Características semelhantes às do Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) podem ter causado uma vantagem evolutiva na busca por comida na natureza, segundo estudo da Universidade da Pensilvânia, dos Estados Unidos.
A pesquisa, publicada na última quarta-feira (21/2) na revista Proceedings of the Royal Society, mostrou que indivíduos com dificuldade de se concentrar e inquietude desenvolvem estratégias mais eficazes na procura por alimentos do que pessoas com níveis de foco normais.
“Se essas características fossem de fato negativas, a seleção natural as teria abolido”, aponta o neurocientista David Barack, um dos autores do estudo, em entrevista ao jornal The Guardian.
Os pesquisadores reuniram 506 participantes para realizar o experimento com o auxílio de um programa de computador. Antes de iniciar o teste, todos responderam um questionário online para medir o nível de concentração e inquietação.
No computador, os participantes procuravam por frutas escondidas em um cenário que simulava uma floresta com arbustos e árvores. Segundo os resultados, os indivíduos com sintomas de TDAH tendiam a explorar novos locais e acabavam encontrando mais alimentos na plataforma online.

3 Cards_Galeria_de_Fotos (5)
O Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) é uma condição neurobiológica de causas genéticas que pode acometer pessoas em qualquer idade. É caracterizado, principalmente, por sintomas de desatenção
Adrian Swancar/Unsplash

****Foto-crianca-animada.jpg
Além disso, a impulsividade e inquietude são alguns dos sintomas mais frequentes entre as pessoas com TDAH. Apesar de ser mais comum em crianças e adolescentes, a condição também pode se manifestar em pacientes na vida adulta
Flashpop/ Getty Images

****Foto-pessoa-com-as-maos-na-cabeca-4.jpg
Os principais sintomas da TDAH são: dificuldade para prestar atenção em atividades escolares ou do trabalho, perder coisas necessárias para realizar atividades, parecer não escutar quando falam, evitar tarefas que exigem esforço mental, não seguir instruções e apresentar esquecimentos frequentes em atividades diárias
10’000 Hours/ Getty Images

****Foto-pessoa-com-as-maos-na-cabeca-5.jpg
Ainda podem ser sinais do transtorno: agitar as mãos, pés ou se remexer na cadeira, falar de forma exagerada, ter dificuldade em aguardar, interromper ou se meter em assuntos dos outros e dar respostas precipitadas antes das perguntas terem sido concluídas
Victor Dyomin/ Getty Images

****Foto-pessoa-com-as-maos-na-cabeca-2-1.jpg
Estar frequentemente “a mil”, agir como se estivesse “a todo o vapor” e abandonar a cadeira da sala de aula ou outras situações onde se espera que permaneça sentado também podem indicar a presença da TDAH
FG Trade/ Getty Images

****Ilustracao-de-um-cerebro.jpg
Segundo a Associação Brasileira do Déficit de Atenção (ABDA), questões hereditárias, alteração do funcionamento de neurotransmissores (principalmente dopamina e noradrenalina), são algumas das causas da TDAH
Dorling Kindersley/ Getty Images

****Foto-mulher-gravida-com-as-maos-na-barriga.jpg
Além disso, substâncias ingeridas na gravidez, exposição a chumbo, sofrimento fetal, deficiência hormonal e vitamínicas na dieta, por exemplo, podem influenciar no desenvolvimento do transtorno
Oscar Wong/ Getty Images

*****Foto-crianca-brincando.jpg
Segundo especialistas, quando o TDAH é diagnosticado precocemente, tratamentos medicamentosos e psicoterápicos minimizam os sintomas na vida adulta, fazendo com que o paciente se torne mais funcional dentro das expectativas do mundo
Linda Epstein/ Getty Images

****Foto-pessoa-com-as-maos-na-cabeca-3-1.jpg
Contudo, pessoas diagnosticadas tardiamente costumam notar o transtorno com a falta de atenção e concentração em atividades diárias, como estudos, trabalho, e dificuldades na realização de tarefas de rotina
skaman306/ Getty Images

****Foto-crianca-sentada-e-sendo-entrevistada-por-especialista.jpg
O diagnóstico, no entanto, não é tão simples e, muitas vezes, o TDAH pode ser confundido por leigos como falta de interesse, má educação ou desleixo. Por isso, psicólogo e psiquiatra devem ser procurados para fazer a avaliação correta
vgajic/ Getty Images

****Foto-mulher-com-crianca-no-loco-em-frente-a-uma-medica.jpg
O diagnóstico da condição é clínico. Durante entrevista com paciente e familiares, as queixas são ouvidas e prejuízos funcionais são analisados por especialistas, que determinarão se há ou não a presença do transtorno no indivíduo
The Good Brigade/ Getty Images
0
Para alguns voluntários, encontrar frutas na tela levava apenas um segundo, enquanto pessoas com níveis de concentração comuns levavam cinco segundos.
Os pesquisadores ponderam que a dificuldade de focar nem sempre é benéfica ou está ligada ao quadro de TDAH. Os resultados dos testes para diagnosticar o transtorno utilizados na pesquisa, por exemplo, não indicam necessariamente o quadro.
TDAH
O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade é o distúrbio comportamental mais comum na infância, e atinge cerca de 5% das crianças. Delas, 95% apresentam os sintomas antes dos 12 anos de idade — em geral, são os professores que observam as diferenças de comportamento que indicam a condição.
O diagnóstico é clínico, ou seja, não é possível detectar o transtorno com exames laboratoriais ou de imagem. Confira os principais sintomas:
- Desatenção a detalhes e erros;
- Alta distração;
- Desorganização;
- Dificuldade em sustentar atenção, parece não ouvir;
- Dificuldade com instruções, regras e prazos;
- Evita/reluta tarefas de esforço mental;
- Perde, esquece objetos;
- Não automatiza tarefas do cotidiano.
Siga a editoria de Saúde no Instagram e fique por dentro de tudo sobre o assunto!