A crise climática pode ter efeitos devastadores na saúde e na sobrevivência de milhões de pessoas ao redor do mundo, alerta relatório publicado na terça-feira (13/11), na revista The Lancet. Especialistas no assunto estimam que as mortes ocasionadas pelo calor aumentarão 4,7 vezes nos próximos trinta anos se a temperatura continuar crescendo.
De acordo com o relatório, ondas de calor mais frequentes farão com que 525 milhões de pessoas sofram de insegurança alimentar entre 2041 e 2060, aumentando o risco global de desnutrição. “O mundo está avançando na direção errada”, afirmam os autores na publicação.
O 8º relatório anual da Lancet Countdown sobre saúde e alterações climáticas foi produzido por 100 especialistas de 52 instituições internacionais de pesquisa e agências das Nações Unidas (ONU), como a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Organização Meteorológica Mundial (OMM).
O documento afirma que as autoridades deram pouca atenção aos alertas anteriores sobre o impacto das mudanças climáticas na saúde e a situação segue se agravando.
Riscos reais
Em 2022, os indivíduos estiveram expostos a uma média de 86 dias de altas temperaturas potencialmente perigosas para a saúde. Desses, 60% ocorreram devido às alterações climáticas causadas pelo homem.

Saúde dos idosos
As pessoas com mais de 65 anos são as mais vulneráveis às mudanças climáticas. Entre os idosos, as mortes atribuídas ao aumento de temperaturas cresceram 47% na última década em comparação as registradas entre 1991 e 2000.
Os investigadores também concluíram que a exposição ao calor pode ter levado à perda de 490 bilhões de horas de trabalho em 2022, aproximadamente 42% a mais em relação ao período de 1991 a 2000.
Crescimento de doenças
Além disso, com a elevação da temperatura dos mares, aumentaram as áreas propícias para a proliferação de bactérias perigosas ao longo da costa. Os pesquisadores dão como exemplo a bactéria Vibrio, que causa doenças e morte em seres humanos todos os anos desde 1982.
“As projeções de um mundo 2°C mais quente revelam um futuro perigoso e são um lembrete sombrio de que o ritmo e a escala dos esforços de mitigação observados até agora têm sido lamentavelmente inadequados para salvaguardar a saúde e a segurança das pessoas”, afirma a diretora executiva da Lancet Countdown na University College London (UCL), Marina Romanello.
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