A engenheira de materiais Letícia Ferreira Peres, de 29 anos, possui uma doença genética rara que leva ao acúmulo de gordura em locais específicos do corpo como o pescoço, o maxilar e a região das costas. Por outro lado, ela apresenta braços fortes, como se fosse adepta de alguma atividade física.
A condição se chama Lipodistrofia Parcial Familiar (LPF) e sua principal característica são alterações na apresentação do tecido adiposo no corpo. Os pacientes costumam apresentar acúmulo de gordura no rosto e no pescoço, enquanto as pernas e os braços são mais finos.
“Algumas pessoas com lipodistrofia parecem ter regiões musculosas no corpo. Na verdade, o tecido de gordura que deveria estar ali foi para outro lugar. O efeito causa a aparência de veias destacadas e de músculos em evidência”, explica a endocrinologista Natália Rossin Guidorizzi, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto.
Letícia conta que sempre foi magra, mas, na adolescência, suas pernas passaram a ser mais finas e as costas ficaram mais largas. “Nesta época, minha mãe também estava investigando a razão de características semelhantes no corpo dela”, afirma a jovem, que mora em Campinas, São Paulo.
O diagnóstico de lipodistrofia foi feito em 2009, quando uma das endocrinologistas consultadas sugeriu que mãe e filha participassem de um estudo clínico que estava sendo desenvovido Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto.
“A minha aparência sempre foi uma questão para mim. As pessoas perguntavam porque meu pescoço era grosso e questionavam se não era problema de tireóide”, conta a engenheira.

A endocrinologista Natália Rossin Guidorizzi, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, explica que, além do incômodo estético, a lipodistrofia provoca alterações metabólicas sérias.
Alguns pacientes apresentam altos níveis de colesterol, triglicerídeos e açúcar no sangue (glicose) que, se não foren controlados, podem resultar em diabetes. Em alguns casos, a gordura se armazena no fígado, pâncreas ou coração, o que pode acarretar problemas bastante graves.
Tratamento
Letícia se considera sortuda por ter sido diagnosticada cedo, pois sua mãe, por exemplo, sofreu complicações no fígado. Para tratar o problema, a engenheira toma medicamentos que controlam o açúcar no sangue.
Atualmente, ela segue uma dieta personalizada elaborada por uma nutricionista especializada em pessoas com diabetes. A jovem também pratica atividades físicas para manter os triglicérides em níveis normais.
“Entendo que minha doença não tem cura, mas tem tratamento. No geral, a lipodistrofia não me impede de nada. Passei a aceitá-la”, afirma.
Siga a editoria de Saúde no Instagram e fique por dentro de tudo sobre o assunto!