Em julho de 2023, às 27 semanas de gestação, a inglesa Becky Prout, 31 anos, começou a apresentar sinais estranhos que assustaram seus familiares. A jovem passou a falar com sotaque americano e a ter acessos de raiva e comportamento infantil. Dias depois, teve convulsões.
No hospital, a recepcionista precisou ser sedada por estar extremamente violenta — os médicos não conseguiam deixá-la parada para fazer os exames e definir qual era o problema. Só uma semana depois do início dos sintomas, o diagnóstico foi feito: Becky tem encefalite anti-NMDA, doença autoimune conhecida como “cérebro em chamas”.
A doença autoimune é rara e grave, mas tratável, e atinge geralmente mulheres na casa dos 20 anos. O gatilho desta condição é a presença de anticorpos anti-receptores NMDA no sistema nervoso central e eles geralmente aparecem no corpo associados a teratomas ovarianos.
Os teratomas são tumores no ovário que geralmente apresentam um crescimento lento. No caso da encefalite, os anticorpos que deveriam estar atacando o tumor passam a atingir o cérebro, causando os sintomas psiquiátricos e neurológicos.
Os teratomas foram encontrados no ovário direito de Becky e removidos. Porém, ainda assim, o cérebro continuou sob ataque. Como se trata de uma doença autoimune, o tratamento é feito em sua maioria com corticoides combinados com imunoglobulinas (anticorpos adaptados para não atacar o corpo).

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Doença autoimune atingiu o cérebro de Becky e causou sintomas de paranoia
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A recepcionista precisou ter seu parto induzido pois a encefalite ameaçava também a saúde do bebê
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Os primeiros sintomas apareceram na 27ª semana de gestação da jovem
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O marido de Becky, Chad Mailing, diz que a família ainda não entende exatamente quais são as consequências da encefalite na esposa
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Por medo de como a doença autoimune poderia atingir o bebê, os médicos decidiram fazer uma cesariana antecipada às 31 semanas de gestação. Becky ficou oito semanas em coma e só voltou a falar e a comer alimentos líquidos após três semanas desperta, o que ocorreu no final de outubro. Ela, porém, não está totalmente recuperada.
“A memória de curto prazo dela foi muito afetada e não temos certeza se ela entende o que aconteceu ou mesmo se reconhece o filho”, lamenta Haven Mayer, amiga da família, que está organizando uma campanha de financiamento on-line para arrecadar dinheiro para o tratamento da jovem.
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