As causas dos transtornos de ansiedade não são completamente compreendidas pela medicina, mas algumas pesquisas recentes apontam que ela pode nascer dentro da nossa barriga. Uma microbiota intestinal desequilibrada favorece a expressão de sinais de medo e angústia característicos da condição, segundo um estudo feito por pesquisadores suecos.
A pesquisa foi publicada por neurologistas do Instituto Karolinska na revista científica PNAS em dezembro de 2023. No texto, eles detalharam o experimento feito com ratos usando a microbiota fecal de humanos. O transplante de fezes é feito até entre humanos para transferir bactérias de um organismo para o outro, buscando equilibrar a flora intestinal.
Transplante de fezes em ratos
Os 72 ratos tiveram sua flora intestinal natural eliminada com antibióticos e posteriormente foram divididos em dois grupos: um recebeu as fezes de pessoas com ansiedade e outro as de indivíduos que não manifestavam a condição. Depois do processo, eles foram observados socialmente e em exames por seis semanas.
Os camundongos que receberam matéria fecal de humanos com ansiedade passaram a manifestar maior fobia social, um distúrbio que causa ansiedade extrema e medo quando se interage com indivíduos desconhecidos.
Embora outros sintomas de ansiedade, como o suor ou a manifestação de hormônios inflamatórios, não tenham sido observados, para os pesquisadores foi clara a relação do impacto da microbiota intestinal no funcionamento do cérebro e na manifestação de ansiedade nos animais.

Tratamentos com microbiota intestinal
A pesquisa não pôde ser realizada entre humanos pelas limitações éticas envolvidas no estudo, mas os cientistas suecos acreditam que os resultados são um bom indicador do impacto que a flora intestinal têm na forma em que manifestamos a ansiedade. Eles esperam que, talvez em um futuro próximo, possamos tratar melhor a condição.
“As opções atuais de tratamento para o transtorno de ansiedade são limitadas e devemos buscar outras formas de abordá-la. A transferência de microbiota poderá ser uma aliada no futuro”, escrevem os pesquisadores.
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