Por que os remédios não funcionam igual para todas as pessoas? Ouvir 31 de julho de 2025 Um remédio que funciona bem para você pode não ter o mesmo efeito em outra pessoa. Às vezes, o alívio vem rápido. Em outras, parece que nada acontece. Por que isso acontece mesmo quando o diagnóstico é igual? Segundo a farmacêutica Leila Maluli, de São Paulo, a explicação está no corpo de quem recebe o medicamento. “Uma pessoa muito acima do peso, com o intestino inflamado e que bebe pouca água, por exemplo, pode ter a absorção mais lenta do remédio. Já alguém hidratado, com o intestino saudável, pode ter um efeito mais rápido”, afirma. A via pela qual o remédio é administrado também interfere. Um analgésico aplicado na veia começa a agir quase imediatamente. Já o mesmo remédio tomado por via oral pode demorar até uma hora para surtir efeito. Organismo e estilo de vida interferem no efeito A forma como o corpo metaboliza, distribui e elimina os medicamentos varia de pessoa para pessoa. O farmacêutico Édson Figueiredo, de Brasília, aponta que fatores como idade, peso, doenças no fígado ou rins, e problemas intestinais podem influenciar diretamente na resposta ao tratamento. “Certas condições clínicas alteram o metabolismo dos fármacos e exigem ajustes na dose ou mesmo na escolha do medicamento”, explica. Além disso, a composição corporal também conta. Medicamentos que se acumulam na gordura podem ter efeito diferente em indivíduos com maior percentual de tecido adiposo. “Isso pode retardar ou prolongar o efeito da substância no organismo”, completa Figueiredo. Diferenças entre faixas etárias são bem conhecidas. Crianças têm maior proporção de água no corpo, o que altera a distribuição de medicamentos hidrossolúveis. Idosos, por outro lado, costumam ter metabolismo mais lento e menor capacidade de eliminação dos fármacos, exigindo mais atenção na hora de ajustar as doses. Leila acrescenta que até os hormônios femininos podem modificar a resposta ao tratamento. “Nas mulheres, há variação no ciclo menstrual que interfere na digestão, na absorção e até na excreção de substâncias”, diz. Genética e efeitos inesperados Outro fator importante é a genética de cada indivíduo. Algumas pessoas têm predisposição genética para responder melhor ou pior a determinadas substâncias. “Crianças com necessidades especiais, por exemplo, exigem uma abordagem medicamentosa diferente”, explica Leila. Ela lembra também que nem todas as reações são previsíveis. “Uma alergia a penicilina, por exemplo, pode só aparecer na primeira vez que a pessoa tomar o medicamento. Por isso, a auto-observação é fundamental durante o tratamento”, afirma. Leia também Saúde Alerta! Saiba alimentos que podem atrapalhar efeito de medicamentos Claudia Meireles Médica alerta para três remédios que podem interagir com o Wegovy Claudia Meireles 5 medicamentos que não podem ser misturados com bebida alcoólica Saúde Carnaval: medicamentos e álcool não combinam! Veja os riscos Alimentação, álcool e cigarro mudam a resposta O estilo de vida tem peso na forma como o corpo lida com remédios. Dietas ricas em produtos industrializados e inflamatórios prejudicam a flora intestinal e comprometem a absorção de remédios. “Comer arroz, feijão, legumes e verduras melhora a saúde intestinal e favorece a resposta aos tratamentos”, destaca Leila. O uso de álcool, cigarro e drogas ilícitas também interfere. O farmacêutico Rogério Hoefler, do Conselho Federal de Farmácia, explica que substâncias presentes na fumaça do cigarro aceleram o metabolismo de certos remédios. “Fumantes podem precisar de doses maiores de medicamentos como teofilina, benzodiazepínicos e alguns antipsicóticos para atingir o mesmo efeito”, alerta. Já o álcool pode tanto retardar quanto acelerar o metabolismo, dependendo da frequência e quantidade de consumo. “Além disso, ele potencializa o efeito sedativo de medicamentos como antialérgicos e ansiolíticos”, aponta Tarcísio José Palhano, também do Conselho Federal de Farmácia. Possíveis interações A forma como o medicamento é ingerido também influencia na sua eficácia. Tomar antibióticos como as tetraciclinas junto com leite, por exemplo, pode reduzir a absorção da substância. “Jejum e refeições gordurosas também influenciam na absorção dos fármacos no trato gastrointestinal”, destaca Palhano. Tomar dois ou mais medicamentos ao mesmo tempo também pode prejudicar a eficácia do tratamento. “Alguns remédios, quando usados juntos, competem entre si e podem anular o efeito um do outro ou até causar reações adversas”, complementa o especialista. Armazenar bem os medicamentos é essencial para impedir que eles percam a eficácia Quando a mente entra em cena O estado emocional e até as crenças pessoais influenciam a forma como o corpo responde ao tratamento. Rogério Hoefler lembra que o chamado “efeito placebo” é real e tem um papel importante em casos como doenças neurológicas, dor crônica e transtornos psiquiátricos. Mesmo quando a prescrição está correta e bem ajustada ao diagnóstico, a resposta pode ser afetada por aspectos como perfil genético, hábitos, idade, peso, outras doenças e uso simultâneo de medicamentos. “Por isso, a individualização do tratamento e o acompanhamento constante são essenciais para garantir uma farmacoterapia segura e eficaz”, conclui Hoefler. Siga a editoria de Saúde e Ciência no Instagram e fique por dentro de tudo sobre o assunto! Notícias
Divertículo gigante do cólon: conheça doença raríssima relatada no RJ 10 de janeiro de 2024 Um homem de 62 anos foi diagnosticado no Rio de Janeiro com divertículo gigante do cólon (DGC), uma doença raríssima, com apenas 200 casos registrados em todo o mundo na história. O caso foi apresentado por médicos do Hospital Municipal Salgado Filho (HMSF) no 17° Congresso Europeu Colorretal, que ocorreu… Read More
Notícias Caminhar ou correr? Saiba qual queima mais calorias na mesma distância 8 de julho de 2024 As pessoas que têm a caminhada ou a corrida como um exercício regular geralmente estabelecem uma meta de distância. Mas será que faz diferença, em termos de quantidade de calorias queimadas, percorrer 3 quilômetros em 45 minutos ou em 20 minutos? A resposta é sim. Correr faz com que o… Read More
Dor no ciático? Saiba o que pode inflamar o nervo 17 de junho de 2024 A incômoda dor no nervo ciático é bastante comum. As causas geralmente incluem sedentarismo e passar longos períodos sentado, mas outros fatores podem contribuir. O ciático é o nervo mais longo e espesso do corpo humano. Ele começa na região lombar, passa pelas nádegas e desce pelas pernas até os… Read More