ABRAN 2024: Confira highlights dos temas abordados durante o evento Ouvir 7 de outubro de 2024 O Congresso Brasileiro de Nutrologia 2024 (ABRAN) abordou uma série de temas relevantes, que estão presentes na prática clínica. Uma excelente oportunidade de atualização científica para profissionais de todo o país que puderam participar das aulas e discussões. Se você não pôde comparecer ao evento, fique tranquilo(a), Nutrify traz um pouco dele até você. Apresentamos a seguir os principais pontos dos grandes temas tratados no ABRAN 2024. Descubra (ou relembre, se você esteve lá) os tópicos científicos que estão em alta na nutrologia e nutrição. Eixo Pele-Intestino: equilíbrio da microbiota e saúde cutânea. Hoje se sabe que o eixo pele-intestino tem papel protagonista na saúde da pele, já que o desequilíbrio da microbiota intestinal pode ter forte impacto cutâneo. Ele pode influenciar o surgimento de patologias como psoríase, rosácea e dermatite atópica, por exemplo. A ciência demonstra, ainda, que a pele tem sua microbiota específica, única em cada pessoa. Veja quais são as possíveis intervenções nutricionais para a melhora da função da pele: Equilíbrio de deficiências nutricionais; Controle do estresse oxidativo; Controle da inflamação; Uso de prebióticos: polifenóis, ácidos graxos poli-insaturados ômega-3 e fibras; Uso de probióticos; Pós-bióticos (ácidos graxos de cadeia curta, enzimas, peptídeos, polissacarídeos, vitaminas e ácidos orgânicos). Nutrigenômica na Dermatologia: desvendando os segredos da pele através da nutrologia personalizada. A dieta e a suplementação são capazes de modular a expressão gênica e, consequentemente, processos biológicos como: metabolismo, imunidade, inflamação e hormônios. No campo da nutrigenômica aplicada à dermatologia (impactos da dieta na pele), alguns aspectos se destacam: Efeitos de proteínas dérmicas como o colágeno; Moléculas pró-inflamatórias; Estresse oxidativo; Senescência celular. A literatura mostra que a dieta ocidental pode levar ao aumento da produção de insulina e IGF-1, ocasionando a sebogênese. Outro ponto interessante é que a dieta com baixo IG diminui mTORC1 (que, quando muito ativado, favorece a inflamação), o que pode estar relacionado com a diminuição da acne. Conheça possíveis intervenções nutricionais para a melhora da acne: Ômega-3 (redução de mTORC1 e fatores inflamatórios); Chá verde, resveratrol, curcumina e berries (redução de mTORC1). Outras manifestações cutâneas de grande impacto na qualidade de vida, como a psoríase, também podem ser melhor manejadas com algumas estratégias relativas à dieta Possíveis intervenções para a melhora da psoríase: Quercetina, vitamina D, resveratrol, curcumina. Desvendando o estresse oxidativo e seus impactos no envelhecimento intrínseco e extrínseco. Foi observado que a disfunção mitocondrial está intimamente associada ao envelhecimento. Sendo que o desbalanço redox do organismo leva ao estresse oxidativo, à inflamação e ao envelhecimento celular intrínseco e extrínseco. Além disso, o estresse oxidativo está associado com disfunções metabólicas. Alguns nutrientes e ativos antioxidantes se destacam nesse contexto, conforme segue: Antioxidantes endógenos: enzimas antioxidantes: catalase, superóxido dismutase e glutationa peroxidase; Antioxidantes não enzimáticos: glutationa, vitaminas C, E, A. O papel dos psicobióticos e o uso de ISRS na ansiedade. Visto que o eixo intestino-cérebro é fundamental para a saúde do organismo como um todo, incluindo a saúde mental, profissionais devem se manter atentos a alguns pontos: O estresse crônico pode diminuir a conexão sináptica: O envelhecimento modifica a microbiota intestinal; Distúrbios na microbiota estão envolvidos com os transtornos de ansiedade e depressão; Clostridium e Bacteroides ssp produzem ácido propiônico e aumentam a agressividade e ansiedade em animais; Algumas bactérias são capazes de produzir serotonina no intestino: Lactococus lactis subsp cemosis (MG 1363); Lactococus lactis subsp lactis (IL1403); Lactobacillus plantarum (FI8595). Com isso em mente, é possível pensar em condutas eficientes para manejar esses pontos de atenção, como o uso de probióticos e outras intervenções dietéticas personalizadas. Uma vez que a resposta da microbiota a uma mesma dieta varia de indivíduo para indivíduo. Probióticos podem ter ação neuropsíquica (ação cepas dependentes); A atividade física modifica a microbiota de forma positiva; Mudança na dieta pode modificar a microbiota intestinal em 48 h; Vesículas produzidas pela microbiota intestinal podem regular as respostas inflamatórias. Probióticos e saúde mental: O tema é vasto e muitos pontos interessantes foram abordados pelos especialistas. Como a relação entre alterações da microbiota intestinal e o aumento dos sintomas do Autismo, doença de Parkinson, doença de Alzheimer e Esclerose múltipla. Selecionamos alguns para destacar o papel de algumas intervenções dietéticas nesse cenário: L. helveticus R0052 e B. longum R0175 estão envolvidos na produção de GABA Associação de L. helveticus R0052 e B. longum R0175 pode melhorar os sintomas de estresse; Os AGCC na circulação sistêmica podem atravessar a barreira hematoencefálica (BHE) e atuar na transferência de nutrientes e moléculas envolvidas na manutenção da integridade da BHE, influenciando diretamente o desenvolvimento cerebral e a homeostase do SNC. A dieta do mediterrâneo seria a ideal para indivíduos com depressão, assim como o consumo de ômega-3 também é recomendado para essa população. Na depressão bipolar: 1-2 g/dia de ômega-3 (EPA) seria a recomendação para tratamento adjuvante. Já no transtorno de depressão maior: 1500 UI – 4000 UI Vit D /dia seria indicado com o mesmo papel. Demências: estratégias nutricionais na prevenção e no cuidado. O declínio cognitivo acontece como consequência da redução da massa cerebral à medida que envelhecemos. Consequentemente, o número de neurônios diminui. Entre as alterações fisiológicas associadas ao envelhecimento, temos: morte de neurônios, estresse oxidativo, baixo BNDF, inflamação, alto glutamato. Possíveis intervenções de impacto nesse cenário: Dieta mediterrânea ou Mind; Aumentar o consumo de alimentos ricos em colina; Vitaminas do complexo B; Alimentos de ação anti-inflamatória (frutas vermelhas, vegetais crucíferos, cúrcuma, gengibre e ômega-3); Relação ômega-6/ômega-3 ≤4; Juba de Leão; Bacopa Monnieri; Magnésio. Influência da dieta e suplementos na qualidade do sono. Um sono de qualidade é essencial à saúde e ao bem-estar. No entanto, fatores relacionados à vida e aos hábitos alimentares contemporâneos podem prejudicá-lo. Refeições desalinhados com o ritmo circadiano, alimentação próxima ao horário do sono, maior consumo calórico e maior ingestão de gordura à noite, além de uma dieta pró-inflamatória são alguns exemplos. Intervenções nutricionais favoráveis à qualidade do sono: Isoflavonas: melhoram a eficiência do sono em mulheres na menopausa; Mg: diminui latência do sono; Zn: diminui latência do sono e aumenta a eficiência do sono. Nutroterapia em endometriose e menopausa. A endometriose é uma condição de grande impacto no bem-estar feminino e merece atenção crescente. A ciência demonstra que poluentes ambientais são nocivos também sob esse aspecto, já que dioxinas podem influenciar o início da endometriose. Já o hipoestrogenismo, característico da transição menopausal, pode afetar níveis de cortisol, levar à insônia, aumento do estresse, RI e obesidade. Possíveis intervenções nutricionais para o manejo da dor na endometriose: Suplementação: Curcumina (130 mg 2-3 vezes ao dia) Catequina; Apigenina; Quercetina; Resveratrol; Ômega pode diminuir dor (3-5 g); Vitamina B1 (deficiência está ligada a fadiga); Vit D – se houver deficiência; No que se refere ao hábito alimentar, destaca-se o papel positivo do consumo de fibras (excreção de estrogênio), a redução do consumo de carne vermelha e cafeína e adoção de dieta low FODMAPs. A melhora da microbiota intestinal também deve ser buscada. Tratamento de lipedema em pacientes obesos. O lipedema é caracterizado por deposição anormal de gordura em glúteos e pernas bilateralmente, que pode ser acompanhado por edema, dor e sensibilidade ao toque. Mudanças de estilo de vida e intervenções nutricionais são bastante importantes no tratamento para promover, entre outros benefícios, perda de peso, redução da inflamação e diminuição da fibrose. Intervenções nutricionais a serem consideradas: Antioxidantes; Otimizar níveis de Vit D e B12; Dieta mediterrânea; Restrição calórica em 20% (pode diminuir massa gorda); Curcumina: 500 – 1000 mg + piperina/dia; Quercetina: 250-1000 mg/dia; Picnogenol: 100-150 mg/dia; NAC, selênio e zinco. Suplementação para idosos: como e quando. O aumento da população idosa é uma realidade no Brasil e no mundo. O papel da nutrição em um envelhecimento saudável nunca foi tão importante, e a suplementação pode ser uma excelente aliada da longevidade. Suplementos especialmente valiosos para idosos: Combate à sarcopenia: Whey protein, vitamina D e leucina (maiores quantidades de leucina melhoram a síntese proteica em mulheres idosas); Neuroproteção: Vitamina D pode ser neuroprotetora; ômega-3 + carotenoide + vitamine E pode melhorar a memória de trabalho; psicobióticos podem modular o humor. Já Bifidobacterium breve (2 x1010) pode melhorar funções cognitivas em idosos com suspeita de disfunções já instauradas. Coenzima Q10. Quais são os principais usos: A suplementação de Coenzima Q10 têm sigo bastante discutida por profissionais por conta de seus múltiplos benefícios potenciais, com uma dosagem usual multifuncional de 200 mg/dia. Mereceram destaque dos especialistas: Promoção da fertilidade; Ação antioxidante e prevenção do envelhecimento precoce; Melhora de sintomas de fibromialgia; Imunidade; Ganho de desempenho no exercício físico; Efeito cardioprotetor e neuroprotetor; Prevenção de sintomas de fadiga e cansaço. Seguimos juntos na expansão do conhecimento em saúde Esperamos que este resumo do que foi visto no CBN 2024 – Congresso Brasileiro de Nutrologia – ABRAN possa ser útil em sua atuação clínica. Continue contando com a Nutrify para oferecer um suporte de excelência a seus pacientes. Até breve! 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