Creatina: muito além do seu Efeito Ergogênico Ouvir 22 de novembro de 2023 A creatina vem sendo extensivamente estudada por décadas. Em 1992, ela ganhou notoriedade quando o Professor Roger Harris e colaboradores demonstraram que a suplementação desse nutriente era capaz de elevar em 20% a quantidade de creatina no músculo. Ela é uma amina, composta pelos aminoácidos arginina, glicina e metionina (ácido acético metilguanidina), endogenamente é sintetizada no fígado, cérebro, rins e pâncreas, de maneira exógena, a creatina é consumida principalmente através de carne e/ou como suplemento dietético. A creatina tem função ímpar na bioenergética, fornecendo energia rápida através do sistema creatina-ATP-creatina quinase (Cr/ATP/CK), mantendo um nível estável de energia principalmente em tecidos com alta demanda energética (músculo esquelético e cérebro). Esse sistema também é responsável pela atenuação do estresse oxidativo de forma direta e manutenção do pH, pelo tamponamento de íons H+. E ainda, é responsável pela transferência de energia da mitocôndria para o citosol. As várias características dessa molécula impulsionaram diversos estudos sobre o seu efeito ergogênico e terapêutico. Creatina e efeitos ergogênicos A literatura científica aponta, consistentemente, para o efeito ergogênico da creatina. A suplementação de creatina quando combinada com o treinamento de força leva ao maior desempenho físico, massa livre de gordura e melhor morfologia muscular. Exercícios de força induzem a adaptações celulares, incluindo regeneração mais rápida de ATP para recuperação muscular, aumento do fator de crescimento semelhante à insulina (IGF-1), aumento da proliferação de células satélites, que estão associadas à melhora do desempenho físico. Nesse sentido, a suplementação de creatina eleva a concentração de fosfocreatina (PCr) muscular e influencia na recuperação mais rápida de ATP para a regeneração do músculo, atenuando a fadiga. Além disso, diminui os efeitos da acidose muscular devido a alterações no pH. A creatina monoidratada também estimula a síntese proteica de forma indireta, sua ingestão leva ao aumento da osmolaridade celular, ocasionando edema e estímulo da expressão de fatores de crescimento miogênicos e, por consequência, induzem a ativação de células satélites, que estão envolvidas na hipertrofia. A maneira mais eficaz de aumentar as reservas musculares de creatina é ingerir 5 g de creatina monoidratada (ou aproximadamente 0,3 g/kg de peso corporal) quatro vezes ao dia durante 5-7 dias. Uma vez os estoques de creatina saturados no músculo, estes podem ser mantidos com a ingestão de 3-5 g/dia, embora estudos indiquem que atletas maiores podem precisar de quantidades superiores como de 5-10 g/dia. Um protocolo alternativo é a ingestão de 3 g/dia durante 28 dias, esse método pode resultar em aumento gradual da creatina no músculo, com menor efeito na performance do exercício e/ou adaptações ao treinamento até que os estoques de creatina estejam saturados. Creatina e envelhecimento muscular A dinapenia (dyna=força; penia=perda), perde de força muscular associada à idade que não é causada por doenças neurológicas ou musculares, é um indicador de sarcopenia (perda da massa muscular). Ambos podem ser preditores de incapacidade em idosos. A força muscular permanece constante até a quinta década de vida e depois começa a decair a uma taxa de 1,2-1,5% ao ano. Concomitantemente, a massa muscular começa a diminuir 0,8% por ano após os 50 anos. Recente metanálise observou aumento significativo de massa magra (1,37 kg) e força máxima em membros superiores e inferiores em adultos e idosos (n=721, 57-70 anos de idade) após a ingestão de creatina associada ao treinamento de força comparado ao placebo (estudos variando de 10-52 semanas). Da maneira semelhante, outra metanálise demonstrou que o treinamento de força associado à suplementação de creatina pode atenuar alterações da sarcopenia e dinapenia, no que tange ao aumento de massa muscular livre, repetição máxima para o leg press e supino, além do efeito positivo no teste de se levantar e se sentar da cadeira por 30 segundos, com forte tendência para diminuição do percentual de gordura corporal. Creatina e envelhecimento ósseo A prevenção da fratura óssea em idosos depende de dois fatores: resistência do osso e a prevenção de quedas. Estudos têm demonstrado o potencial da suplementação de creatina, especialmente quando combinado ao treinamento de força, no aumento da força óssea e diminuição do risco de quedas. Homens (55-77anos) suplementados com o nutriente (0,1 g/kg/dia) durante 10 semanas e com treino de força supervisionado (3 dias/semana) apresentaram redução de 27% em marcador de reabsorção óssea comparado ao controle (N-telopeptídeos do colágeno tipo-I (NTx)). Em dados de pesquisas pré-clínicas, a creatina foi capaz de estimular a ativação e diferenciação de osteoblastos, causando a liberação de osteoprotegerina que inibe a ativação de osteosclastos, diminuindo a reabsorção óssea. Creatina e efeito na cognição A creatina apresenta habilidade em ultrapassar a barreira hematoencefálica e se acumular no cérebro. Os neurônios requerem um fornecimento constante de ATP para processos de manutenção do gradiente iônico, exocitose de neurotransmissores e funcionamento sináptico. De maneira semelhante ao músculo, o cérebro necessita de creatina e Pcr para o rápido fornecimento de energia. Dessa forma, foi hipotetizado que a suplementação com creatina poderia afetar de maneira positiva funções cognitivas. Nesse sentido, indivíduos (68–85 anos) sem transtornos psiquiátricos e suplementados com creatina (20 g/dia, durante 7 dias) apresentaram melhora em parâmetros de memória (memória a longo prazo e recordação espacial para trás e para frente) comparados ao controle. Em adição, a suplementação de creatina (5 g/dia, durante 6 semanas), em adultos jovens vegetarianos, foi capaz de melhorar a pontuação em teste de memória (teste de dígitos) e de inteligência (matrizes progressivas de raven), ambas as tarefas exigem velocidade de processamento. Corroborando com esses achados, metanálise (281 indivíduos) relatou que o consumo de creatina pode melhorar testes de memória de curto prazo (memória espacial e varredura de memória) e inteligência/raciocínio. Os tratamentos eficazes foram: suplementação de 20 g/dia (divididos em 4 doses) durante 7 dias e 5 g/dia durante 2 ou 6 semanas. De maneira interessante, a creatina também foi capaz de aumentar a função executiva (teste de geração de números aleatórios), associada a habilidades de planejamento e execução, em indivíduos com privação de sono de 36 horas. E, ainda, ela foi capaz de atenuar a fadiga mental e levar ao aumento do desempenho físico e mental de adultos (21-27 anos). Em resumo, a ingestão de creatina vem demonstrando de forma robusta ser eficiente e segura como ergogênico. Além disso, novas abordagens para seu uso têm sido investigadas e os resultados são promissores. Referências: Harris, R. C., Soderlund, K. & Hultman, E. Elevation of creatine in resting and exercised muscle of normal subjects by creatine supplementation. Clinical Science vol. 83 (1992). Forbes, S. C. et al. Effects of Creatine Supplementation on Brain Function and Health. 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