Covid longa: estudo relaciona nevoeiro cerebral à falta de serotonina Ouvir 21 de outubro de 2023 O nevoeiro cerebral é uma das consequências mais comuns da Covid longa, mas a comunidade científica ainda não conseguiu explicar exatamente por que ele acontece. Uma pesquisa divulgada na última segunda-feira (16/10) na revista Cell por médicos da Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos, aponta uma possível justificativa para o fenômeno: a baixa na quantidade de serotonina no corpo. Leia também Saúde Mulher morre de câncer após ter sintoma confundido com Covid longa Saúde Risco de ter Covid longa é menor após infecção por Ômicron, diz estudo Saúde Covid longa: acúmulo de coágulos sanguíneos é ligado a névoa cerebral Saúde Covid longa é mais severa em idosos e também mais difícil de apontar A nova pesquisa apontou que a Covid longa acaba esgotando a serotonina periférica, que circula por todo o corpo e não só pelo cérebro. Para os autores do estudo, essa ausência leva ao nevoeiro cerebral, caracterizado pelos prejuízos na atenção, memória e concentração. O que é a serotonina? A serotonina é um neurotransmissor, ou seja, uma substância que regula a comunicação entre um neurônio e outro, e é produzida principalmente no intestino. De acordo com a psiquiatra Danielle H. Admoni, supervisora na residência da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp/EPM), o receptor tem função sistêmica no organismo. “Embora seja conhecida como o neurotransmissor do bom humor, a serotonina regula vários outros aspectos: apetite, sono, temperatura corporal, controle da pressão arterial, sensibilidade — todo um universo. Seus níveis baixos alteram o apetite, a capacidade de aprendizado e até o nível de atenção”, explica Danielle. Segundo os neurocientistas americanos, a redução da serotonina provocada pela Covid-19 seria a melhor explicação para o nevoeiro cerebral, mas também pode ser a raiz de outros problemas enfretados por quem tem Covid longa: por sua atuação sistêmica, a falta da substância poderia causar até problemas cardiovasculares e pulmonares. A serotonina é responsável por fazer a comunicação entre os neurônios Como ocorre o desequilíbrio? A pesquisa foi feita avaliando os níveis metabólicos de 58 pacientes que tiveram Covid longa, com sintomas que duraram de três a 22 meses após a fase aguda da infecção. Eles foram comparados com 60 pessoas recuperadas da doença sem sintomas. Os níveis de serotonina em quem teve Covid longa foram, em média, metade do que a dos participantes sem sintomas prolongados. Quanto mais tempo os sintomas de Covid-19 persistiam, menores eram os níveis periféricos de serotonina, descobriu o estudo. Para os pesquisadores, o que justifica a queda da serotonina é o aumento de proteínas interferon, responsáveis por combater células tumorais e invasoras no cérebro e no intestino. Um dano colateral do aumento de interferons é que eles acabam atacando também os neurotransmissores. Como é no intestino que a maior proporção de serotonina é produzida, os níveis caem rapidamente. Os médicos ainda testaram diminuir os níveis de serotonina em camundongos e observaram que os animais sofreram sintomas semelhantes de confusão mental aos descritos pelos pacientes. Isso reforça a teoria de que a origem do problema está na falta do neurotransmissor. Segundo os pesquisadores, porém, são precisos testes com públicos mais amplos para comprovar a relação de causa-consequência. Cópia de 3 Cards_Galeria_de_Fotos (16) Sem ter um nome definitivo, o conjunto de sintomas que continua após a cura da infecção pelo coronavírus é chamado de Síndrome Pós-Covid, Covid longa, Covid persistente ou Covid prolongada Freepik ***Criança doente Denominam-se Covid longa os casos em que os sintomas da infecção duram por mais de 4 semanas. Além disso, alguns outros pacientes até se recuperam rápido, mas apresentam problemas a longo prazo Pixabay ***criança doente Um dos artigos mais recentes e abrangentes sobre o tema é de um grupo de universidades dos Estados Unidos, do México e da Suécia. Os pesquisadores selecionaram as publicações mais relevantes sobre a Covid prolongada pelo mundo e identificaram 55 sintomas principais iStock ***Covid-Gripe-Omicron-Delta Entre os 47.910 pacientes que integraram os estudos, os cinco principais sintomas detectados foram: fadiga, dor de cabeça, dificuldade de atenção, perda de cabelo e dificuldade para respirar Getty Images ***Covid-Gripe-Omicron-Delta-3 A Covid prolongada também é comum após as versões leve e moderada da infecção, sem que o paciente tenha precisado de hospitalização. Cerca de 80% das pessoas que pegaram a doença ainda tinham algum sintoma pelo menos duas semanas após a cura do vírus Freepik ***covid longa Além disso, um dos estudos analisados aponta que a fadiga após o coronavírus é mais comum entre as mulheres, assim como a perda de cabelo Metrópoles ***ansiedade-isolamento-pandemia-sindrome-saude Especialistas acreditam que a Covid longa pode ser uma “segunda onda” dos danos causados pelo vírus no corpo. A infecção inicial faz com que o sistema imunológico de algumas pessoas fique sobrecarregado, atacando não apenas o vírus, mas os próprios tecidos do organismo Getty Images ***idoso-covid-ômicron-hospitalização-saúde Por enquanto, ainda não há um tratamento adequado para esse quadro clínico que aparece após a recuperação da Covid-19. O foco principal está no controle dos sintomas e no aumento gradual das atividades do dia a dia Getty Images ***foto-covid-longa Apesar de uma total recuperação da doença, estudos recentes da Universidade de Washington em Saint Louis, nos Estados Unidos, alertam que qualquer pessoa recuperada da Covid-19 pode sofrer complicações no ano seguinte à infecção, uma covid longa Getty Images ***foto-covid-longa Foram analisados os dados de 150 mil pessoas que tiveram Covid-19 para chegar às complicações mais comuns Getty Images ***foto-covid-longa O risco de ter um ataque cardíaco, por exemplo, é 63% maior para quem já teve a infecção. A chance de doença arterial coronariana sobe para 72%, e para infarto, 52% Getty Images ***foto-covid-longa Também chama a atenção dos cientistas o aumento da quantidade de pacientes com depressão e ansiedade Getty Images Covid longa(4) O estudo também registrou casos de Doença Arterial Coroniana, falência cardíaca, coágulos sanguíneos, batimentos irregulares e embolia pulmonar Getty Images Voltar Progredir 0 Siga a editoria de Saúde no Instagram e fique por dentro de tudo sobre o assunto! Notícias
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