Esteatose: o que é a gordura no fígado, quais os riscos e como tratar Ouvir 19 de outubro de 2025 Apesar do nome difícil, a esteatose hepática está presente na vida de cerca de 30% da população mundial. A doença é causada por acúmulos de gordura no fígado superiores a 5% da massa do órgão. Embora muita gente a trate como um mal menor, a esteatose aumenta o risco de cirrose, diabetes e até de câncer no fígado. O fígado exerce funções vitais no organismo. Ele filtra o sangue, elimina toxinas, regula a coagulação, metaboliza gorduras e medicamentos, além de produzir proteínas. Quando a gordura se acumula em excesso nesse órgão, essas funções ficam comprometidas. Leia também Saúde Sono detox: veja chá que ajuda a relaxar e ainda desinflama o fígado Saúde Beber café ajuda a reduzir a gordura no fígado? Saiba quanto tomar Saúde Para tomar antes de dormir: chá ajuda a “limpar” a gordura no fígado Claudia Meireles Como saber se estou com gordura no fígado? Hepatologista responde Em estágios iniciais, a condição é silenciosa. Mas, se não for tratada, pode evoluir para doenças graves. É apenas nestes quadros que aparecem os sintomas: o paciente pode apresentar dor no lado direito do abdômen, fadiga, olhos amarelados e aumento do volume abdominal. “Por não causar sintomas, muitos não buscam ajuda. É uma epidemia silenciosa que precisa ser enfrentada. Cerca de 25% dos pacientes com esteatose evoluem para hepatite por gordura e, depois, para fibrose ou cirrose. Também há risco de desenvolverem carcinoma hepatocelular, o câncer de fígado”, alerta Bianca Della Guardia, hepatologista e coordenadora clínica do Transplante de Fígado da Rede D’Or. O que é gordura no fígado? Popularmente chamada de gordura no fígado, a esteatose hepática acontece quando as células do órgão acumulam gordura em excesso. Nos estágios iniciais, a condição costuma ser silenciosa e não apresenta sintomas evidentes. À medida que progride, porém, podem surgir dores abdominais na parte superior direita do abdômen, cansaço, fraqueza, perda de apetite, aumento do fígado, inchaço na barriga, dor de cabeça frequente e dificuldade para perder peso. As principais causas estão relacionadas à obesidade, ao diabetes, ao colesterol alto e ao consumo excessivo de álcool. A doença é mais comum em mulheres sedentárias, já que o hormônio estrogênio favorece o acúmulo de gordura no fígado. Ainda assim, pessoas magras, que não bebem, e até crianças também podem desenvolver a condição. Esteatose associada ao câncer hepático A Comissão Lancet sobre câncer de fígado apontou em um estudo publicado em agosto que 60% dos casos da doença (o terceiro tipo de tumor mais fatal do mundo) podem ser evitados com o controle de fatores de risco, incluindo a esteatose. “A forma grave da gordura no fígado, a MASH, é hoje uma das causas que mais crescem entre os cânceres hepáticos”, observa o oncologista Ramon Andrade de Mello, da High Clinic Brazil. A projeção da comissão indica que os casos de câncer de fígado ligados à esteatose devem aumentar em 11% até 2050. “O aumento da gordura hepática está ligado diretamente ao estilo de vida moderno, com dietas pobres e sedentarismo. É preciso agir agora para evitar que essa condição continue avançando”, conclui Ramon. 8 imagensFechar modal.1 de 8 Câncer no fígado é uma espécie de tumor maligno e, muitas vezes, bastante agressivo, que se origina nas células que formam o fígado, como hepatócitos, canais biliares ou vasos sanguíneos SEBASTIAN KAULITZKI/SCIENCE PHOTO LIBRARY / Getty Images2 de 8 Entre os fatores que podem aumentar o risco do câncer de fígado estão: cirrose hepática, gordura no fígado ou uso de anabolizantes Peter Dazeley/ Getty Images3 de 8 Os sintomas costumam surgir nos estágios mais avançados da doença, e incluem dor no abdômen, inchaço da barriga, enjoo, perda do apetite e de peso, sem causa aparente, cansaço excessivo e olhos amarelados MediaProduction/ Getty Images4 de 8 Segundo levantamento realizado pelo Instituto Nacional de Câncer (Inca), o câncer de fígado foi o sexto tipo da doença que mais matou homens no Brasil, em 2020. Entre as mulheres, foi o sétimo boonchai wedmakawand/ Getty Images5 de 8 O câncer de fígado costuma ser identificado através de exames como o ultrassom ou tomografia, capazes de detectar um ou mais nódulos na região bojanstory / Getty Images6 de 8 O tratamento é feito com cirurgia, radioterapia ou quimioterapia, a depender do tamanho e da gravidade de cada caso, e as chances de cura são maiores quando o tumor é identificado precocemente, assim como em qualquer outro tipo de câncer Witthaya Prasongsin/ Getty Images7 de 8 Segundo o Inca, “quando o tumor está restrito a uma parte do fígado (tumor primário), a remoção cirúrgica é o tratamento mais indicado. Assim como no caso dos tumores hepáticos metastáticos, em que a lesão primária foi ressecada ou é passível de ser ressecada de maneira curativa” SEBASTIAN KAULITZKI/SCIENCE PHOTO LIBRARY/ Getty Images8 de 8 Quando já não é possível alcançar a cura do câncer no fígado, no entanto, o tempo de sobrevida é de aproximadamente 5 anos, mas esse valor pode variar de acordo com o grau de desenvolvimento da doença e outras doenças do paciente Peter Dazeley/ Getty Images Diagnóstico precoce é fundamental A doença está associada a fatores metabólicos, como obesidade, diabetes tipo 2, hipertensão e colesterol alto. “Pacientes magros também podem apresentar a condição, especialmente quando há predisposição genética”, acrescenta Bianca. Mesmo sem sintomas, o acúmulo de gordura pode ser identificado por ultrassonografia abdominal ou por exames de sangue que avaliam enzimas hepáticas. A hepatologista da Rede D’Or São Luiz recomenda incluir esses testes nos check-ups anuais, principalmente entre pessoas com fatores de risco. A sensibilidade do ultrassom é limitada para graus leves e em pacientes obesos, casos em que é necessária a ressonância magnética. Em situações mais complexas, exames como elastografia (procedimento que utiliza o ultrassom para medir a elasticidade do fígado) ou biópsia ajudam a medir a fibrose e avaliar o estágio da doença. “Ao detectar alterações, o acompanhamento com especialista é essencial para evitar complicações”, explica Bianca. Nos casos crônicos, a progressão da esteatose pode levar a insuficiência hepática e até à necessidade de transplante. Por isso, o diagnóstico precoce ainda é a forma mais eficaz de prevenir complicações graves. Mudança de hábitos é parte do tratamento O tratamento tem como base a adoção de um estilo de vida saudável. A reeducação alimentar, a prática de exercícios e o controle de doenças metabólicas são pilares para a recuperação do fígado. “A perda de mais de 10% do peso corporal já pode reverter inflamações e reduzir a fibrose, principal evolução negativa da doença”, explica o hepatologista Marcio Dias de Almeida, da Rede D’Or. Medicamentos são indicados apenas em casos específicos. A FDA, agência de saúde dos Estados Unidos, aprovou recentemente a primeira droga voltada ao tratamento da esteatose metabólica avançada, usada junto a dieta equilibrada e atividade física. Especialistas defendem que o controle do peso, a alimentação balanceada e a redução do consumo de álcool são medidas simples, mas capazes de mudar o panorama da doença. Siga a editoria de Saúde e Ciência no Instagram e fique por dentro de tudo sobre o assunto! Notícias
Notícias Conheça 5 efeitos do álcool no corpo de quem pratica exercício físico 24 de fevereiro de 2024 A discussão sobre os efeitos do consumo de álcool por quem treina é longa. Algumas pessoas defendem que a transpiração resultante do exercício pode ajudar a eliminar as toxinas do álcool, outras acreditam que o álcool não combina com exercícios físicos. O nutrólogo Ronan Araújo comenta cinco efeitos do álcool… Read More
Notícias Estudo descobre quanta informação é enviada em cada sinapse do cérebro 5 de junho de 2024 O cérebro humano é uma máquina complexa: a todo momento, são feitas trilhões de conexões entre os neurônios, que trocam informações por meio das sinapses, e garantem o bom funcionamento do organismo. Porém, esse processo é mais eficiente do que a ciência estimava. De acordo com um estudo publicado em… Read More
Notícias Ajuda a emagrecer? Veja 3 benefícios de tomar vinagre de maçã todo dia 10 de janeiro de 2025 A fama do vinagre de maçã como um aliado do emagrecimento só cresce, especialmente a partir da divulgação dos resultados de pesquisas que mostram os benefícios da inclusão desse alimento fermentado na dieta. Em um dos estudos mais recentes, cientistas da Universidade Tecnológica de Beirute, no Líbano, recrutaram 120 adolescentes… Read More