Mãe conta como filho convive com a hemofilia: “Não assusta mais” Ouvir 12 de abril de 2024 Três dias depois de seu filho nascer, Elenilce Nascimento, hoje com 44 anos, ouviu que seria necessário amputar a mão do bebê. Naquele momento, os médicos não sabiam que Athos, que completa 10 anos nesta sexta-feira (12/4), tinha hemofilia. A equipe do hospital tinha feito uma primeira coleta para a realização de exames e, na região onde o sangue foi retirado, surgiu um hematoma tão grande que causou uma necrose na mão do recém-nascido. “Os médicos não entendiam o que estava acontecendo, por que a mão dele tinha ficado preta. Disseram que seria realizada uma cirurgia de emergência para tentar preservar os movimentos da mão e que, se não resolvesse, o jeito seria amputá-la”, conta a mãe. Após esse susto inicial, Athos recebeu o diagnóstico de hemofilia. Ali, Elenilce e a criança iniciaram uma jornada de cuidados para a vida inteira. Leia também Guilherme Amado Bayer diz a Lula que produzirá com Hemobrás novo remédio de hemofilia Saúde Pai decide estudar medicina após descobrir hemofilia do filho Saúde Recomeços: “Quero vê-lo crescer bem”, diz mãe de menino com hemofilia Brasil Lula recorda Betinho ao inaugurar fábrica de remédios contra hemofilia O que é a hemofilia? A hemofilia é uma doença hereditária que acomete quase sempre meninos. Ela altera os fatores de coagulação sanguínea, impedindo que o processo de recuperação de sangramentos ocorra direito. A coagulação ocorre em etapas. Nos pacientes hemofílicos, uma das etapas do processo não ocorre. Athos tem a hemofilia do tipo A, na qual o problema se dá no fator VIII da coagulação. “Nos casos de hemofilia grave, é preciso fazer a reposição do fator de coagulação o mais rápido possível”, explica a hematologista Alessandra Prezotti, coordenadora do ambulatório do Centro Estadual de Hemoterapia e Hematologia Marcos Daniel Santos (HEMOES), no Espírito Santo. O caso de Athos Antes do nascimento do filho, Elenilce nunca tinha ouvido falar em hemofilia, mas foi obrigada a aprender tudo para manter seu bebê seguro. A cirurgia que ele fez na primeira semana de vida conseguiu manter o movimento da mão, mas aquele era apenas o início da batalha. Antes de completar um ano, Athos machucou a cabeça brincando no berço e apareceu um enorme hematoma no local. O que seria um incidente normal levou a criança a ficar internada por 20 dias com os médicos fazendo aplicações a cada hora de fatores de coagulação. A resposta do organismo do bebê ao tratamento tradicional era ruim. As constantes infusões intravenosas tornavam os acessos cada vez mais complexos, obrigando a criança a receber doses cada vez maiores de anticoagulantes. Naquele momento se descobriu que o corpo de Athos produzia inibidores de coagulação. O sistema imune dele não reconhecia as células injetadas para promover a coagulação e as atacava, impedindo o tratamento. A hematologista explica que não é raro que os pacientes desenvolvam essa resistência à abordagem padrão. “Casos assim, nos quais há a inibição, são mais frequente na hemofilia A e a solução é fazer uso de outros medicamentos para controlar os sangramentos”, explica Prezotti. Para a hemofilia A com inibidor, há uma medicação subcutânea – o emicizumabe – que faz o papel do fator 8. O medicamento é aplicado por injeção a cada 15 dias e está incluído entre os tratamentos oferecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Athos hemofilia grave sangramentos (4) Athos foi orientado a fazer aulas de natação desde pequeno para lidar com problemas nas articulações Reprodução/Acervo pessoal Athos hemofilia grave sangramentos (3) Quando tinha cinco anos, Athos teve de usar muletas por 9 meses Reprodução/Acervo pessoal Athos hemofilia grave sangramentos (2) A mãe dele, Elenilce, se dedica integralmente aos cuidados com o filho Reprodução/Acervo pessoal Voltar Progredir 0 Vida após o tratamento Quando conseguiu estabilizar a doença, Athos passou a ter uma qualidade de vida semelhante a outras crianças. Porém, os primeiros anos de vida com sangramentos frequentes nas articulações geraram consequências. Em todas as pessoas, as articulações tendem a ter microrupturas por serem regiões constantemente dobradas. Em pacientes com hemofilia, esse estresse provoca alguma dor. No caso de Athos, ele atingiu ambos os tornozelos, levando a uma osteonecrose, morte do tecido ósseo devido ao contato constante com o sangue. O tratamento dessa complicação obrigou o menino, quando tinha apenas cinco anos, a ficar andando de muletas por 9 meses para evitar forçar o tornozelo. “Apareciam buracos nos pés dele, foi um desafio grande”, lembra Elenilce. Atualmente, a osteonecrose não atrapalha mais a capacidade dele andar, apenas o torna um pouco mais lento do que outras crianças. “Ele vai ter que tomar medicação para o resto da vida, mas só a segurança de saber que ele está bem e que, finalmente, encontramos um tratamento que funciona, nos conforta muito”, conclui a mãe. Siga a editoria de Saúde no Instagram e fique por dentro de tudo sobre o assunto! Notícias
Dia da epilepsia: veja os sintomas e como ajudar alguém em crise 26 de março de 2024 Hoje é comemorado o Dia Internacional de Conscientização sobre a Epilepsia (26/3), conhecido como Purple Day. A data surgiu com o objetivo de chamar a atenção para a doença que acomete 2% da população no Brasil e afeta em torno de 50 milhões de pessoas em todo o mundo, de… Read More
Notícias “Nunca tive tanto medo”, diz jovem que descobriu câncer aos 25 anos 17 de fevereiro de 2024 Embora o desenvolvimento de um câncer esteja associado ao envelhecimento, a doença não é exclusiva de pessoas mais velhas. A cabeleireira Ludmilla Matias, de Maceió, Alagoas, descobriu um tumor na mama direita aos 25 anos e precisou se afastar do trabalho para tratá-lo. Para ela, foi um choque ter um… Read More
Notícias Transtorno alimentar é baixo entre adeptos de dieta vegana, diz estudo 20 de setembro de 2023 Transtornos alimentares e comportamentos alimentares disfuncionais são caracterizados pela prática de dietas restritivas na intenção obsessiva de atingir uma boa forma física ou controle do peso corporal. Um estudo realizado pela Universidade de São Paulo (USP) investigou a prevalência de comportamentos alimentares disfuncionais entre adeptos da dieta vegana, que ganhou… Read More