Recomeços: “Quero vê-lo crescer bem”, diz mãe de menino com hemofilia Ouvir 31 de dezembro de 2023 Encontrar machucados em um bebê que ainda não consegue se comunicar é sempre um motivo de extrema preocupação para os pais — a primeira justificativa que vem à cabeça é, normalmente, que alguém está maltratando seu filho. A empresária Juliana Mota Muller, 40 anos, percebeu o aparecimento de hematomas no filho mais novo, Matias, quando ele tinha apenas 6 meses de vida. O que ela não imaginava era que o bebê estava apresentando os primeiros sinais de um quadro de hemofilia A grave, uma doença que afeta principalmente pessoas do sexo masculino. “Eu achava que os meus dois filhos mais velhos estavam beliscando o Matias, com ciúmes da chegada do bebê em casa. Eles falavam que não. Nos dias de vacinação, as enfermeiras olhavam e questionavam porque meu filho tinha hematomas e eu não sabia responder”, afirma Juliana. Leia também Saúde Recomeços: “Transplante de medula foi presente de Natal”, diz paciente Saúde Recomeços: “Após 4 anos tentando, em 2023 tive filho sem fazer FiV” Saúde Recomeços: “Transplante de coração me deu nova chance”, diz fazendeiro Saúde Pai decide estudar medicina após descobrir hemofilia do filho Aos 11 meses de idade, quando Matias (hoje com 2 anos e 11 meses) começou a engatinhar, um novo sintoma surgiu. Sangramentos nos joelhos e nas articulações se tornaram frequentes e preocupantes. “Cheguei a achar que o meu filho tinha leucemia e fiquei desesperada”, conta a mãe do menino. Preocupados, os pais levaram Matias em uma hematologista, que pediu uma bateria de exames. No momento da coleta do sangue, ele teve um sangramento desproporcional no braço e acabou perdendo a mobilidade do membro no dia seguinte. “Com o sangramento, ele ficou muito pálido, o braço foi inchando. Parecia um bebê de cera. O braço não mexia e fiquei muito preocupada”, lembra Juliana. Foi então que o menino foi diagnosticado com hemofilia A grave. Matias Muller 6 Matias foi diagnosticado com hemofilia A grave aos 11 meses de vida Juliana Mota Muller/ Arquivo pessoal Matias Muller 7 Os hematomas no corpo eram recorrentes Juliana Mota Muller/ Arquivo pessoal Matias Muller (2) O menino tinha uma vida com idas constantes ao hospital Juliana Mota Muller/ Arquivo pessoal Matias Muller (3) Um tratamento mais moderno deu ao menino uma nova perspectiva de vida Juliana Mota Muller/ Arquivo pessoal Matias Muller (1) Ele entrará na escola em 2024 Juliana Mota Muller/ Arquivo pessoal Voltar Progredir 0 Hemofilia A hemofilia é um distúrbio na coagulação do sangue, processo necessário para interromper os sangramentos. Existem dois tipos da doença genética-hereditária (a hemofilia A e B), e ambas fazem com que haja a produção menor das proteínas responsáveis pela coagulação. Pacientes com a condição são mais predispostos a sangramentos, que podem ser espontâneos ou ocasionados pelos mínimos traumas. No caso de Matias, eles surgiam simplesmente por encostar no berço e na cadeirinha ou ao se desequilibrar e cair sobre um brinquedo. Embora seja uma doença considerada rara, dados da Federação Mundial de Hemofilia mostram que o Brasil tem cerca de 13 mil portadores da doença, a quarta maior população do mundo. A hemofilia A ocorre quando o portador tem deficiência na quantidade e/ou qualidade do fator 8 de coagulação do sangue. No tipo B, existe uma alteração no fator 9 da coagulação do sangue. Existem 13 tipos de fatores de coagulação, e eles são os principais responsáveis pelo estancamento do sangue, de acordo com a Universidade Aberta do Sistema Único de Saúde (Una-SUS). Sintomas Os sintomas da hemofilia dependem da gravidade do quadro – que varia entre leve, moderado e grave. Os pacientes podem apresentar desde dificuldade para estancar o sangue até sangramentos espontâneos nas articulações e músculos, além de machucados expostos, manchas roxas e o surgimento de hematomas sem explicação pelo corpo. Tratamento O tratamento para hemofilia é feito com a reposição do fator de coagulação deficiente através de concentrados de fator oito para hemofilia A, ou nove, para hemofilia B. O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece os medicamentos para a prevenção de complicações da doença. Eles são distribuídos aos centros de tratamento de hemofilia de cada unidade da Federação. O medicamento com aplicação diária e intravenosa melhorou a condição de Matias, clareando as manchas, mas os hematomas continuavam a aparecer. Ele passou a tomar duas medicações, para os fatores 8 e 7 – este, para segurar o sangramento. “Nós vivíamos no hospital. O meu filho era furado todos os dias para tomar as medicações, e mesmo assim não segurava o sangramento”, lembra Juliana. A família recorreu a uma nova opção de tratamento com o emicizumab, adquirido a partir de um processo de judicialização. O medicamento é um anticorpo bi-específico direcionado para os fatores 9a e 10, e alternativa ao fator 8 no restabelecimento do processo de coagulação. O remédio é usado a cada 15 dias com injeções subcutâneas (semelhante à aplicação de insulina). A mudança de medicamento deu ao menino uma nova perspectiva de vida, com a possibilidade de brincar como qualquer outra criança da mesma idade e começar a frequentar a escola em 2024. “Hoje, o meu filho tem qualidade de vida, o organismo dele funciona. Não tenho medo de deixar o Matias descer em um escorregador, brincar no pula-pula, ou entrar na escola”, afirma a mãe. Desejo para 2024 Juliana espera que, no próximo ano, a forma de conseguir a medicação seja mais fácil para pacientes com o mesmo quadro de Matias, assim como é a distribuição do fator oferecido pelo SUS. “Espero que o meu filho continue a ter essa qualidade de vida, sem sequelas futuras”, afirma. Siga a editoria de Saúde no Instagram e fique por dentro de tudo sobre o assunto! Notícias
Notícias Dengue: governo faz alerta contra automedicação e tratamentos caseiros 26 de março de 2024 O Ministério da Saúde fez um alerta nesta terça-feira (26/3) contra os tratamentos caseiros e a automedicação em pacientes com dengue. A pasta destacou que as condutas podem piorar os quadros de pessoas com a doença, aumentando inclusive o risco de morte. Leia também Distrito Federal Epidemia: DF registra, em… Read More
Correr envelhece o rosto? Entenda os efeitos e como evitá-los 11 de dezembro de 2023 A corrida costuma ser a primeira opção para quem tenta abandonar o sedentarismo, uma vez que pode ser praticada em parques e ruas, não exigindo gastos elevados do praticante. Apesar de ser uma modalidade interessante, ela também tem efeitos colaterais. Um deles é o envelhecimento do rosto. “Sempre digo para… Read More
Notícias Entenda problema cardíaco da filha caçula de Juliano Cazarré 21 de outubro de 2023 Letícia Cazarré, esposa do ator Juliano Cazarré, usou as redes sociais na sexta-feira (20/10), para pedir orações para a fila caçula do casal, Maria Guilhermina, de 1 ano. A menina está com febre e apresenta frequência cardíaca instável. A sexta filha do casal vem sendo acompanhada por seis médicos e… Read More