras doses de uma vacina experimental contra o HIV em humanos Arthur Menescal/Especial Metrópoles 8 de 13 O ensaio de fase 1 busca analisar se as doses do imunizante, que utilizam RNA mensageiro, podem induzir resposta imunológica das células e orientar o desenvolvimento rápido de anticorpos amplamente neutralizantes (bnAb) contra o vírus Arthur Menescal/Especial Metrópoles 9 de 13 Nos Estados Unidos, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças aprovou o primeiro medicamento injetável para prevenir o HIV em grupos de risco, inclusive para pessoas que mantém relações sexuais com indivíduos com o vírus spukkato/iStock 10 de 13 O Apretude funciona com duas injeções iniciais, administradas com um mês de intervalo. Depois, o tratamento continua com aplicações a cada dois meses iStock 11 de 13 O PrEP HIV é um tratamento disponível no Sistema Único de Saúde (SUS) feito especificamente para prevenir a infecção pelo vírus da Aids com o uso de medicamentos antirretrovirais Joshua Coleman/Unsplash 12 de 13 Esses medicamentos atuam diretamente no vírus, impedindo a sua replicação e entrada nas células, por isso é um método eficaz para a prevenção da infecção pelo HIV iStock 13 de 13 É importante que, mesmo com a PrEP, a camisinha continue a ser usada nas relações sexuais: o medicamento não previne a gravidez e nem a transmissão de outras doenças sexualmente transmissíveis, como clamídia, gonorreia e sífilis, por exemplo Keith Brofsky/Getty Images Estudo FRESH Já o estudo FRESH avaliou 20 mulheres jovens vivendo com HIV na África do Sul, em uma das regiões com maior incidência da doença no mundo. Elas já se tratavam com TARV em média há sete anos antes da interrupção controlada. Diferentemente do estudo RIO, foram usados outros anticorpos: VRC07-523 e CAP256V2. Os principais achados foram que 10 participantes precisaram retomar a TARV antes da 48ª semana devido ao reaparecimento do HIV. Outros seis apresentaram rebote tardio da carga viral, mas conseguiram adiar a retomada da TARV até a semana 48. Quatro participantes permaneceram sem necessidade de TARV por mais de 1,5 anos – dois com carga viral indetectável e dois com cargas virais abaixo de 2 mil cópias/ml. Impactos na busca pela cura do HIV Os resultados dos estudos RIO e FRESH reforçam a importância dos anticorpos amplamente neutralizantes na pesquisa pela cura do HIV. “Falar sobre cura do HIV é sempre um tema delicado. A realidade é que, infelizmente, ainda não há uma perspectiva imediata de cura disponível em larga escala, mas os estudos com anticorpos nos dão muitas esperanças de ir além da neutralização do vírus. Eles podem contribuir para uma persistência da indetectabilidade por muito tempo”, explica o infectologista Alvaro Costa, do Hospital das Clínicas de São Paulo. Embora não sejam a cura, os bons resultados mostram que essa opção de tratamento pode ser aprofundada. Os pesquisadores acreditam que, quando os bNAbs se ligam ao HIV, o complexo resultante leva a um ataque extra potente ao vírus chamado de “efeito vacinal”, que impulsiona as células T. Ela visam as células infectadas para eliminá-las com mais eficiência. Siga a editoria de Saúde e Ciência no Instagram e fique por dentro de tudo sobre o assunto! Notícias
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