Um estudo conduzido por pesquisadores da Universidade Queen Mary de Londres, no Reino Unido, traz novas evidências de que os vírus respiratórios podem provocar sintomas a longo prazo. A condição vem sendo chamada de “Gripe longa” por ser semelhante à Covid longa, quadro em que há sequelas da doença após a infecção pelo coronavírus.
Tosse, dor de estômago e diarreia são alguns dos sintomas persistentes mais comuns entre as pessoas com gripe prolongada. Eles tendem a ser relatados por, em média, 11 semanas após a infecção.
“Tanto as infecções respiratórias agudas causas pelo Sars-CoV-2 (coronavírus) quanto as provocadas por outros patógenos estão associadas a uma ampla gama de sintomas mais de quatro semanas após a infecção aguda”, afirmam os autores do estudo, em artigo publicado em 6 de outubro, na revista eClinical Medicine, da The Lancet.
Os pesquisadores do Reino Unido analisaram os dados de saúde de 10.171 indivíduos, incluindo pessoas com diagnóstico prévio de Covid-19, de outra infecção viral ou sem nenhuma infecção recente, para fins de comparação.
Eles analisaram a recorrência de 16 sintomas comumente apresentados por pacientes da Covid longa, como fadiga, falta de ar, dores musculares e tontura, entre os três grupos.
De acordo com os resultados, todos os sintomas considerados foram mais comuns em pacientes que passaram pela Covid-19, mas também apareceram com frequência nos relatos de pessoas que viveram outras infecções virais respiratórias. Já os entrevistados que não tiveram nenhuma doença praticamente não relataram os sintomas.
Nova doença
“As nossas descobertas sugeriram a existência de uma ‘constipação prolongada’: efeitos duradouros na saúde decorrentes de outras infecções respiratórias, como constipações, gripes e pneumonias, que atualmente não são reconhecidos”, contou a pesquisadora Giulia Vivaldi, principal autora do estudo, à revista The Conversation.

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Sem ter um nome definitivo, o conjunto de sintomas que continua após a cura da infecção pelo coronavírus é chamado de Síndrome Pós-Covid, Covid longa, Covid persistente ou Covid prolongada
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Denominam-se Covid longa os casos em que os sintomas da infecção duram por mais de 4 semanas. Além disso, alguns outros pacientes até se recuperam rápido, mas apresentam problemas a longo prazo
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Um dos artigos mais recentes e abrangentes sobre o tema é de um grupo de universidades dos Estados Unidos, do México e da Suécia. Os pesquisadores selecionaram as publicações mais relevantes sobre a Covid prolongada pelo mundo e identificaram 55 sintomas principais
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Entre os 47.910 pacientes que integraram os estudos, os cinco principais sintomas detectados foram: fadiga, dor de cabeça, dificuldade de atenção, perda de cabelo e dificuldade para respirar
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A Covid prolongada também é comum após as versões leve e moderada da infecção, sem que o paciente tenha precisado de hospitalização. Cerca de 80% das pessoas que pegaram a doença ainda tinham algum sintoma pelo menos duas semanas após a cura do vírus
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Além disso, um dos estudos analisados aponta que a fadiga após o coronavírus é mais comum entre as mulheres, assim como a perda de cabelo
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Especialistas acreditam que a Covid longa pode ser uma “segunda onda” dos danos causados pelo vírus no corpo. A infecção inicial faz com que o sistema imunológico de algumas pessoas fique sobrecarregado, atacando não apenas o vírus, mas os próprios tecidos do organismo
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Por enquanto, ainda não há um tratamento adequado para esse quadro clínico que aparece após a recuperação da Covid-19. O foco principal está no controle dos sintomas e no aumento gradual das atividades do dia a dia
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Apesar de uma total recuperação da doença, estudos recentes da Universidade de Washington em Saint Louis, nos Estados Unidos, alertam que qualquer pessoa recuperada da Covid-19 pode sofrer complicações no ano seguinte à infecção, uma covid longa
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Foram analisados os dados de 150 mil pessoas que tiveram Covid-19 para chegar às complicações mais comuns
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O risco de ter um ataque cardíaco, por exemplo, é 63% maior para quem já teve a infecção. A chance de doença arterial coronariana sobe para 72%, e para infarto, 52%
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Também chama a atenção dos cientistas o aumento da quantidade de pacientes com depressão e ansiedade
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O estudo também registrou casos de Doença Arterial Coroniana, falência cardíaca, coágulos sanguíneos, batimentos irregulares e embolia pulmonar
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Os quadros de infecção grave parecem aumentar o risco de desenvolvimento de sintomas a longo prazo. No entanto, os autores ainda não conseguiram esclarecer porque algumas pessoas sofrem de “gripe longa” e outras não.
“A falta de conhecimento, ou mesmo a falta de um termo comum, como “resfriado prolongado” ou “gripe prolongada”, impeden tanto a notificação quanto o diagnóstico dessas condições. E as pessoas que relatam um resfriado prolongado ainda podem ter dificuldade para obter um diagnóstico, devido à ampla gama de sintomas e à falta de testes de diagnóstico”, afirma Giulia.
Estudos anteriores com outros vírus respiratórios
Estudos anteriores, feitos durante o surto passado de síndrome respiratória do Médio Oriente (Mers) e da pandemia de síndrome respiratória aguda grave (Sars), já haviam mostrado os impactos a longo prazo das infecções virais. Pacientes ficaram com a função pulmonar, qualidade de vida e saúde mental prejudicadas a longo prazo.
Algumas pessoas hospitalizadas com Influenza A – também conhecida como gripe suína – relataram problemas respiratórios e psicológicos por pelo menos dois anos após a alta hospitalar.
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