Suplemento de NAD⁺ alivia fadiga da Covid longa, sugere estudo de Harvard Ouvir 12 de dezembro de 2025 A Covid longa continua a ser um desafio deixado pela pandemia. Mesmo após a fase aguda da infecção, pacientes relatam sintomas persistentes que podem durar meses ou anos, como cansaço extremo, dificuldade de concentração — conhecida como névoa mental —, alterações do sono e queda importante na qualidade de vida. Até hoje, não existe um tratamento específico aprovado para essa condição. Dentro desse cenário, pesquisadores da Escola de Medicina de Harvard, nos Estados Unidos, passaram a investigar o papel do NAD⁺ (nicotinamida adenina dinucleotídeo), uma molécula fundamental para o funcionamento das células. O NAD⁺ participa diretamente da produção de energia, do reparo do DNA e da regulação de processos inflamatórios. Evidências científicas sugerem que infecções virais, incluindo a causada pelo Sars-CoV-2, podem reduzir os níveis dessa molécula no organismo, o que levantou a hipótese de que essa queda poderia estar relacionada à fadiga intensa e aos sintomas cognitivos observados na Covid longa. A partir dessa ideia, cientistas testaram se suplementos capazes de aumentar os níveis de NAD⁺, como a nicotinamida ribosídeo (NR) — uma forma da vitamina B3 —, poderiam ajudar a aliviar parte desses sintomas. Leia também Saúde Covid longa pode causar menstruação anormal e fluxo forte, diz estudo Saúde Reabilitação online reduz sequelas de Covid longa, diz médico no Sarah Saúde Pesquisa indica taxas muito altas de Covid longa no Brasil Saúde Mulheres correm maior risco de desenvolver Covid longa, mostra estudo Como o estudo foi conduzido O novo estudo foi publicado em novembro na revista científica eClinicalMedicine. Trata-se de um ensaio clínico randomizado, duplo-cego e controlado por placebo — considerado um dos desenhos mais robustos em pesquisas médicas. Os 58 participantes eram adultos diagnosticados com Covid longa, que apresentavam sintomas persistentes, especialmente fadiga e queixas cognitivas, mesmo meses após a infecção inicial. Durante 10 semanas de estudo, parte dos voluntários recebeu diariamente nicotinamida ribosídeo, enquanto o outro grupo recebeu placebo. Nem os participantes nem os pesquisadores sabiam quem estava em cada grupo durante a fase de acompanhamento, o que reduz o risco de viés nos resultados. Ao longo das semanas, foram avaliados níveis de NAD⁺ no sangue, segurança do suplemento e mudanças nos sintomas relatados pelos próprios pacientes, como cansaço, clareza mental, sono e bem-estar geral. O que os pesquisadores observaram Os resultados mostraram que a suplementação com nicotinamida ribosídeo foi capaz de aumentar os níveis de NAD⁺ no organismo, confirmando que o composto cumpre seu papel biológico esperado. Além disso, os pesquisadores observaram sinais de melhora em sintomas frequentemente relatados por pacientes com Covid longa, como fadiga persistente e sensação de “mente lenta” ou dificuldade de concentração. Essas melhorias foram percebidas principalmente por meio de escalas clínicas e relatos dos próprios participantes, que indicaram redução do cansaço e impacto positivo na qualidade de vida ao longo do acompanhamento. No entanto, quando avaliados testes cognitivos objetivos, as diferenças entre o grupo que recebeu o suplemento e o grupo placebo foram mais discretas, o que reforça o caráter preliminar dos achados. Do ponto de vista da segurança, o suplemento foi bem tolerado, sem aumento significativo de eventos adversos em comparação ao placebo, um dado importante para qualquer proposta de tratamento futuro. Os próprios autores do estudo destacam que os achados devem ser interpretados com cautela. O número de participantes foi limitado e o tempo de acompanhamento relativamente curto, o que impede conclusões definitivas sobre eficácia. 13 imagensFechar modal.1 de 13 Sem ter um nome definitivo, o conjunto de sintomas que continua após a cura da infecção pelo coronavírus é chamado de Síndrome Pós-Covid, Covid longa, Covid persistente ou Covid prolongada Freepik2 de 13 Denominam-se Covid longa os casos em que os sintomas da infecção duram por mais de 4 semanas. Além disso, alguns outros pacientes até se recuperam rápido, mas apresentam problemas a longo prazo Pixabay3 de 13 Um dos artigos mais recentes e abrangentes sobre o tema é de um grupo de universidades dos Estados Unidos, do México e da Suécia. Os pesquisadores selecionaram as publicações mais relevantes sobre a Covid prolongada pelo mundo e identificaram 55 sintomas principais iStock4 de 13 Entre os 47.910 pacientes que integraram os estudos, os cinco principais sintomas detectados foram: fadiga, dor de cabeça, dificuldade de atenção, perda de cabelo e dificuldade para respirar Getty Images5 de 13 A Covid prolongada também é comum após as versões leve e moderada da infecção, sem que o paciente tenha precisado de hospitalização. Cerca de 80% das pessoas que pegaram a doença ainda tinham algum sintoma pelo menos duas semanas após a cura do vírus Freepik6 de 13 Além disso, um dos estudos analisados aponta que a fadiga após o coronavírus é mais comum entre as mulheres, assim como a perda de cabelo Metrópoles7 de 13 Especialistas acreditam que a Covid longa pode ser uma “segunda onda” dos danos causados pelo vírus no corpo. A infecção inicial faz com que o sistema imunológico de algumas pessoas fique sobrecarregado, atacando não apenas o vírus, mas os próprios tecidos do organismo Getty Images8 de 13 Por enquanto, ainda não há um tratamento adequado para esse quadro clínico que aparece após a recuperação da Covid-19. O foco principal está no controle dos sintomas e no aumento gradual das atividades do dia a dia Getty Images9 de 13 Apesar de uma total recuperação da doença, estudos recentes da Universidade de Washington em Saint Louis, nos Estados Unidos, alertam que qualquer pessoa recuperada da Covid-19 pode sofrer complicações no ano seguinte à infecção, uma covid longa Getty Images10 de 13 Foram analisados os dados de 150 mil pessoas que tiveram Covid-19 para chegar às complicações mais comuns Getty Images11 de 13 O risco de ter um ataque cardíaco, por exemplo, é 63% maior para quem já teve a infecção. A chance de doença arterial coronariana sobe para 72%, e para infarto, 52% Getty Images12 de 13 Também chama a atenção dos cientistas o aumento da quantidade de pacientes com depressão e ansiedade Getty Images13 de 13 O estudo também registrou casos de Doença Arterial Coroniana, falência cardíaca, coágulos sanguíneos, batimentos irregulares e embolia pulmonar Getty Images Próximos passos Os resultados não comprovam que suplementos de NAD⁺ tratam ou curam a Covid longa, mas indicam que essa pode ser uma linha promissora de investigação científica. Os especialistas reforçam que suplementos disponíveis comercialmente não devem ser vistos como solução comprovada para a condição e que qualquer uso deve ser discutido com profissionais de saúde. Ainda assim, o estudo contribui para um entendimento mais profundo dos mecanismos biológicos envolvidos na Covid longa e aponta que alterações no metabolismo energético das células podem ter papel central nos sintomas persistentes. A expectativa dos pesquisadores é que esses resultados sirvam de base para ensaios clínicos maiores, com mais participantes e acompanhamento prolongado, capazes de confirmar se o aumento dos níveis de NAD⁺ pode, de fato, ser traduzido em benefícios clínicos consistentes para pessoas com Covid longa. Notícias
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