Alaskapox: o que se sabe sobre o vírus que causou uma morte nos EUA Ouvir 15 de fevereiro de 2024 Autoridades de saúde do Alasca registraram a primeira morte de um humano por infecção do Alaskapox. A vítima, identificada apenas como um idoso com uma doença que enfraquece o sistema imunológico, faleceu no fim de janeiro. O caso foi confirmado apenas na sexta-feira (9/2). “Este é o primeiro caso de infecção grave por Alaskapox resultando em hospitalização e morte. A condição de imunocomprometido do paciente provavelmente contribuiu para a gravidade da doença”, afirmou o Departamento de Saúde do Alasca em nota. Leia também Mundo Morte de idoso é a primeira confirmada por varíola do Alasca no mundo Saúde Após sobreviver a 5 tumores, mulher comemora nova remissão do câncer Saúde Dengue: Brasil ultrapassa marca de 500 mil casos e 75 mortes em 2024 O que é o Alaskapox? O vírus Alaskapox é um ortopoxvírus identificado pela primeira vez em 2015, após causar uma lesão única na pele de uma paciente de Fairbanks, no Alasca. Ao todo, foram registrados apenas sete casos de pessoas com o patógeno, todas no estado norte-americano. Os ortopoxvírus são conhecidos por infectar mamíferos pequenos, sendo mais comumente encontrados em roedores. No entanto, as infecções em humanos podem ter ocorrido em outros pacientes, ainda sem diagnóstico. Até o momento, nenhuma transmissão entre humanos do vírus Alaskapox foi documentada. Sintomas A infecção pelo vírus resulta, na maioria dos casos, em doença leve. Os sintomas incluem febre, uma ou mais lesões cutâneas – com inchaços ou pústulas –, gânglios linfáticos inchados e dores articulares e/ou musculares. De acordo com a virologista da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Clarissa Damaso, especialista em poxvírus, essa é uma doença autolimitada, com progressão benigna na grande maioria das vezes. “Diferentemente do mpox, que causa múltiplas lesões, esse vírus causa normalmente uma única lesão em pessoas. Em duas a três semanas aquela vesícula seca e o paciente fica bem”, afirma a virologista. Pessoas imunocomprometidas, como o idoso que faleceu no mês passado, podem ter risco aumentado para manifestações mais graves da doença. “Para pessoas imunocomprometidas, qualquer infecção por um patógeno será de risco”, esclarece Clarissa. Como é a transmissão do vírus? Os cientistas ainda não têm certeza de como o vírus se espalha, mas as evidências sugerem que ele é zoonótico, ou seja, pode passar de animais para humanos. No entanto, como alguns ortopoxvírus podem ser transmitidos através do contato direto com lesões cutâneas, o Departamento de Saúde do Alasca recomenda que pessoas com lesões cutâneas possivelmente causadas pelo Alaskapox mantenham a área afetada coberta com um curativo. Primeira morte confirmada A primeira vítima fatal do Alaskapox era um homem idoso com o sistema imune enfraquecido pelo uso de medicamentos para o tratamento de câncer. Ele notou um ferimento vermelho na pele da axila em setembro do ano passado e deu início a um tratamento com antibióticos logo após procurar ajuda médica, mas não obteve resultados. Nas semanas seguintes, o paciente começou a sentir fadiga e dor no ombro, até que foi hospitalizado em dezembro. Ainda não está claro como o homem foi infectado. Ele vivia sozinho em uma área florestal e não tinha histórico de viagens recentes e nenhum contato próximo com pessoas que tivessem viajado ou que apresentassem doenças ou lesões semelhantes. Mas disse às autoridades que cuidava de um gato de rua e que o animal caçava regularmente pequenos mamíferos e o arranhava com frequência. “Tinha um arranhão notável próximo à axila direita no mês anterior ao início da erupção cutânea”, diz a nota do Departamento de Saúde. Qual é o risco do vírus sair do Alasca? Clarissa considera o risco de o vírus sair do Alasca e chegar a outras localidades muito baixo. Para que isso aconteça, um paciente infectado, com lesão aparente, precisaria sair do Alasca e entrar em contato físico com outra pessoa. “A transmissão do vírus é por contato da pele de uma pessoa infectada com a de outra saudável ou através de animais reservatório que desconhecemos quais são. Então as chances de chegar em outro país são extremamente baixas. Mas Clarissa considera que o risco não deve ser negligenciado e deve ser acompanhado pelas autoridades de saúde. “Da mesma forma que sabíamos no passado que o mpox tinha uma chance baixíssima de sair da África e acabou saindo. Os estudiosos dos poxvírus estão acompanhando esse e outros poxvírus que causam doenças em humanos e podem ter qualquer potencial de saúde”, afirma. Siga a editoria de Saúde no Instagram e fique por dentro de tudo sobre o assunto! Notícias
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