O aumento expressivo de casos de dengue no Brasil fez com que a procura pela vacina Qdenga na rede privada de laboratórios aumentasse 110,75% em janeiro, em relação ao mês passado, de acordo com a Associação Brasileira das Clínicas de Vacinas (ABCVAC).
Como consequência, o laboratório japonês Takeda anunciou na segunda-feira (5/2) que limitará o fornecimento de novas doses para hospitais e clínicas particulares no Brasil devido à restrita capacidade de produção.
Segundo a Takeda, a medida é necessária para garantir o atendimento prioritário ao Ministério da Saúde, que iniciará a vacinação de crianças e adolescentes de 10 a 14 anos este mês, pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
As doses destinadas às redes privadas serão limitadas ao quantitativo necessário para completar o ciclo vacinal de duas doses em quem já tomou a primeira.
“A Takeda informa que, diante do atual cenário da inclusão da vacina Qdenga no Sistema Único de Saúde (SUS) por meio do Programa Nacional de Imunizações (PNI), e dos dados alarmantes da dengue no Brasil, a empresa está concentrada em atender de forma prioritária ao Ministério da Saúde. Essa decisão tem como objetivo apoiar o Ministério da Saúde no seu propósito de promover o acesso da vacina contra a dengue de forma integral e gratuita para a população brasileira”, afirma o fabricante.
A empresa se comprometeu a entregar 6,6 milhões de doses ao Ministério da Saúde em 2024 e outras 9 milhões de doses para 2025. Em paralelo, ela busca soluções para aumentar o número de doses disponíveis no país, como parcerias com laboratórios públicos nacionais para acelerar a capacidade de produção da vacina.
“Assim, a Takeda informa que não está disponível para firmar contratos de forma descentralizada para atendimento a estados e municípios e que o fornecimento da vacina contra a dengue, Qdenga, no mercado privado brasileiro, será limitado para suprir e priorizar o quantitativo necessário para que as pessoas que tomaram a primeira dose do imunizante na rede privada completem seu esquema vacinal, de acordo com a posologia de duas doses subcutâneas com intervalo de três meses aprovada pela Anvisa”, continua.

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A dengue é uma doença infecciosa transmitida pela picada do mosquito Aedes aegypti. Com maior incidência no verão, tem como principais sintomas: dores no corpo e febre alta. Considerada um grave problema de saúde pública no Brasil, a doença pode levar o paciente a morte
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O Aedes aegypti apresenta hábitos diurnos, pode ser encontrado em áreas urbanas e necessita de água parada para permitir que as larvas se desenvolvam e se tornem adultas, após a eclosão dos ovos, dentro de 10 dias
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A infecção dos humanos acontece apenas com a picada do mosquito fêmea. O Aedes aegypti transmite o vírus pela saliva ao se alimentar do sangue, necessário para que os ovos sejam produzidos
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No geral, a dengue apresenta quatro sorotipos. Isso significa que uma única pessoa pode ser infectada por cada um desses
micro-organismos e gerar imunidade permanente para cada um deles. Ou seja, é possível ser infectado até quatro vezes
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Os primeiros sinais, geralmente, não são específicos. Eles surgem cerca de três dias após a picada do mosquito e podem incluir: febre alta, que geralmente dura de 2 a 7 dias, dor de cabeça, dores no corpo e nas articulações, fraqueza, dor atrás dos olhos, erupções cutâneas, náuseas e vômitos
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No período de diminuição ou desaparecimento da febre, a maioria dos casos evolui para a recuperação e cura da doença. No entanto, alguns pacientes podem apresentar sintomas mais graves, que incluem hemorragia e podem levar à morte
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Nos quadros graves, os sintomas são: vômitos persistentes, dor abdominal intensa e contínua, ou dor quando o abdômen é tocado, perda de sensibilidade e movimentos, urina com sangue, sangramento de mucosas, tontura e queda de pressão, aumento do fígado e dos glóbulos vermelhos ou hemácias no sangue
Piotr Marcinski / EyeEm/ Getty Images

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Nestes casos, os sintomas resultam em choque, que acontece quando um volume crítico de plasma sanguíneo é perdido. Os sinais desse estado são pele pegajosa, pulso rápido e fraco, agitação e diminuição da pressão
Image Source/ Getty Images

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Alguns pacientes podem ainda apresentar manifestações neurológicas, como convulsões e irritabilidade. O choque tem duração curta, e pode levar ao óbito entre 12 e 24 horas, ou à recuperação rápida, após terapia antichoque apropriada
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Apesar da gravidade, a dengue pode ser tratada com analgésicos e antitérmicos, sob orientação médica, tais como paracetamol ou dipirona para aliviar os sintomas
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Para completar o tratamento, é recomendado repouso e ingestão de líquidos. Já no caso de dengue hemorrágica, a terapia deve ser feita no hospital, com o uso de medicamentos e, se necessário, transfusão de plaquetas
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Aumento da procura por vacina
Segundo uma pesquisa da ABCVAC, com dados de aproximadamente 280 clínicas particulares do Brasil, foram aplicadas 13.290 doses da Qdenga entre julho de 2023 e janeiro de 2024 na rede privada.
O crescimento do interesse da população pela vacina vem desde outubro de 2023, quando foram aplicadas 1.463 doses, um aumento de 106,67% em relação a setembro, quando foram aplicadas 709 doses.
“A partir daí, o número só cresceu. Em novembro foram 1.955 doses, em dezembro 2.341. Em janeiro de 2024, chegou a 4.923 doses, um crescimento de 110,75% em relação ao mês anterior”, informa a ABCVAC em nota.
ABCVAC pede mais vacinas para o setor privado
A Associação Brasileira de Clínicas de Vacinas (ABCVAC) reconhece a complexidade da situação que levou à falta de vacinas e a importância da disponibilidade de doses para aplicação pelo SUS, mas pede que a Takeda encontre soluções rápidas para garantir o abastecimento adequado para contemplar também o público que busca pela vacinação no setor privado.
De acordo com a presidente do Conselho da ABCVAC, Fabiana Funk, a possibilidade de vacinar um público com faixa etária mais abrangente no setor privado – com idades entre 4 a 60 anos – complementa a disponibilidade do SUS.
Leia a nota da ABCVAC
“A ABCVAC compreende e logicamente apoia as ações do Programa Nacional de Imunizações (PNI), mas também ressaltamos o papel fundamental do setor privado complementando o setor público. Expressamos nossa preocupação diante da possível falta da vacina nas clínicas particulares e especialmente em relação às faixas etárias não cobertas pelo setor público.
Observamos que a vacinação no setor privado desempenha um papel relevante, atendendo a faixa de 4 a 60 anos que, se não considerada, poderá gerar impactos no sistema de saúde como um todo. Por isso, esperamos que em breve sejam encontradas soluções eficazes que atendam à crescente demanda também para o setor privado”, considera Fabiana em nota à imprensa.
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