Bronzeamento artificial pode causar danos no DNA da pele, diz estudo Ouvir 19 de dezembro de 2025 O risco do uso de câmaras de bronzeamento artificial — que são proibidas no Brasil desde 2009 — voltou ao centro do debate científico após um estudo liderado pela Universidade de Northwestern Medicine, nos Estados Unidos, identificar que a prática pode alterar o DNA da pele. A pesquisa publicada na Science Advances no último dia 12 associou o hábito de usar camas de bronzeamento ao aumento de quase três vezes no risco de melanoma. Pela primeira vez, cientistas demonstraram como esses dispositivos provocam danos diretos ao DNA em praticamente toda a superfície da pele. Apesar de alertas antigos, a base molecular desse risco permanecia pouco compreendida até agora. Leia também Saúde Anvisa proíbe lâmpadas usadas para bronzeamento artificial Saúde Anvisa faz alerta sobre riscos e proibições do bronzeamento artificial Saúde Mulher reconhece câncer de pele em pinta, mas médicos não acreditaram Distrito Federal “Sou maltratada pela doença e pelo SUS”, diz mulher com câncer de pele Durante décadas, a indústria do bronzeamento artificial afirmou que os danos do uso eram semelhantes aos da exposição prolongada à luz solar. O novo estudo, porém, identificou mutações específicas e mais profundas com o uso das camas de bronzeamento. “Mesmo na pele normal de pacientes que se bronzeiam em câmaras de bronzeamento artificial, em áreas sem pintas, encontramos alterações no DNA que são mutações precursoras ao melanoma. Isso nunca havia sido demonstrado antes”, disse o dermatologista Pedram Gerami, autor principal da pesquisa, ao site da universidade. História de luta contra o câncer de pele O estudo revelou um risco inédito que permite aos pacientes que tiveram câncer entender suas próprias histórias. Entre eles está Heidi Tarr, de 49 anos, moradora de Chicago. Durante o ensino médio, ela utilizava camas de bronzeamento artificial duas a três vezes por semana. “Parecia que era isso que te deixava bonita”, relatou em entrevista ao site da universidade. Anos depois, já adulta e mãe, ela notou uma pinta suspeita nas costas. O diagnóstico veio como melanoma, o tipo mais grave de câncer de pele, e desde então Heidi passou por mais de 15 biópsias motivadas pelo surgimento de novas pintas. “As biópsias podem ser dolorosas, mas a ansiedade é pior. Você está sempre esperando a ligação dizendo que é melanoma de novo”, afirma. Heidi participou do estudo e teve o genoma de sua pele analisado. “Se o que aconteceu com a minha pele puder ajudar outras pessoas a entender os riscos reais das camas de bronzeamento artificial, fico feliz de saber que contribuí”, afirma ela. Pedram Gerami examina a pele da paciente e sobrevivente de melanoma Heidi Tarr O impacto do bronzeamento O que foi observado na pele de Heidi é o mesmo padrão de pele que Gerami notou após 20 anos dedicados exclusivamente ao tratamento de câncer. Mulheres com menos de 50 anos apresentavam múltiplos melanomas ao longo da vida e a maioria relatava histórico frequente, mesmo que antigo, de uso de camas de bronzeamento artificial. A equipe analisou prontuários de cerca de 3 mil usuárias dos dispositivos. Outro grupo, com número semelhante de mulheres da mesma faixa etária, não tinha histórico de bronzeamento artificial. A comparação buscou identificar diferenças claras na incidência da doença. O melanoma foi diagnosticado em 5,1% das usuárias de camas de bronzeamento artificial. Entre não usuárias, o índice foi de 2,1%. O uso de camas de bronzeamento artificial esteve ligado a aumento de 2,85 vezes no risco do câncer. Usuárias dos dispositivos desenvolveram melanoma com maior frequência em áreas do corpo protegidas do sol, como região lombar e nádegas, reforçando a ligação dos tumores exclusivamente com as câmaras. “Na exposição solar ao ar livre, talvez 20% da pele sofra os maiores danos. Em usuários de camas de bronzeamento artificial, observamos essas mesmas mutações perigosas em quase toda a superfície da pele”, alerta Gerami. 14 imagensFechar modal.1 de 14 O câncer de pele é o tipo de alteração cancerígena mais incidente no país, segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca). A enfermidade pode aparecer em qualquer parte do corpo e, quando identificada precocemente, apresenta boas chances de cura Peter Dazeley/Getty Images2 de 14 A exposição solar exagerada e desprotegida ao longo da vida, além dos episódios de queimadura solar, é o principal fator de risco do câncer de pele. Segundo o Inca, existem diversos tipos da doença, que geralmente são classificados como melanoma e não-melanoma Barcin/Getty Images3 de 14 Os casos de não-melanoma são mais frequentes e apresentam altos percentuais de cura. Além disso, esse é o tipo mais comum em pessoas com mais de 40 anos e de pele clara BSIP/UIG/Getty Images4 de 14 O melanoma, por sua vez, tem menos casos registrados e é mais grave, devido à possibilidade de se espalhar para outras partes do corpo. Por isso é importante fazer visitas periódicas ao dermatologista e questionar sobre sinais suspeitos JUAN GAERTNER/SCIENCE PHOTO LIBRARY/Getty Images5 de 14 Apesar de ser um problema de saúde que pode afetar qualquer pessoa, há perfis que são mais propensos ao desenvolvimento do câncer de pele, tais como: ter pele, cabelos e olhos claros, histórico familiar da doença, ser portador de múltiplas pintas pelo corpo, ser paciente imunossuprimido e/ou transplantado JodiJacobson/Getty Images6 de 14 Segundo especialistas, é importante investigar sempre que um sinal ou pinta apresentar assimetria, borda áspera ou irregular, duas ou mais cores, ter diâmetro superior a seis milímetros, ou mudar de tamanho com o tempo. Todos esses indícios podem indicar a presença de um melanoma kali9/Getty Images7 de 14 Os primeiros sinais de não-melanona tendem a ter aparência de um caroço, mancha ou ferida descolorida que não cicatriza e continua a crescer. Além disso, pode ter ainda aparência lisa e brilhante e/ou ser parecido com uma verruga Peter Dazeley/Getty Images8 de 14 O sinal pode causar coceira, crostas, erosões ou sangramento ao longo de semanas ou até mesmo anos. Na maioria dos casos, esse câncer é vermelho e firme e pode se tornar uma úlcera. As marcas são parecidas com cicatrizes e tendem a ser achatadas e escamosas Getty Images9 de 14 O câncer de pele geralmente aparece em partes do corpo onde há maior exposição ao sol, estando muito associada à proteção inadequada com filtros solares Callista Images/Getty Images10 de 14 De acordo com o Instituto Nacional do Câncer, o não-melanona tende a ser completamente curado quando detectado precocemente. Ele raramente se desenvolve para outras partes do corpo, mas se não for identificado a tempo, pode ir para camadas mais profundas da pele, dificultando o tratamento SCIENCE PHOTO LIBRARY/Getty Images11 de 14 O diagnóstico do câncer de pele é feito pelo dermatologista por meio de exame clínico. Em determinadas situações, pode ser necessária a realização do exame conhecido como “Dermatoscopia”, que consiste em usar um aparelho que permite visualizar camadas da pele não vistas a olho nu. Em situações mais específicas é necessário fazer a biópsia Noctiluxx/Getty Images12 de 14 Segundo o Ministério da Saúde, “a cirurgia oncológica é o tratamento mais indicado para tratar o câncer de pele para a retirada da lesão, que, em estágios iniciais, pode ser realizada sem internação” lissart/Getty Images13 de 14 Ainda segundo a pasta, “nos casos mais avançados, porém, o tratamento vai variar de acordo com a condição em que se encontra o tumor, podendo ser indicadas, além de cirurgia, a radioterapia e a quimioterapia” ALFRED PASIEKA/SCIENCE PHOTO LIBRARY/Getty Images14 de 14 Entre as recomendações para a prevenção do câncer de pele estão: evitar exposição ao sol, utilizar óculos de sol com proteção UV, bem como sombrinhas, guarda-sol, chapéus de abas largas e roupas que protegem o corpo. Além, é claro, do uso diário de filtro solar com fator de proteção solar (FPS) 15 ou mais franckreporter/Getty Images Alterações no DNA Em uma segunda fase da pesquisa, o grupo realizou sequenciamento de DNA de células individuais, focando nos melanócitos, células produtoras de pigmento onde o melanoma se inicia. As amostras de 11 pacientes com longo histórico de uso de camas de bronzeamento artificial foram comparadas às de nove pacientes sem o hábito. No total, 182 melanócitos individuais foram sequenciados. As análises mostraram que células da pele de usuários de bronzeamento artificial apresentavam quase o dobro de mutações quando comparadas às do grupo controle. Essas células também exibiam maior proporção de mutações associadas ao melanoma. Notícias
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