Alulose: alternativa ao açúcar pode baixar nível de glicose? Entenda Ouvir 8 de janeiro de 2025 A alulose, tomada como uma forma rara de açúcar, foi identificada pela primeira vez em folhas de trigo na década de 1940, mas só ganhou espaço na pesquisa científica 50 anos depois, quando Ken Izumori, um professor da Faculdade de Agricultura da Universidade de Kagawa, encontrou um microrganismo que convertia a frutose em alulose, com a ajuda de uma enzima. Foram necessárias mais três décadas de pesquisa até que a alulose ganhasse popularidade como adoçante ou alternativa ao açúcar nos Estados Unidos e na Coreia do Sul, países onde seu uso comercial já foi aprovado. Conhecida nestes lugares como um “açúcar saudável”, a alulose ainda é considerada rara porque é encontrada apenas em pequenas quantidades em alimentos como figos, passas, kiwis, trigo e melaço. Leia também Saúde Estudo: bebidas açucaradas estão associadas a novos casos de diabetes Claudia Meireles Saiba o que muda no corpo e na pele quando paramos de comer açúcar Vida & Estilo 3 legumes que controlam níveis de açúcar do sangue e desincham o corpo Vida & Estilo Três alimentos que emagrecem e ajudam a reduzir o açúcar do sangue Ela chega a ser 70% tão doce quanto o açúcar convencional, a sacarose, mas tem apenas 10% das calorias. Por isso, virou ingrediente central na corrida bilionária do mercado de alimentos por uma alternativa ao açúcar. A substância é anunciada comercialmente como favorável ao controle de peso ou para quem possui diabetes tipo 2. Mas o que diz a pesquisa sobre este “novo” açúcar, que já começa a chegar nas prateleiras dos mercados de alguns países? A alulose é um adoçante sem calorias? O órgão regulador de alimentos dos Estados Unidos, o FDA, aprovou o uso da alulose como um alimento “geralmente reconhecido como seguro”. No entanto, a União Europeia, o Canadá e outros países consideram a alulose um alimento novo, cuja segurança de consumo ainda não foi completamente avaliada pela pesquisa. Os cientistas ainda estudam, por exemplo, os efeitos da substância no corpo humano. Até o momento, investigações mostram que o organismo consegue absorver a alulose, mas não a metaboliza, o que indica que ela, de fato, não é transformada em glicose. Na prática, isso significa que o corpo não reconhece que a alulose contém energia e, portanto, é “enganado” a eliminar a maior parte das calorias, sem transformar o carboidrato do açúcar em glicose. Isso pode tornar o produto útil para pessoas que querem diminuir o consumo de açúcar, mas ainda assim querem consumir alimentos doces. Esse é o mesmo motivo pelo qual a alulose se tornou a preferida para quem segue uma dieta cetogênica — cujo consumo de carboidratos, como o açúcar, é o menor possível. Também há evidências de que a alulose não causa cáries dentárias, como o açúcar. Índice glicêmico: como a alulose se compara ao açúcar? O índice glicêmico (IG) é uma medida que classifica os alimentos com base na velocidade com que eles aumentam os níveis de glicose no sangue. O açúcar puro, por exemplo, tem um IG médio e aumenta os níveis de glicose no sangue em 65 em uma escala de 0 a 100. O pão branco tem um IG de 100, porque ele demora muito para ser digerido. Já a alulose não eleva os níveis de glicose no sangue, segundo os estudos mais recentes. A alulose é boa para pessoas com risco de diabetes tipo 2? O corpo de pessoas com diabetes tipo 2 não consegue produzir ou não usa a insulina de maneira eficiente para manter os níveis de glicose no sangue equilibrados. Como a alulose parece ter pouco ou nenhum impacto nos níveis de glicose, ela pode ser uma alternativa ideal ao açúcar para pessoas com diabetes tipo 2 ou em risco de desenvolvê-lo. Estudos identificaram que mesmo doses altas de alulose não causaram flutuações nos níveis de glicose em pessoas com diabetes ou pessoas saudáveis. Algumas análises mostraram ainda que o consumo da substância produz o efeito contrário e até reduz os níveis de glicose e insulina após as refeições. Isso pode ser uma boa notícia para quem convive com diabetes, cuja insulina não consegue regular os níveis de açúcar no sangue de forma eficiente. No entanto, mais evidências de estudos clínicos de maior porte são necessárias para comprovar os benefícios do alimento. O natural sempre é saudável? A alulose não tem um sabor residual forte, o que a torna um adoçante útil para alimentos comerciais, como o chocolate, e um forte concorrente do aspartame, o adoçante artificial. “Nós reduzimos as calorias [em nosso chocolate] em até 40% substituindo o açúcar por algo que é quase livre de calorias”, disse Michelle Oten, fundadora da Goalz, uma empresa que usa exclusivamente a alulose para adoçar seus produtos. Oten afirmou que eles queriam “algo que fosse encontrado na natureza, não criado em um laboratório testando moléculas”. No entanto, a etiqueta da alulose como algo natural e saudável pode ser enganosa. Isso porque há indícios de que o consumo de grandes quantidades da substância pode causar dor abdominal, diarreia, inchaço ou gases. Além disso, hoje já é possível produzir a alulose a partir da frutose, que é o açúcar presente na fruta, alterando sua forma química por meio de enzimas. A lista de preocupações de saúde associadas ao consumo de açúcar, que também é um alimento “natural” é longa. Para citar algumas: diabetes, doenças cardíacas, depressão, cáries dentárias, câncer. Siga a editoria de Saúde no Instagram e fique por dentro de tudo sobre o assunto! Notícias
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