“Saúde da 1ª infância é estratégica”, diz chefe de Saúde do Unicef Ouvir 6 de novembro de 2023 Os primeiros seis anos de vida são considerados fundamentais para o desenvolvimento da criança, tanto no campo do aprendizado como no da saúde. Nesse período, a criança recebe as principais vacinas, inicia a construção dos hábitos de vida, e aprende a se comunicar. Lançado em 2021, o projeto UAPI (Unidades Amigas da Primeira Infância) do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) busca aproveitar o período de zero a seis como uma janela de oportunidade. A ideia é propiciar a melhor atenção possível às crianças para que isso se reflita ma qualidade de vida das famílias e nas trajetórias futuras. A estratégia UAPI está baseada na qualificação dos serviços públicos de saúde e educação destinados à faixa etária e no monitoramento de indicadores. A iniciativa já está implementada em seis capitais brasileiras – Belém, Recife, Rio de Janeiro, Salvador, São Luís e Fortaleza – e foi capaz de ampliar a cobertura vacinal em 40,2% e a adesão ao aleitamento materno até os seis meses em 22,6% nas áreas que a receberam. Leia também Saúde Unicef: mundo vive maior retrocesso na vacinação infantil em 30 anos Brasil Zé Gotinha tiktoker? Mascote da vacinação ganha perfis nas redes São Paulo Vacinação contra Covid em bebês não chega a 10% em SP; entenda riscos Brasil Na web, antivax intimidam técnicos que defendem imunização de crianças O diferencial do projeto está em envolver os servidores públicos locais na elaboração de estratégias focadas no território, ou seja, específicas para as necessidades da região onde as crianças vivem. A chefe de Saúde do Unicef Brasil, Luciana Phebo, cita como exemplo desse cuidado uma capcitação com letramento anti racismo oferecido aos profissionais de saúde da Pavuna, no Rio de Janeiro. “Lá a gente conversava sobre racismo e primeira infância ante o racismo. A gente sabe que para o acesso à vacinação existem vários desafios, bloqueios e um deles é o racismo. Essa abordagem é muito importante perante o olhar integral que a gente propõe”, afirma Luciana. Realizado em parceria com a Farmacêutica Roche, o projeto UAPI já certificou 165 unidades básicas de saúde e 70 unidades de educação infantil, o público alcançado supera 230 mil pessoas. Na nova fase, as cidades de São Paulo e Manaus serão integradas à iniciativa A seguir, entrevista com Luciana Phebo, chefe de Saúde da Unicef Brasil sobre o projeto UAPI: Metrópoles: O que são as Unidades Amigas da Primeira Infância (UAPI)? Como funciona a estratégia? Por que a iniciativa está focada na primeira infância? Consideramos a primeira infância uma janela de oportunidade para se pensar no bem estar de toda a sociedade. Quando se investe no bem estar, na saúde, no desenvolvimento das crianças que estão na primeira infância (de 0 a 6 anos), estamos melhorando a qualidade de vida naquele momento de vida e oferecendo oportunidades de vida para o resto do seu caminhar. Isso torna a sociedade mais fortalecida e mais saudável. A importância de focar na primeira infância é pensar nesse momento como um momento oportuno para todos, não só para as crianças. A iniciativa busca cuidar da primeira infância de forma integral, nas frentes de saúde, educação e assistência. A gente promove articulações entre os serviços de saúde, de educação e de assistência e entre os profissionais, entre as pessoas que estão ali para cuidar da primeira infância. A Unidade Amiga da Primeira Infância (UAPI) pode ser de uma unidade de saúde, pode ser de uma creche, de uma unidade de educação infantil e pode ser de um CRAS, um centro de assistência social que também tem ações voltadas para as famílias. Luciana Phebo, da Unicef, entre as executivas Lorice Scalise, presidente da Roche Farma Brasil, e Sarah Chaia, diretora jurídica da farmacêutica Metrópoles: Na prática, como essa intersetorialidade funciona? Como é no dia a dia essa interação entre os profissionais de saúde, educação e assistência social? Quem é o responsável pela ficha da criança? É muito difícil essa coisa da intersetorialidade, é um desafio para todas as áreas. Quem é o responsável lá no município? Quem é o responsável por integrar as políticas públicas? O responsável maior é o prefeito ou a prefeita, porque é no município onde a criança é cuidada. Nós fizemos a articulação política com os prefeitos das cidades, ele é o responsável maior por levar a iniciativa adiante e designa os secretários – secretário municipal de Saúde, secretário municipal de Educação ou de Assistência para encaminharem o assunto. Metrópoles: Quais foram as cidades onde a iniciativa foi implantada e quais foram os resultados verificados nessas cidades? O primeiro ciclo começou em Fortaleza. O berço do ato foi Fortaleza. Estamos agora nesse segundo ciclo e foram seis cidades: Rio de Janeiro, Salvador, Recife, Fortaleza, São Luís e Belém. Há grande diversidade entre essas cidades e são 363 unidades básicas de saúde e 106 unidades de educação infantil. Entre todas essas unidades, 235 foram certificadas como UAPI. O período de certificação dura entre um ano e um ano e seis meses meses. Usamos indicadores para fazer a certificação. Por exemplo: Quantas consultas a mulher faz no pré-natal? Quais são os exames feitos, por exemplo, para verificar sífilis congênita ou HIV? Qual o percentual de crianças com o aleitamento materno exclusivo até o sexto mês de idade? Para cada unidade básica de saúde, nós temos uma linha de base do início da iniciativa. Durante esse um ano e um ano e seis meses, desenvolvemos muitas capacitações para os profissionais de saúde, para que eles possam melhorar o atendimento nas suas diversas áreas de puericultura e atendimento da gestante, melhorar o diálogo com as famílias, a relação interpessoal. Depois desses ciclos de capacitações, verificamos se houve resultado. O nosso objetivo era qualificar a política pública e mostrar o resultado da intervenção feita. Metrópoles: Em relação à cobertura vacinal? Quais foram os avanços obtidos? Em relação à cobertura vacinal, nosso foco foram as vacinas dadas em crianças até seis anos de idade. Houve um incremento de 40% nas coberturas vacinais das unidades básicas de Saúde que participaram da iniciativa. Vários fatores contribuíram para esse resultado. O Ministério da Saúde está também muito focado em melhorar as coberturas vacinais de todo o Brasil. E é lógico que as unidades básicas de saúde com as quais trablahamos também participaram e participam de todo esse movimento do Ministério da Saúde. São vários parceiros, que incluem as próprias prefeituras e as secretarias municipais de Saúde que também programas de incentivo à cobertura vacinal. O UAPI tem um certificado que leva o logo do Unicef, e isso também é um incentivo. Metrópoles: Sobre a experiência de vocês nessas cidades, gostaria de saber quais foram as principais dificuldades em relação à vacinação? Se é uma questão de resistência à imunização ou são problemas de logística? Você já ouviu falar dos 3 Cs em relação a vacinação? Complacência, confiança e conveniência. Além da confiança nos imunizantes e da conveniência – existir um posto de saúde perto de casa e ele ter as vacinas, há a complacência. Complacência é uma baixa percepção da gravidade da doença e isso tem muito a ver com a hesitação vacinal. As pessoas que têm filhos agora não conhecem a gravidade dessas doenças. A conveniência é sim um problema: nos centros urbanos, há questões de violências. No Rio de Janeiro, por exemplo, imagina quantas crianças não foram vacinadas no dia dos ataques aos ônibus. Quantas crianças não são vacinadas porque a mãe trabalha como uma desesperada, e não tem tempo para nada a não ser colocar comida na mesa. Será que essa mãe vai chegar com o filho antes de o posto de saúde fechar? Siga a editoria de Saúde no Instagram e fique por dentro de tudo sobre o assunto! Notícias
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