Estudo: complicações da diabetes aumentam risco de transtornos mentais Ouvir 2 de dezembro de 2024 Pessoas com complicações crônicas da diabetes têm um risco até três vezes maior de desenvolver algum transtorno de saúde mental, como ansiedade ou depressão. Da mesma forma, quem tem essas condições emocionais também está mais propenso às consequências provocadas pelo descontrole da insulina. A constatação é de um estudo liderado por cientistas da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, publicado na revista científica Diabetes Care. Segundo a pesquisa, esse efeito aumenta à medida que os adultos envelhecem. Para chegar aos resultados, a equipe analisou dados que foram coletados entre 2001 e 2018 de mais de 553 mil pessoas. Dessas, 45 mil tinham diabetes tipo 1, 152 mil o tipo 2 e 356 mil não apresentavam a doença. As principais complicações crônicas da diabetes incluem problemas microvasculares, como a neuropatia (danos nos nervos), a nefropatia (dano nos rins) e a retinopatia (problemas nos olhos, especialmente na retina, que podem levar à cegueira). Outra é a macroangiopatia, que altera a circulação das grandes artérias, resultando em doenças cardíacas, doenças vasculares periféricas e maior risco de acidente vascular cerebral (AVC). “Todas essas complicações afetam a qualidade de vida do paciente com diabetes e a saúde mental também. Da mesma forma, indivíduos com alterações psicológicas também podem apresentar essas complicações de forma mais exacerbada”, afirma o endocrinologista Clayton Macedo, que coordena o Núcleo de Endocrinologia do Exercício e do Esporte do Hospital Israelita Albert Einstein. Leia também Saúde Homem é curado de diabetes 2 após transplante experimental, diz estudo Saúde Hábitos noturnos podem aumentar risco de diabetes, aponta estudo Saúde Dieta e exercícios revertem predisposição à diabetes 2, diz estudo Saúde Pré-diabetes aumenta o risco de doenças cardiovasculares, diz estudo Possíveis mecanismos O diabetes é uma doença multissistêmica, que combina fatores psicológicos e comportamentais com as alterações fisiopatológicas, principalmente metabólicas e hormonais. A gestão da condição, o controle da glicose, a adesão aos cuidados alimentares e a rotina de medicações são muito desgastantes para o paciente e, por isso, podem levá-lo a desenvolver quadros de ansiedade, depressão e estresse crônico. “Por isso, hoje em dia valorizamos como fator de risco o acesso ao tratamento e também as dificuldades em torno dele, especialmente o custo do tratamento ideal, que envolve desde as melhores medicações até a monitorização contínua. Há uma série de fatores que podem influenciar essa via bidirecional”, observa Macedo, que também coordena o ambulatório de Endocrinologia do Esporte da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Além disso, o diabetes descompensado gera um estado inflamatório no organismo, o que afeta negativamente a saúde mental e tem impacto na neuroplasticidade cerebral, levando a alterações de humor, perda cognitiva e até demência. “Isso, com certeza, impacta o status da doença”, pontua o endocrinologista. “Outro ponto importante é que pacientes com doença mental frequentemente apresentam autocuidado reduzido, comprometendo a adesão ao exercício, à dieta e ao uso correto das medicações. Novamente, o acesso a esses cuidados e à parte educativa também é prejudicado se o indivíduo não tem uma saúde mental adequada.” Macedo ressalta ainda que várias medicações psiquiátricas provocam ganho de peso, o que piora o controle da diabetes e causa resistência à insulina, podendo agravar o diabetes tipo 2. No caso da diabetes tipo 1, também é possível haver resistência à insulina. “O diabetes tipo 1 é caracterizado pela deficiência de insulina e apresenta um controle difícil. Se somar a isso a resistência à insulina, o quadro é ainda mais desafiador”, pontua o médico. No estudo, os autores indicam que em um período de 18 meses, até 50% das pessoas com diabetes podem ter sentimentos de angústia relacionados a sua saúde. No Brasil, não há essa estimativa, mas, segundo Macedo, existe um esforço da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) e das associações de diabetes para oferecer uma abordagem mais abrangente e multidisciplinar a quem sofre com a doença. Estima-se que sejam 20 milhões de pessoas no país, de acordo com a SBD. “Infelizmente, a realidade é que muitos recursos são limitados. O sistema público de saúde oferece as medicações mais básicas, mas precisamos lutar por melhorias. Hoje temos medicações eficazes e seguras, mas o sistema de monitoramento contínuo de glicose, por exemplo, não é acessível para todos com diabetes tipo 1”, critica Macedo. Na visão do endocrinologista, seria necessário também ampliar o acesso a cuidados nutricionais e atividade física, além do acompanhamento psicológico e psiquiátrico, quando necessário. 14 imagens Fechar modal. 1 de 14 A diabetes é uma doença que tem como principal característica o aumento dos níveis de açúcar no sangue. Grave e, durante boa parte do tempo, silenciosa, ela pode afetar vários órgãos do corpo, tais como: olhos, rins, nervos e coração, quando não tratada Oscar Wong/ Getty Images 2 de 14 A diabetes surge devido ao aumento da glicose no sangue, que é chamado de hiperglicemia. Isso ocorre como consequência de defeitos na secreção ou na ação do hormônio insulina, que é produzido no pâncreas moodboard/ Getty Images 3 de 14 A função principal da insulina é promover a entrada de glicose nas células, de forma que elas aproveitem o açúcar para as atividades celulares. A falta da insulina ou um defeito na sua ação ocasiona o acúmulo de glicose no sangue, que em circulação no organismo vai danificando os outros órgãos do corpo Peter Dazeley/ Getty Images 4 de 14 Uma das principais causas da doença é a má alimentação. Dietas ruins baseadas em alimentos industrializados e açucarados, por exemplo, podem desencadear diabetes. Além disso, a falta de exercícios físicos também contribui para o mal Peter Cade/ Getty Images 5 de 14 A diabetes pode ser dividida em três principais tipos. A tipo 1, em que o pâncreas para de produzir insulina, é a tipagem menos comum e surge desde o nascimento. Os portadores do tipo 1 necessitam de injeções diárias de insulina para manter a glicose no sangue em valores normais Maskot/ Getty Images 6 de 14 Já a diabetes tipo 2 é considerada a mais comum da doença. Ocorre quando o paciente desenvolve resistência à insulina ou produz quantidade insuficiente do hormônio. O tratamento inclui atividades físicas regulares e controle da dieta Artur Debat/ Getty Images 7 de 14 A diabetes gestacional acomete grávidas que, em geral, apresentam histórico familiar da doença. A resistência à insulina ocorre especialmente a partir do segundo trimestre e pode causar complicações para o bebê, como má formação, prematuridade, problemas respiratórios, entre outros Chris Beavon/ Getty Images 8 de 14 Além dessas, existem ainda outras formas de desenvolver a doença, apesar de raras. Algumas delas são: devido a doenças no pâncreas, defeito genético, por doenças endócrinas ou por uso de medicamento Guido Mieth/ Getty Images 9 de 14 É comum também a utilização do termo pré-diabetes, que indica o aumento considerável de açúcar no sangue, mas não o suficiente para diagnosticar a doença GSO Images/ Getty Images 10 de 14 Os sintomas da diabetes podem variar dependendo do tipo. No entanto, de forma geral, são: sede intensa, urina em excesso e coceira no corpo. Histórico familiar e obesidade são fatores de risco Thanasis Zovoilis/ Getty Images 11 de 14 Alguns outros sinais também podem indicar a presença da doença, como saliências ósseas nos pés e insensibilidade na região, visão embaçada, presença frequente de micoses e infecções Peter Dazeley/ Getty Images 12 de 14 O diagnóstico é feito após exames de rotina, como o teste de glicemia em jejum, que mede a quantidade de glicose no sangue. Os valores de referência são: inferior a 99 mg/dL (normal), entre 100 a 125 mg/dL (pré-diabetes), acima de 126 mg/dL (Diabetes) Panyawat Boontanom / EyeEm/ Getty Images 13 de 14 Qualquer que seja o tipo da doença, o principal tratamento é controlar os níveis de glicose. Manter uma alimentação saudável e a prática regular de exercícios ajudam a manter o peso saudável e os índices glicêmicos e de colesterol sob controle Oscar Wong/ Getty Images 14 de 14 Quando a diabetes não é tratada devidamente, os níveis de açúcar no sangue podem ficar elevados por muito tempo e causar sérios problemas ao paciente. Algumas das complicações geradas são surdez, neuropatia, doenças cardiovasculares, retinoplastia e até mesmo depressão Image Source/ Getty Images Siga a editoria de Saúde no Instagram e fique por dentro de tudo sobre o assunto! Notícias
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