Ter um emprego ou ocupação que estimule o cérebro ajuda a proteger a memória e a evitar o declínio cognitivo à medida que envelhecemos. A conclusão está em um estudo publicado na revista da Academia Americana de Neurologia nesta quarta-feira (17/4).
“Examinamos as demandas de vários empregos e descobrimos que a estimulação cognitiva no trabalho durante diferentes fases da vida (entre os 30, 40, 50 e 60 anos) estava associada a um risco reduzido de comprometimento cognitivo leve após os 70 anos”, disse a pesquisadora Trine Holt Edwin, do Hospital Universitário de Oslo, na Noruega.
A pesquisa acompanhou cerca de 7 mil pessoas de 305 profissões diferentes na Noruega, medindo o nível de estimulação cognitiva experimentada no trabalho ao longo da vida.
Os pesquisadores elencaram diferentes tipos de habilidades exigidas nos empregos e classificaram as tarefas como manuais rotineiras, cognitivas rotineiras, análises não rotineiras e interações interpessoais não rotineiras.
- Tarefas manuais rotineiras: exigem velocidade, controle sobre equipamentos e, muitas vezes, envolvem movimentos repetitivos, típicos do trabalho em fábrica;
- Tarefas cognitivas rotineiras: exigem precisão e exatidão de tarefas repetitivas, como contabilidade e arquivamento;
- Tarefas analíticas não rotineiras: referem-se a atividades que envolvem a análise de informações, o envolvimento no pensamento criativo e a interpretação de informações para terceiros;
- Tarefas interpessoais não rotineiras: referem-se a atividades que exigem relacionamentos interpessoais, que incluem a motivação e o treinamento de outras pessoas.
Ao comparar os diferentes níveis de estimulação cognitiva dos empregos, os pesquisadores descobriram que aqueles com trabalhos mais desafiadores mentalmente, como o realizado por professores e profissionais de relações públicas, apresentaram menor risco de comprometimento cognitivo leve após os 70 anos, em comparação com empregos com menos demanda cognitiva, com tarefas mais repetitivas.
“Esses resultados indicam que tanto a educação quanto o trabalho que desafia o cérebro durante a carreira desempenham um papel crucial na redução do risco de comprometimento cognitivo mais tarde na vida”, disse Trine, principal autora do trabalho.

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Manter o cérebro ativo com atividades estimulantes é uma das principais estratégias que colaboram com a memória. Veja dicas do que fazer!
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É importante que o cuidado com a memória seja diário. Por isso, antes de dormir, tente recordar das atividades que fez ao longo do dia
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***Quebra-cabeça
Pratique exercícios específicos para a memória, como jogos com palavras, sudoku, 7 erros, caça-palavras, dominó, palavras cruzadas ou montar um quebra-cabeças
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Consuma alimentos ricos em ômega 3, como sardinha, atum, salmão, chia, linhaça, castanhas, nozes e azeite de oliva. Eles contêm nutrientes que facilitam a memorização e evitam o esquecimento
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Utilizar a mão não dominante para realizar atividades como escrever, escovar os dentes, folhear um livro ou abrir uma porta, por exemplo, também pode ajudar na memória
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Mude a rota: vá ao trabalho por caminhos diferentes dos habituais, pois quebrar a rotina estimula o cérebro a pensar
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Consuma bebidas com cafeína – com parcimônia, claro -, como chá verde ou café, para manter o cérebro em alerta, facilitando a captação de informações e a memorização
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Mude a localização de alguns objetos que usa muito no dia a dia, como a lixeira e as chaves de casa
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Faça uma lista de compras sempre que for ao supermercado, mas procure não usá-la, tentando lembrar o que escreveu
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Tome banho de olhos fechados e tente lembrar o local em que ficam os itens do ambiente
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Tente ler um livro ou assistir a um filme e depois contar para alguém. Isso vai estimular a concentração e a memória
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Empregos estimulantes
Mesmo após serem isolados fatores como idade, sexo, escolaridade, renda e estilo de vida, o grupo com menor estimulação cognitiva no trabalho mostrou um risco 66% maior de desenvolver comprometimento cognitivo leve.
Os pesquisadores enfatizaram a importância da educação e de empregos que desafiam o cérebro ao longo da vida para reduzir o risco de problemas de memória e organização do pensamento mais tarde na vida. Eles recomendam que mais pesquisas sejam feitas para identificar as atividades ocupacionais mais benéficas para manter as habilidades cognitivas.
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