Entenda como a “língua presa” afeta saúde do bebê e o que fazer Ouvir 19 de fevereiro de 2024 A amamentação é uma das fases mais importantes para a saúde do bebê: é pelo leite da mãe que a criança adquire uma série de anticorpos que a protegem contra doenças comuns. Mas algumas condições podem atrapalhar esse momento, como a anquiloglossia, mais conhecida como “língua presa”. O quadro é caracterizado pelo freio da língua curto ou apertado. Como consequência, o bebê tem dificuldade de sugar o leite. Além de não conseguir mamar o suficiente para se desenvolver e poder ter problemas na fala no futuro, ele pode machucar o seio da mãe. Para esses casos, pode ser indicada a realização da frenotomia lingual, um procedimento cirúrgico simples que consiste no corte parcial do freio sem necessidade de sutura na região. O tratamento mais comum e invasivo é chamado de frenectomia lingual. Leia também Celebridades Com leucemia, Fabiana Justus chora ao saber que não pode amamentar Saúde Amamentação prolongada diminui risco de obesidade infantil, diz estudo Saúde Alto risco: uma em cada cinco mães brasileiras faz amamentação cruzada Saúde Amamentação: chance de sucesso é maior quando pai considera importante A frenotomia pode ser realizada em pacientes de qualquer idade, mas normalmente é feita nos primeiros meses de vida do bebê, possibilitando que ele se desenvolva adequadamente. “O movimento da língua é importante para o desempenho de funções orofaciais, podendo afetar principalmente a amamentação”, explica a odontopediatra Isabella Biulchi, da Maternidade Brasília. Os pais de Vicente Tavares, 7 meses, perceberam que o menino não tinha o freio lingual logo no primeiro choro, quando ele mostrou movimento limitado da língua. A confirmação veio com a dificuldade para mamar. Vicente foi diagnosticado com anquiloglossia grau 9 — a escala tem 10 pontos. A frenotomia é indicada a partir do grau 7. “Ele não conseguiu pegar o peito no primeiro dia e acabou mamando no copinho. Nos dias seguintes, com ajuda de fonoaudiólogas da maternidade, ele chegou a mamar um pouco, mas logo parava porque não conseguia fazer vácuo nem sucção”, conta a mãe e técnica legislativa Susana Tavares. Vicente 03 Vicente nasceu com anquiloglossia, condição conhecida como “língua presa” Susana Tavares/ Imagem cedida ao Metrópoles Vicente 04 Susana insistiu na amamentação com a combinação de diferentes estratégias, incluindo a frenotomia lingual Susana Tavares/ Imagem cedida ao Metrópoles Vicente 05 O bebê também usou bandagens para fortalecer a musculatura do rosto Susana Tavares/ Imagem cedida ao Metrópoles Vicente 02 O menino conseguiu mamar pela primeira vez aos 2 meses e meio Susana Tavares/ Imagem cedida ao Metrópoles Voltar Progredir 0 Tratamento A frenotomia é realizada após uma avaliação clínica e funcional de uma equipe de fonoaudiólogos para o teste da linguinha. Ela é indicada principalmente nos casos em que há dificuldade na amamentação, segundo a odontopediatra Isabella Biulchi. Assim como qualquer intervenção cirúrgica, a frenotomia pode oferecer riscos para o bebê, como sangramento abundante durante o procedimento, infecções, lesão das glândulas sublinguais e aderência de tecido pós-operatório. Por isso, é fundamental que o procedimento seja realizado por um profissional especializado. O esperado é que, após a frenotomia, o bebê melhore o padrão de amamentação com o vedamento, sucção e deglutição, trazendo mais conforto para mãe e filho. Vicente passou por duas frenotomias linguais, a primeira quatro dias depois do nascimento e a segunda com duas semanas de vida. “A primeira não liberou a linguinha totalmente e ele precisou fazer de novo em casa, com uma odontopediatra”, explica Susana. Além do freio da língua mais curto, por ser prematuro, o menino também tinha dificuldade em fazer o movimento na musculatura da boca para ser amamentado. Para complementar o tratamento, a família recorreu a sessões de fonoaudiologia com o uso de bandagens no rostinho do bebê para estimular a sucção. A fonoaudióloga Amanda Veras, da Maternidade Brasília, explica que a bandagem é utilizada para fortalecer a musculatura do rosto e fazer o estímulo neurossensorial de bebês que possuem disfunção oral. “Ela é um excelente recurso terapêutico”, afirma. Segundo Amanda, Vicente tinha hipotonicidade. “Fazia uma covinha na hora de sugar e acabava não extraindo o leite. Depois que começamos a aplicar a bandagem, atingimos o objetivo principal, que era deixá-lo em aleitamento materno exclusivo”, explica a fonoaudióloga. “Quando ele tinha dois meses e meio, eu estava em casa, sentada no sofá com ele agarradinho, choroso. O coloquei no peito e ele pegou, fez sucção, engoliu o leite. Lembro de ver o pôr-do-sol pela janela e pensar ‘não vou nem me mexer porque só quero que ele mame’”, lembra Susana. Os dias seguintes foram alternados entre amamentação no peito e na mamadeira, enquanto Vicente se mostrava cada vez mais confiante. “Por ser um bebê prematuro, a gente lutava para ele ganhar peso e eu não confiava na quantidade que ele pegava. Acabei complementando com a mamadeira, mas ele ganhou mais peso no peito, com livre demanda”, celebra a mãe. Siga a editoria de Saúde no Instagram e fique por dentro de tudo sobre o assunto! Notícias
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