Geneticistas e bioengenheiros ingleses anunciaram, na terça-feira (10/10), que conseguiram editar os genes de galinhas para torná-las resitentes à gripe aviária.
O trabalho foi resultado de 3 décadas de investigações realizadas na mesma instituição que criou a ovelha Dolly, primeiro animal clonado com êxito no mundo, em meados dos anos 1990.
A pesquisa sobre a edição de genes das galinhas foi divulgada na revista Nature pelo Instituto Roslin da Universidade de Edimburgo. Eles usaram a técnica chamada CRISPR para alterar o DNA das galinhas ainda na fase embrionária.
O vírus da gripe aviária, H5N1, ao infectar as galinhas, busca uma proteína chamada ANP32A. Esta proteína é aproveitada pelo vírus para criar uma série de cópias dele mesmo. O trabalho dos cientistas foi alterar a proteína para que o vírus tenha dificuldades em localizá-la.

Resistência de 90% à gripe aviária
A expectativa era que a mudança criasse uma resistência total às infecções pelo vírus H5N1, mas se observou que a resistência desenvolvida foi de 90%. Isso sem que nenhuma função básica de vida do animal tivesse sido alterada com a modificação genética.
As galinhas modificadas geneticamente só foram infectadas quando expostas a uma concentração de vírus excessiva, superior à que poderia ser encontrada em qualquer ambiente com ventilação. Nos testes com galinhas que não tinham sido alteradas, 100% ficaram doentes ao serem expostas a essa quantidade de vírus.
A carga viral das aves modificadas era tão baixa a ponto de ser impossível transmitir a doença para outros animais. A expectativa é que com isso se diminua a circulação do vírus H5N1 e também as eventuais infecções em humanos.
Apesar da aparente vantagem, mais testes deverão ser feitos e os resultados das modificações analisados por agências reguladoras antes de estas galinhas serem comercializadas e produzidas em larga escala.
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