Popularidade do Ozempic reduz número de cirurgias bariátricas nos EUA Ouvir 27 de outubro de 2024 Um novo estudo revela uma mudança importante na forma de tratar a obesidade. Nos Estados Unidos, o uso de medicamentos GLP-1, como o Ozempic e Wegovy, mais que dobrou entre 2022 e 2023, enquanto as taxas de cirurgia bariátrica caíram 25,6%. A pesquisa, publicada no JAMA Network Open em 25 de outubro e conduzida pelo Mass General Brigham em parceria com especialistas de Harvard e da Brown University, analisou dados de mais de 17 milhões de norte-americanos com seguro privado e mostrou que a procura por esses medicamentos está remodelando as opções de tratamento para obesidade. “Nosso estudo fornece uma das primeiras estimativas nacionais do declínio na utilização da cirurgia metabólica bariátrica, enquanto observamos o aumento do uso de medicamentos GLP-1, que têm mostrado bons resultados no controle do peso,” disse Thomas C. Tsai, autor sênior e cirurgião bariátrico do Brigham and Women’s Hospital, em comunicado à imprensa. Leia também Saúde Emagrecer com Ozempic e Wegovy: ciência ou “hype”? Saúde Ozempic: qual a chance de Eduardo Paes distribuir medicação? Saúde Cirurgia bariátrica: veja mitos e verdades sobre o procedimento Saúde Pacientes que fazem bariátrica têm piora na saúde bucal após cirurgia Acesso a tratamento ainda é limitado Os pesquisadores destacam que, embora os GLP-1 RAs (agonistas do receptor do peptídeo semelhante ao glucagon-1) sejam eficazes para o controle de peso e condições relacionadas, como a diabetes, seu alto custo e efeitos colaterais, como desconforto gastrointestinal, têm limitado o acesso e a continuidade do tratamento. Além disso, enquanto o uso de medicamentos GLP-1 teve um aumento de 132,6% no período estudado, apenas 6% dos pacientes com obesidade tiveram acesso a qualquer forma de tratamento, seja cirúrgico ou farmacológico, apontando para uma lacuna significativa no acesso a terapias adequadas. Ainda assim, Tsai alerta para a necessidade de atenção contínua ao papel da cirurgia bariátrica, que permanece a intervenção mais duradoura e eficaz contra a obesidade. “A cirurgia bariátrica metabólica ainda é o tratamento mais eficaz e durável para a obesidade. Os esforços nacionais precisam melhorar o acesso a tratamentos contra a obesidade, tanto farmacológicos quanto cirúrgicos, para que os pacientes recebam o melhor cuidado,” afirma o pesquisador, que também é professor na Harvard Medical School. Popularização do Ozempic O estudo aponta ainda para o impacto que a popularização dos medicamentos pode ter nos centros especializados em cirurgia bariátrica. À medida que a procura pelo procedimento cai, é possível que muitos desses programas enfrentem dificuldades ou mesmo fechem suas portas, o que poderia restringir o acesso a um tratamento multidisciplinar essencial para pacientes que não podem ou não respondem bem ao tratamento com o GLP-1. O coautor do estudo, Ateev Mehrotra, presidente do departamento de Serviços de Saúde da Brown University School of Public Health, vê os resultados como uma oportunidade de reflexão. “A cirurgia bariátrica metabólica e os medicamentos são intervenções eficazes para pacientes com obesidade. No entanto, menos de 6% dos pacientes receberam qualquer um desses tratamentos,” reforça. Enquanto o número de pessoas com obesidade cresce, pesquisadores enfatizam que a evolução nas opções de tratamento — cirúrgicas, farmacológicas e endoscópicas — exige um acompanhamento constante de acesso e eficácia. Os cientistas destacam que mais pesquisas são necessárias para compreender os impactos dessa mudança na saúde dos pacientes a longo prazo, especialmente em relação ao uso de intervenções cirúrgicas em comparação aos medicamento. 3 imagens Fechar modal. 1 de 3 Tanto o Ozempic quanto o Mounjaro são medicamentos para controlar a diabetes Shutterstock 2 de 3 A perda de peso é um efeito colateral das medicações Reprodução 3 de 3 Os remédios são usados “off label” para perda de peso Getty Images Siga a editoria de Saúde no Instagram e fique por dentro de tudo sobre o assunto! Notícias
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