Quando o café deixa de ser benéfico à saúde e vira vício? Ouvir 23 de abril de 2024 Uma xícara logo pela manhã, um cafezinho com os colegas ou amigas: relaxa, anima, e é um elo de conexão social. Enfim, a infusão marrom-escuro é parte inalienável da vida de muita gente. Mas o café “pode definitivamente criar dependência”, alerta o toxicologista Carsten Schleh, autor do livro Die Wahrheit über unsere Drogen (A verdade sobre as nossas drogas). Diversos estudos chegam à mesma conclusão, ao ponto de o distúrbio de consumo de cafeína (caffeine use disorder) ser atualmente um diagnóstico médico reconhecido. Segundo a revista Psychopharmacology, o café é a droga psicoativa mais consumida do mundo. Leia também Saúde Cafeína: o que acontece com o corpo se tomar suplemento diariamente Claudia Meireles É saudável? Descubra o que acontece se você beber café diariamente Claudia Meireles Descubra qual é o horário mais saudável para tomar café da manhã Vida & Estilo Descubra se tomar café com creatina anula o efeito do suplemento O país onde se consome mais café é Luxemburgo, com 8,5 quilos per capita anuais. Na Alemanha, essa cifra é de 4,8 quilos, acima dos 4,5 quilos por ano do Brasil. É possível que nos próximos anos o consumo vá cair, já que as mudanças climáticas ameaçam sua produção e colheita, fazendo subirem os preços. No momento, contudo, a tendência vai na direção de alta. O que contém o café? O café é uma mistura complexa de mais de mil substâncias, entre as quais polifenóis, corantes e flavorizantes naturais, vitamina B e magnésio. No entanto, o que torna seus grãos tão cobiçados é o alcaloide cafeína, também presente nas favas de cacau e em grande quantidade nos energy drinks. Certas folhas de chá contêm teína, uma substância quase idêntica. Entre 15 a 30 minutos após o primeiro gole, a cafeína chega ao cérebro, onde se conecta aos receptores de adenosina. A adenosina tem como função bloquear a liberação de neurotransmissores como dopamina e noradrenalina, ela “põe o cérebro para dormir, deixa a gente cansada e preguiçosa”, explica Schleh. Ao se conectar a esses receptores e bloqueá-los, a cafeína impede a ação tranquilizante e adormecedora da adenosina, deixando o organismo desperto. O efeito positivo, então, é que “o café estimula a tensão arterial, deixando mais disposto, ágil e produtivo”. Quando o café vira vício? Assim como muitas outras substâncias psicoativas, a cafeína também eleva a liberação de dopamina, apelidada “hormônio da felicidade” por seu efeito físico estimulante. E essa ação é ainda potencializada pelo fato de os receptores da adenosina já estarem bloqueados pela cafeína. Isso também desencadeia efeitos fisiológicos: “Quando se bebe muito café, formam-se novos receptores de adenosina”, e com isso a demanda dessa substância calmante aumenta, diz Schleh. A falta da bebida pode resultar em cansaço e irritabilidade, e outros sintomas de abstenção são: dores de cabeça, falta de concentração, prostração e insatisfação. O toxicologista desfaz a ilusão: “A sensação deliciosa, relaxante da primeira xícara de café matinal também se deve ao abrandamento desses sintomas de privação.” Com o café, “a dose faz o veneno” Apesar de seu potencial de criar dependência, um consumo moderado de café não é prejudicial para adultos saudáveis: “A dose é que faz o veneno”, resume Schleh. A Autoridade Europeia para Segurança Alimentar (EFSA) recomenda um máximo de 400 miligramas de cafeína ao longo do dia, ou seja, de duas a cinco xícaras, dependendo do tamanho. Gestantes não devem exceder os 200 miligramas diários. Dentro desses limites, a infusão tem francas vantagens para a saúde, sendo associada a uma menor probabilidade de diabetes 2, moléstias cardíacas, câncer hepático e uterino, de doença de Parkinson e depressão. Quem reage à retirada do café com sintomas como tremores, suor frio ou ansiedade depressiva, pode estar sofrendo de dependência de cafeína. Como durante muito tempo ela não foi reconhecida como vício, é comum os afetados não serem devidamente levados a sério. Carsten Schleh aconselha que quem ingere cafeína acima dos limites recomendados vá reduzindo o consumo gradativamente. Como “a cafeína é uma das drogas mais inofensivas”, raramente é preciso uma privação radical, a qual, além de potencialmente envolver sintomas bem desagradáveis, aumenta o risco de uma recaída. Siga a editoria de Saúde no Instagram e fique por dentro de tudo sobre o assunto! Notícias
Mulher inglesa acorda com sotaque diferente. Entenda síndrome rara 19 de março de 2024 Zoe Coles, uma mulher inglesa de 36 anos, afirma ter acordado de um dia para o outro em 2023 com um sotaque diferente do seu. Ela, que nunca visitou Gales, no interior do Reino Unido, começou a falar como as pessoas da região. A jovem gravou uma série de vídeos… Read More
Notícias Geriatras explicam quando é necessário contratar um cuidador de idosos 8 de maio de 2024 Envelhecer é um processo que leva a uma perda progressiva da autonomia, ainda mais com o acúmulo de problemas de saúde que vêm com a idade. Com a população vivendo cada vez mais, cresce a quantidade de pessoas que precisam de auxílio em tempo integral. Em alguns casos, os familiares… Read More
Notícias Imagens mostram detalhes inéditos de um milímetro do cérebro humano 10 de maio de 2024 Em parceria com o Google Research, pesquisadores da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, conseguiram mapear um milimetro cúbico de tecido cerebral de um paciente com epilepsia. Apesar de o tamanho parecer minúsculo, é mais complexo do que se imagina: são 57 mil células, 230 milímetros de vasos sanguíneos e… Read More