Perda da memória, dificuldade de se comunicar e manter a atenção são sinais bem conhecidos da demência. Cientistas da Universidade de Toronto, no Canadá, porém, defendem que a velocidade da fala também seja considerada nos testes de avaliação da saúde do cérebro.
Em um artigo científico publicado em 14 de fevereiro na revista Aging Neuropsychology and Cognition, os cientistas canadenses mostram evidências de que o declínio no ritmo de fala pode ser um indicador mais importante da saúde do cérebro do que a dificuldade em encontrar palavras.
“Nossos resultados indicam que mudanças na velocidade geral da fala podem refletir alterações no cérebro”, afirma o neurocientista Jed Meltzer, coautor do estudo.
Fala mais lenta indica risco de demência
Os pesquisadores analisaram as habilidades de fala de 125 adultos saudáveis com idades entre 18 e 90 anos. Os voluntários passaram por três avaliações diferentes.
Uma delas foi um jogo em que os participantes deveriam responder perguntas sobre as imagens apresentadas, ignorando palavras que ouviam em um fone de ouvido para distraí-los. O objetivo era testar a capacidade de reconhecer a imagem e lembrar do seu nome.
Por exemplo: ao olhar a foto de um esfregão, os participantes eram questionados se o nome do objeto terminava com “o”, enquanto escutavam a palavra “vassoura” como distração no fone de ouvido.

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Alzheimer é uma doença degenerativa causada pela morte de células cerebrais e que pode surgir décadas antes do aparecimento dos primeiros sintomas
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Por ser uma doença que tende a se agravar com o passar dos anos, o diagnóstico precoce é fundamental para retardar o avanço. Portanto, ao apresentar quaisquer sintomas da doença é fundamental consultar um especialista
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Apesar de os sintomas serem mais comuns em pessoas com idade superior a 70 anos, não é incomum se manifestarem em jovens por volta dos 30. Aliás, quando essa manifestação “prematura” acontece, a condição passa a ser denominada Alzheimer precoce
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Na fase inicial, uma pessoa com Alzheimer tende a ter alteração na memória e passa a esquecer de coisas simples, tais como: onde guardou as chaves, o que comeu no café da manhã, o nome de alguém ou até a estação do ano
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Desorientação, dificuldade para lembrar do endereço onde mora ou o caminho para casa, dificuldades para tomar simples decisões, como planejar o que vai fazer ou comer, por exemplo, também são sinais da manifestação da doença
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Além disso, perda da vontade de praticar tarefas rotineiras, mudança no comportamento (tornando a pessoa mais nervosa ou agressiva), e repetições são alguns dos sintomas mais comuns
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Segundo pesquisa realizada pela fundação Alzheimer’s Drugs Discovery Foundation (ADDF), a presença de proteínas danificadas (Amilóide e Tau), doenças vasculares, neuroinflamação, falha de energia neural e genética (APOE) podem estar relacionadas com o surgimento da doença
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O tratamento do Alzheimer é feito com uso de medicamentos para diminuir os sintomas da doença, além de ser necessário realizar fisioterapia e estimulação cognitiva. A doença não tem cura e o cuidado deve ser feito até o fim da vida
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Em outro teste, os voluntários deveriam descrever duas imagens complexas em 60 segundos para cada uma delas. Com a ajuda de um software de inteligência artificial, foi possível analisar o desempenho linguístico dos participantes.
O último teste avaliou a função executiva, que é a capacidade de administrar informações conflitantes, manter o foco e evitar distrações. A perda desta competência está associada ao aumento do risco de demência.
Assim, os pesquisadores descobriram que a habilidade de encontrar palavras para se comunicar piorava naturalmente com a idade, mas esse problema não indicava um processo de declínio cognitivo relacionado à demência. Por outro lado, a fala lenta foi associada a funções cerebrais mais fracas, um indicador crucial da saúde do cérebro.
“A velocidade da fala deve ser testada como parte de avaliações cognitivas padrão para ajudar os médicos a detectar o declínio cognitivo mais rapidamente e ajudar os idosos a apoiar a saúde do cérebro à medida que envelhecem”, considera Meltzer.
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