Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade de Ribeirão Preto (Unaerp) conduziram um estudo no Instituto Butantan que apontou a atuação de uma das toxinas presentes no veneno de cascavel, a crotoxina, como efeito modulador no sistema imune em casos de câncer.
Entenda:
- Um estudo conduzido no Instituto Butantan por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade de Ribeirão Preto (Unaerp) indica que a crotoxina, presente no veneno de cascavel, pode ajudar a combater casos de câncer;
- A equipe realizou experimentos em dois grupos de camundongos – um deles recebeu uma aplicação de células tumorais e três tratamentos diferentes, dois deles contendo a crotoxina; o outro recebeu os mesmos tratamentos, mas nenhuma aplicação de tumor;
- Os camundongos que receberam os tratamentos com a toxina apresentaram uma prevalência dos macrófagos M1 – pró-inflamatórios que inibem o desenvolvimento de tumores -, e a diminuição dos macrófagos M2 – que favorecem o tumor;
- A pesquisa foi publicada na revista Toxins.

O estudo publicado na revista Toxins indica que a ação da crotoxina sobre as células de defesa do organismo pode representar mudanças no futuro da imunoterapia, que utiliza substâncias e realiza alterações nas células do sistema imune para facilitar o combate a tumores.
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Toxina de cascavel pode inibir o desenvolvimento de câncer
No estudo, a equipe acompanhou dois grupos de camundongos ao longo de treze dias. Um dos grupos recebeu uma aplicação de células de tumor ascítico – que se desenvolve na região abdominal – e foi dividido em três tratamentos: uma solução salina, uma dose de 0,9 micrograma de crotoxina e uma dose de 5 microgramas da toxina.

O segundo grupo não recebeu aplicação das células tumorais, mas também teve acesso aos três tratamentos para demonstrar o efeito da toxina em organismos livres de câncer. Como resultado, a crotoxina nos animais portadores do tumor ocasionou a prevalência dos macrófagos M1 – pró-inflamatórios que inibem o desenvolvimento de tumores -, e a diminuição dos macrófagos M2 – que favorecem o tumor.
“Estamos estudando formas e combinações estruturais da crotoxina para encontrar uma que seja menos tóxica e mais efetiva no seu efeito imunomodulador e antitumoral. Mas é possível que outras estruturas da molécula crotoxina, inclusive já conhecidas, possam realizar a mesma ação ou potencializar seu efeito”, completa Sandra Coccuzzo Sampaio, pesquisadora do Instituto Butantan e coordenadora do estudo, à Agência FAPESP.
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