Técnica evita que paciente transplantado precise de imunossupressores Ouvir 22 de setembro de 2023 Para evitar o risco de rejeição e a necessidade de usar remédios para o resto da vida, médicos britânicos utilizaram uma nova técnica inovadora de transplante de rins em uma paciente de 8 anos. Aditi Shankar tem displasia imuno-óssea de Schimke, uma doença rara e genética, e precisava de um transplante de rim. Leia também Saúde Transplante de rim: “Estou indo para a fila pela 3ª vez”, diz paciente Celebridades Ex-BBB João comemora transplante de rim da mãe após sete anos na fila Saúde Filha doa rim para pai de 72 anos com doença genética: “Queria ajudar” Saúde Mãe se prepara por 14 anos para doar rim para filho Os responsáveis pela cirurgia decidiram submetê-la a um transplante de medula antes de receber os rins — ambos doados pela mãe da menina. O procedimento foi um sucesso, e Aditi já foi liberada do uso de imunossupressores que evitam a rejeição do órgão e são obrigatórios para transplantados. Esta foi a primeira vez que a técnica foi realizada no Reino Unido. “Nos últimos três anos, a energia de Aditi foi perdida devido à diálise. Após o transplante de rim, quase instantaneamente, vimos uma grande mudança”, conta a mãe, Divya Shankar, ao site do hospital Great Ormond Street Hospital (Gosh), onde foi realizado o procedimento. Luta até o transplante de rim Na displasia imuno-óssea de Schimke, o sistema de defesas do organismo começa a atacar o próprio corpo, especialmente os rins. O paciente não cresce adequadamente e tem deformações faciais. Aditi fazia hemodiálises três vezes na semana desde os cinco anos de idade e estava na fila do rim desde 2021. Para fortalecer o sistema imunológico e tentar controlar a doença, os médicos responsáveis pelo caso decidiram fazer o transplante de medula óssea antes. Em outubro de 2022 a mãe da menina fez a doação de medula óssea e, seis meses depois, em março deste ano, Aditi passou pelo transplante de rim. A paciente tomou os remédios imunossupressores para evitar rejeição do órgão por um mês, mas os médicos perceberam que eles não estavam fazendo diferença. “Esta é a primeira vez em 25 anos que cuido de alguém que não necessitou de imunossupressão após a cirurgia”, afirma o nefrologista pediátrico Stephen Marks. Transplante de rim sem remédio imunossupressor garota (2) A pequena Aditi recebeu o rim e a medula óssea de sua mãe Divulgação/GOSH Transplante de rim sem remédio imunossupressor garota (3) Garota de 8 anos tem rim transplantado e não terá de usar remédios imunossupressores Divulgação/GOSH Transplante de rim sem remédio imunossupressor garota (1) Aditi passou pelos dois transplantes em um intervalo de seis meses Divulgação/GOSH Voltar Progredir 0 A técnica pode ser usada por todos? Os transplantes duplos como o de Aditi, entretanto, apresentam mais riscos de complicações e, por isso, só são recomendados para pessoas que tenham um sistema imunológico enfraquecido. De acordo com o hematologista Renato Cunha, líder do programa de terapia celular do grupo Oncoclínicas, em São Paulo, e pós-doutor em transplante de medula óssea, o transplante de medula pode trazer até mais riscos de infecção a um paciente renal que o próprio transplante de rins. “O caso da Aditi é excepcional por que temos um parente compatível tanto em medula como em rim, o que só acontece em 10% dos casos. Pensar isso para todos, reduziria muito as chances de encontrar um doador. Além disso, o fato de ela ser criança ajuda na aceitação do transplante de medula óssea, que é muito mais complicado em um paciente adulto”, explica. Segundo os médicos da menina, o sucesso do procedimento pode servir de base para novos estudos e para pensar usos desta técnica para pacientes com outras doenças. “Esperamos que a nossa investigação proporcione a opção para que mais crianças, como Aditi, para quem o transplante renal não era uma opção, tenham a oportunidade de fazer um transplante renal que mude a sua vida”, afirma Marks. Siga a editoria de Saúde no Instagram e fique por dentro de tudo sobre o assunto! Notícias
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