Especialistas explicam como parar de fumar e por que é tão difícil Ouvir 31 de maio de 2025 O cigarro segue sendo um dos maiores problemas de saúde pública no mundo. Associado a doenças como câncer, enfisema pulmonar, infarto e AVC, o tabagismo é responsável por metade de todas as mortes por cânceres globalmente. No Brasil, existem cerca de 20 milhões de fumantes. E o dado mais preocupante é que, após anos de queda, esse número voltou a subir, segundo o Ministério da Saúde. Um dos principais desafios no combate ao cigarro é justamente o mais difícil de enfrentar: parar de fumar. Como parar de fumar? O Instituto Nacional de Câncer sugere que você defina uma data para parar de fumar e interrompa complemente o hábito no dia estipulado. Mude seus hábitos e reconheça os gatilhos que levam à vontade de fumar. Jogue fora cinzeiros, isqueiros e cigarros. Se possível, evite comparecer aos locais onde costumava fumar. Diminua gradualmente a quantidade de cigarros fumados por dia. Postergue a hora do primeiro cigarro e aumente o intervalo entre eles. Pratique exercícios físicos. Os hormônios liberados pelas atividades melhoram o humor e ajudam a controlar a ansiedade. A terapia, principamente a de grupo, também é indicada para quem está mudando o estilo de vida. Estar acompanhado pode auxiliar esse processo. E o mais importe: se tiver uma recaída, não desanime. Seja persistente e comece de novo. Por que é tão difícil parar de fumar? O tabagismo provoca dependência tanto física quanto psicológica. A dependência física está relacionada à nicotina, substância que age diretamente no sistema nervoso central e estimula a liberação de dopamina, neurotransmissor associado à sensação de prazer. “Cada vez fuma, a pessoa produz dopamina, e isso promove bem-estar. Com o tempo, o cérebro passa a depender do cigarro para liberar a substância”, explica o pneumologista Paulo Feitosa, que atua em Brasília. Além disso, há o aspecto psicológico: o cigarro se incorpora à rotina e a comportamentos específicos, como após as refeições ou em situações de estresse. “Fumar cria um hábito que muitas vezes envolve a questão oral, o que torna ainda mais difícil se desvincular”, completa o médico. A pneumologista Gilda Elizabeth, do Hospital Brasília Águas Claras, reforça que a nicotina causa dependência intensa por chegar rapidamente ao cérebro. “O paciente costuma associar o cigarro ao alívio da tristeza, estresse, aborrecimento. Ele vira uma válvula de escape. E quando a pessoa tenta parar, pode ter sintomas de abstinência como irritação, insônia e uma vontade muito forte de fumar”, diz. O que acontece no corpo e no cérebro ao parar? Durante o processo de parar de fumar, os receptores de nicotina no cérebro, antes constantemente estimulados, passam a emitir sinais de escassez da substância, aumentando a vontade de fumar. “O cérebro avisa que está faltando nicotina e pede reposição. É aí que começa o desafio. Alguns pacientes enfrentam abstinência, mas muitos conseguem superar esse período sem grandes dificuldades”, afirma Elie Fiss, pneumologista do Alta Diagnósticos, da Dasa. Quais são os métodos mais eficazes para largar o cigarro? Embora muitos fumantes consigam parar sem ajuda profissional, há diversas estratégias que podem aumentar as chances de sucesso, principalmente para quem já tentou e não conseguiu abandonar o cigarro sozinho. Segundo Fiss, cerca de 70% das pessoas que largam o cigarro o fazem por conta própria, apenas reduzindo aos poucos a quantidade ou aumentando o intervalo entre um e outro. Para os que precisam de suporte adicional, existem três linhas principais de abordagem: a terapia de reposição de nicotina (como adesivos e gomas), medicamentos (como a bupropiona) e a terapia comportamental. Leia também Saúde Usar vape equivale a carga de nicotina de 120 cigarros, diz pesquisa Saúde Caminhar ao ar livre por 10 minutos ajuda a parar de fumar, diz estudo Saúde Parar de fumar reduz em até 40% o risco de desenvolver diabetes tipo 2 Saúde Remédio experimental é nova esperança para quem quer parar de fumar “O tratamento deve ser personalizado. Alguns pacientes vão bem só com adesivo. Outros precisam de adesivo, goma, medicamento oral e acompanhamento psicológico. A terapia comportamental ajuda muito a identificar os gatilhos e a desenvolver estratégias para evitá-los”, esclarece Gilda. Os efeitos positivos de parar de fumar começam quase imediatamente. “Em 20 minutos, a pressão arterial e a frequência de pulso tendem a voltar ao normal. Após duas horas, já não há mais nicotina circulando no sangue. E em oito horas, os níveis de monóxido de carbono se normalizam”, detalha Paulo. Depois de um dia, os brônquios começam a funcionar melhor e os pulmões passam a limpar as secreções com mais eficiência. Em 48 horas, o olfato e o paladar já apresentam melhora. Nas semanas seguintes, a pele tende a ficar menos oleosa, mais firme e com aparência mais saudável. “Em dois a três meses, o pulmão já apresenta uma recuperação funcional. Em nove meses, a tosse diminui bastante. E, a partir de um ano, cai o risco de doenças cardiovasculares como infarto e AVC”, afirma Feitosa. Segundo ele, nunca é tarde para parar de fumar. “Mesmo quem fuma há muitos anos vai colher benefícios. O organismo começa a se recuperar assim que o cigarro é deixado de lado”, conclui. Siga a editoria de Saúde e Ciência no Instagram e fique por dentro de tudo sobre o assunto! Notícias
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