Cientistas criam sensor inalável que pode detectar câncer de pulmão Ouvir 25 de janeiro de 2024 O câncer de pulmão atinge cerca de 32,5 mil brasileiros a cada ano e é um dos tumores que mais causam mortes no país: são 28 mil vítimas a cada 365 dias. Um dos maiores desafios para combater a doença é o diagnóstico precoce, já que os tumores crescem sem serem notados até que os sintomas se tornam graves, especialmente em fumantes (a maioria dos atingidos). Uma nova tecnologia desenvolvida no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos Estados Unidos, anunciada no início de janeiro pode revolucionar a identificação do câncer. Os bioengenheiros americanos criaram sensores inaláveis que revelam, depois de poucas horas, em um teste de urina, a presença de tumores no pulmão. Leia também Saúde Câncer de pulmão: veja sintomas da doença que matou Andre Braugher Saúde Mulheres têm câncer de pulmão mais agressivo. Veja 5 fatores de risco Saúde Câncer de pulmão: saiba sinais da doença que matou Aracy Balabanian Saúde “Descobri um câncer no pulmão aos 50. Nunca tinha fumado”, diz médica Diagnóstico de câncer de pulmão O novo diagnóstico é baseado em nanosensores que podem ser administrados por um inalador ou nebulizador. Se eles encontrarem proteínas ligadas ao câncer nos pulmões, produzem um sinal que se acumula na urina. A detecção pode ser feita com uma simples tira de teste de papel. Atualmente, a única abordagem para diagnóstico dos tumores é a tomografia computadorizada (recomendada a todos os fumantes com mais de 50 anos), que indica a dimensão e a gravidade do câncer no pulmão. Porém, é um exame caro e disponível em poucos lugares. “Impulsionado pela poluição e tabagismo, o câncer de pulmão está tendo uma explosão de casos globalmente. Por isso, sabemos que esses testes são fundamentais para democratizar o acesso ao diagnóstico”, afirma a professora Sangeeta Bhatia, líder da pesquisa, em entrevista à universidade. Foto mostra sensor spray inalável que detecta o câncer de pulmão, incluindo sua atuação em microscópio Como funciona o teste? Bhatia passou a última década desenvolvendo nanosensores para diagnóstico de câncer e outras doenças. Neste estudo, ela e seus colegas exploraram a possibilidade de usá-los como uma alternativa mais acessível ao rastreamento por tomografia computadorizada para câncer de pulmão. Os sensores são feitos de nanopartículas de polímero revestidas com um receptor. Quando encontra enzimas chamadas proteases, que costumam ser hiperativas em tumores, eles se descolam dos sensores, eventualmente se acumulando na urina e sendo excretados do corpo. Para colocar o sensor dentro do corpo, os pesquisadores criaram duas formulações: uma solução que pode ser aerossolizada e administrada com um nebulizador, e um pó seco inspirado por meio de um inalador. Os cientistas projetaram a tira para detectar até quatro códigos de DNA diferentes, cada um indicando a presença de um sub-tipo dos tumores do pulmão. Não é necessário pré-tratamento ou processamento da amostra de urina e os resultados podem ser lidos cerca de 20 minutos após a obtenção da amostra. ***desenho-câncer-de-pulmão O câncer de pulmão é o segundo mais comum em homens e mulheres no Brasil. De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), cerca de 13% de todos os casos novos são nos órgãos Getty Images ***foto-câncer-de-pulmão No fim do século 20, o câncer de pulmão se tornou uma das principais causas de morte evitáveis no mundo Getty Images ***foto-câncer-de-pulmão O tabagismo é a principal causa. Cerca de 85% dos casos diagnosticados estão associados ao consumo de derivados de tabaco Getty Images ***foto-câncer-de-pulmão A mortalidade entre fumantes é cerca de 15 vezes maior do que entre pessoas que nunca fumaram, enquanto entre ex-fumantes é cerca de quatro vezes maior Getty Images ***foto-câncer-de-pulmão A exposição à poluição do ar, infecções pulmonares de repetição, doença pulmonar obstrutiva crônica (enfisema pulmonar e bronquite crônica), fatores genéticos e história familiar de câncer de pulmão também favorecem o desenvolvimento desse tipo de câncer Getty Images ***foto-câncer-de-pulmão Outros fatores de risco são: exposição ocupacional a agentes químicos ou físicos, água potável contendo arsênico, altas doses de suplementos de betacaroteno em fumantes e ex-fumantes Getty Images ***foto-câncer-de-pulmão Os sintomas geralmente não ocorrem até que o câncer esteja avançado. Porém, pessoas no estágio inicial da doença já podem apresentar tosse persistente, escarro com sangue, dor no peito, pneumonia recorrente, cansaço extremo, rouquidão persistente, piora da falta de ar, diminuição do apetite e dificuldade em engolir Getty Images ***foto-câncer-de-pulmão O diagnóstico do câncer no pulmão é feito com a avaliação dos sinais e sintomas apresentados, o histórico de saúde familiar e o resultado de exames específicos, como a radiografia do tórax, tomografia computadorizada e biópsia do tecido pulmonar Getty Images ***foto-câncer-de-pulmão Para aqueles com doença localizada no pulmão e nos linfonodos, o tratamento é feito com radioterapia e quimioterapia ao mesmo tempo Getty Images ***foto-câncer-de-pulmão Em pacientes que apresentam metástases a distância, o tratamento é com quimioterapia ou, em casos selecionados, com medicação baseada em terapia-alvo Getty Images ***foto-câncer-de-pulmão A cirurgia, quando possível, consiste na retirada do tumor com uma margem de segurança, além da remoção dos linfonodos próximos ao pulmão e localizados no mediastino. É o tratamento de escolha por proporcionar melhores resultados e controle da doença Getty Images Voltar Progredir 0 Teste de precisão em ratos Os pesquisadores testaram o sistema de diagnóstico em camundongos geneticamente modificados para desenvolver tumores pulmonares semelhantes aos observados em humanos. Os sensores foram administrados 7,5 semanas após o início da formação dos tumores, momento comparável ao estágio 1 ou 2 do câncer em humanos. Eles descobriram que os sensores poderiam detectar tumores pulmonares em estágio inicial com precisão semelhante à dos exames de imagem. A tecnologia, porém, ainda precisa ser testada em humanos para avaliar a eficácia e a necessidade de modificações. Para os pesquisadores, há esperança que os sensores ofereçam uma melhoria no rastreio, obtendo resultados durante uma única visita ao médico e acelerando o combate ao câncer em todos os níveis. Siga a editoria de Saúde no Instagram e fique por dentro de tudo sobre o assunto! Notícias
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