Limpar a casa em excesso pode criar até superbactérias, diz estudo Ouvir 17 de janeiro de 2024 Para quem gosta de um ambiente bem limpo, é satisfatório sentir o cheiro de desinfetantes em casa. Entretanto, o uso excessivo deste tipo de produto pode gerar sérios riscos à saúde e contribuir até para a formação de superbactérias. Todo mundo conhece alguém (ou até é essa pessoa) que ama misturar produtos de limpeza de cheiro e ação intensos, como água sanitária, desinfetantes, vinagre e álcool, no momento de fazer a limpeza. Estas combinações, entretanto, podem ser prejudiciais tanto imediatamente como no futuro: no curto prazo, podem levar a irritações da pele, das mucosas e a intoxicações; com o tempo, podem até favorecer o desenvolvimento de bactérias resistentes que são prejudiciais à saúde. Leia também Saúde Inglaterra alerta para casos de superbactéria transmitida durante sexo Saúde Novas superbactérias estão surgindo em hospitais do Brasil, diz estudo Saúde Cientistas criam remédio capaz de combater 300 tipos de superbactérias Saúde Novo antibiótico usa método inovador para matar superbactéria. Entenda “Essas misturas loucas que fazemos de produtos de limpeza podem ser perigosas. Muitas pessoas acabam ficando intoxicadas por causa dos reagentes químicos”, explica o biomédico Roberto Martins Figueiredo, mais conhecido como Dr. Bactéria. “Além disso, não precisamos desinfetar nossas casas, não vivemos em um hospital. O ideal é limpar o ambiente sem pensar em torná-lo asséptico”, completa. Superbactérias filhas de desinfetantes Um estudo publicado em agosto de 2023 na revista Nature Microbiology por investigadores australianos mostrou que o uso generalizado de desinfetantes pode contribuir para o surgimento e propagação de bactérias multirresistentes. Os pesquisadores testaram a ação de dez desifetantes diluídos em água, como geralmente são usados para a limpeza residencial, e sua relação com a superbactéria Acinetobacter baumannii, frequente causadora de infecções hospitalares. A exposição da A. baumannii aos desinfetantes fez com que ela perdesse sua capa protetora em sete casos, mas a vulnerabilidade não foi o suficiente para matá-la. As bactérias conseguem recompor a barreira e se tornam mais resistentes a antibióticos que utilizam o mesmo mecanismo. Como diz o ditado, os produtos não mataram e ainda as fizeram ficar mais fortes. “Os produtos de limpeza podem promover a tolerância de A. baumannii a antibióticos que atuam intracelularmente, com ação semelhante à dos desinfetantes”, concluem os pesquisadores. “Deveríamos usar estes produtos com mais sabedoria”, indicam. Bactérias como a Acinetobacter baumannii podem se tornar mais resistentes com uso incorreto de desinfetantes Como fazer a limpeza correta? O Dr. Bactéria recomenda que não se use água sanitária na limpeza do chão. “O ideal é fazer uma mistura de água, bicarbonato e detergente. Só isso já é o bastante para limpar a maioria das superfícies sem manchar ou corroer. Só é necessário desinfetar os panos de pia, roupas usadas em hospitais ou o banheiro quando alguém está com uma virose, ou seja, quando temos que combater agentes que podem ser de fato contaminantes. Nesses casos, o ideal é usar os desinfetantes puros”, afirma. O biomédico alerta que é importante comprar desinfetantes de marcas conhecidas e recusar as misturas caseiras que não têm composição conhecida: “Bactéria não sente cheiro de lavanda ou de jasmin. O que importa é a ação do produto”, sentencia. Siga a editoria de Saúde no Instagram e fique por dentro de tudo sobre o assunto! Notícias
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