Rodriguinho: bebê com problema cardíaco busca ajuda para tratamento Ouvir 28 de janeiro de 2024 Apesar de ter apenas dois anos, o pequeno Rodriguinho vem lutando pela vida desde o primeiro suspiro. “Um médico que nos atendia chegou a perguntar se não íamos interromper a gestação, já que não havia jeito do meu filho sobreviver”, lembra o pai do menino, André Bitarães, 37 anos. O mineiro de Belo Horizonte, no entanto, vive. Mas a batalha continua. Logo depois do parto, ele passou por duas cirurgias de peito aberto para tentar corrigir uma malformação cardíaca rara que, apesar dos esforços da equipe médica, ainda é uma ameaça à sua saúde. Agora, uma viagem aos Estados Unidos se tornou a última esperança da família de dar uma vida normal à criança. Leia também Saúde Conheça o caso de menina de 5 meses que tem buracos no coração Distrito Federal Milagre de Clara: bebê que recebeu coração em transplante tem alta Leo Dias Ex-BBB Eliezer é diagnosticado com síndrome rara no coração Saúde Silêncio! Barulho durante o sono pode prejudicar coração, diz Harvard A doença de Rodriguinho O pequeno tem síndrome de hipoplasia cardíaca esquerda (SHCE) borderline. A condição cardíaca rara é congênita, ou seja, ocorre durante a formação do feto, ainda na gestação. Ela acomete um a cada 10 mil nascidos e é responsável por uma a cada cinco mortes cardíacas na primeira semana de vida. “É uma doença grave que requer cirurgia logo após o nascimento. Bebês com SHCE têm uma malformação na parte esquerda do coração, que é atrofiada. Ela é responsável pelo bombeamento e distribuição do sangue oxigenado, recebido do pulmão, para o restante do corpo”, explica o cardiologista Ricardo Cals, médico cardiologista do Hospital Santa Lúcia Norte. Por ser uma condição que pode matar rapidamente, é essencial que a SHCE seja identificada durante os exames de pré-natal. A cirurgia é feita no máximo na primeira semana de vida para remodelar o coração e é completada em mais duas etapas: um novo procedimento aos três meses e o último, aos três anos. Com o conjunto de operações, o órgão passa a bombear todo o sangue pela cavidade direita, que faz o trabalho dos dois lados. A técnica é um paliativo: o órgão fica permanentemente sobrecarregado e, portanto, mais exposto a falhas. Mas, por anos, essa foi a única opção de sobrevida para bebês com SHCE. Rodriguinho já passou pelas primeiras cirurgias, mas a única chance de resolver de vez a situação é um procedimento ainda experimental e especializado feito nos Estados Unidos. O Hospital da Criança de Boston possui um núcleo especializado em cirurgia de reparo complexo biventricular. Ela permite que a parte atrofiada do coração seja recuperada, restaurando o funcionamento ideal do órgão. Entretanto, o procedimento é complexo e só pode ser feito em algumas crianças com SHCE: os pacientes precisam ter exames que identificaram viabilidade da parte malformada. É o caso de Rodriguinho. Porém, a má notícia é que, para realizar o procedimento, a família precisa juntar pelo menos R$ 2 milhões em uma corrida contra o relógio: a cirurgia tem mais chance de sucesso se realizada até os 24 meses e Rodriguinho já está com 26. A cada momento, seu coração perde a plasticidade necessária para uma boa recepção da intervenção. A família já se mudou para São Paulo por causa do tratamento do bebê e agora pretende ir a Boston, nos EUA A luta pelo diagnóstico Rodriguinho é o primeiro filho de André e de sua esposa, Ana Luiza, de 31 anos. Muito esperado, ele foi desde sempre motivo de alegria para os pais, e o diagnóstico só foi feito a tempo por causa de uma pulga colocada atrás da orelha deles. O médico que fazia o pré-natal do bebê não desconfiava que houvesse algo de errado com a criança. Mas, ao ouvir uma amiga defendendo a realização do ecocardiograma fetal (um exame cardíaco complexo que não faz parte dos levantamentos obrigatórios), o casal quis fazê-lo. “Insistimos para fazer esse teste, mas tínhamos certeza de que tudo viria normal. A Ana Luiza estava na 28 semana de gestação. Estávamos tranquilos, examinando por segurança, quando descobrimos que o lado esquerdo do coração do Rodriguinho era bem menor do que deveria ser. Foi um baque”, lembra André. A família não teve muito tempo para processar a notícia: o tratamento deveria começar assim que fosse feito o parto. A família se mudou para São Paulo cinco semanas depois em busca de tratamento especializado, já que a maioria dos pediatras que consultaram nunca tinham visto um caso de SHCE como o de Rodriguinho. Rodriguinho logo após sua primeira cirurgia, internado em uma UTI em São Paulo As primeiras cirurgias Como previsto, Rodriguinho passou por uma cirurgia sete dias depois de nascer. Ele seguiu internado ganhando peso para fazer a segunda cirurgia, aos três meses de idade. Os primeiros contatos dos pais com o menino foram segurando sua mão na incubadora. “Foram praticamente quatro meses de internação e fazendo cirurgias muito invasivas, de peito aberto. Era difícil para nós, mas também é complicado para ele. Meu filho tem só dois anos e tem um trauma de médicos que ficou deste período. Ele chora só de entrar em um consultório, é incrível como essa dor ficou memorizada para ele”, conta a mãe do menino. Devido aos meses de internação, Rodriguinho teve complicações no desenvolvimento. Ele teve um atraso motor, já que ficou muito tempo internado e deitado sem poder ficar de bruços. O pequeno demorou a engatinhar e a começar a falar. As consequências mais graves da SHCE borderline, porém, são invisíveis a olho nu. Ele tem saturação sanguínea menor do que a maioria das pessoas, cerca de 20% mais baixa do que o esperado, e também corre mais risco de infarto, problemas no fígado e trombose. “Sabemos que há uma chance maior de ele ter um problema grave e entrar numa fila de transplante de coração, lutando para ter uma coisa que a gente considera tão básica: o batimento do coração”, lamenta Ana. “Ele não consegue entender o que está acontecendo. Rodriguinho percebe quando estamos tristes, quando eu e o André temos medo, mas como explicar para uma criança que acabou de fazer 2 anos tudo que ele passou e ainda vai ter que passar?” Rodriguinho já fez duas cirurgias cardíacas de peito aberto. A primeira foi aos sete dias de vida A esperança nos EUA A maior esperança da família é que Rodriguinho consiga fazer a nova cirurgia em Boston e, com sorte, que seu coração comece a funcionar regularmente. “Nós não conhecíamos esse procedimento, mas quando soubemos, não hesitamos em organizar nossa vida para ir”, afirma André. O pai do menino trabalha em uma multinacional e tentou transferência para os Estados Unidos, onde seria mais fácil pleitear a realização do procedimento, mas o visto da família foi negado. “Foi um desespero receber a notícia, ainda mais pelo custo da cirurgia”, lamenta o pai do bebê. Apesar do alto preço e do estresse de correr contra o relógio, a família não desistiu da cirurgia: venderam casa e carro, somando meio milhão de reais, e já receberam R$ 124 mil em campanhas de financiamento on-line. A esperança segue forte. “Prometi ao Rodrigo, ainda antes de ele nascer, que eu jamais desistiria dele, não importa quão grande fosse o desafio. Por isso, decidimos fazer a vaquinha e vender tudo. É a criança mais maravilhosa, mais cheia de vida do mundo”, afirma o pai. O sentimento de esperança é o mesmo da mãe. “Sempre brinquei que o Rodriguinho tem algumas vidas, igual um gatinho. Ele ganhou uma nova chance na primeira cirurgia e outra na segunda. Hoje, a gente corre atrás de mais uma vida para ele, e que ela seja a melhor possível: normal, longa, em que ele possa ter tranquilidade”, sonha a mãe. Para contribuir com a vaquinha da família, acesse este link. Siga a editoria de Saúde no Instagram e fique por dentro de tudo sobre o assunto! Notícias
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