Vacina da dengue para 60+: quais os riscos de fazer uso off label? Ouvir 31 de janeiro de 2024 O Brasil enfrenta luta contra a dengue. Apenas nas primeiras semanas do ano, foram registrados 217.841 casos prováveis da doença, segundo dados do Ministério da Saúde divulgados na terça-feira (30/1). Uma das formas de proteção contra a dengue é a imunização em duas doses com a vacina Qdenga, a primeira de uso geral aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para pessoas com idades entre 4 e 60 anos. Embora os idosos sejam os mais vulneráveis aos casos graves e mortes por dengue, a Qdenga não foi indicada para o grupo etário porque os estudos apresentados pela farmacêutico à agência reguladora não continham informações sobre segurança e eficácia para o público. Leia também Brasil Dengue: Saúde quer distribuir doses a partir da 2ª semana de fevereiro Brasil Dengue: Brasil já tem mais de 217 mil casos e 15 mortes confirmadas Saúde Xô, dengue! Saiba como evitar que sua casa vire criadouro de mosquitos Saúde Dengue: saiba quais são os sintomas da forma grave da doença “Os dados apresentados para a Anvisa não incluíram estudos com essa faixa etária, portanto não foram avaliados dados de eficácia da vacina com adultos acima de 60 anos”, explicou a agência, em nota. Procurada pelo Metrópoles, a Takeda informou que, até o momento, não há previsão de novos dados sobre a vacinação da Qdenga em pessoas com mais de 60 anos. “A avaliação e o registro de Qdenga baseiam-se em um robusto programa de desenvolvimento clínico, ao longo de 15 anos, que incluiu mais de 28 mil participantes de 1 ano e 6 meses a 60 anos de idade, vivendo em áreas endêmicas e não endêmicas para dengue que estão distribuídas em 13 países em todo o mundo. Importante ressaltar que cada agência regulatória analisa os dados independentemente, e sua decisão e definição da indicação cabem apenas ao órgão competente de cada país”, informa. Recentemente, a Agência Europeia de Medicamentos (EMA) e a Administración Nacional de Medicamentos, Alimentos y Tecnología Médica (ANMAT), agência regulatória da Argentina, aprovaram o uso da Qdenga para a população a partir de 4 anos e sem limite de idade, considerando os potenciais benefícios na proteção de idosos. Por que o Brasil não segue o exemplo das agências internacionais? A pediatra Flávia Bravo, diretora da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), considera que primeiro é preciso entender o contexto em que a vacina foi autorizada para a população idosa em outros países. A Europa não tem histórico de surtos de dengue como o Brasil e outros países tropicais, onde a incidência do mosquito Aedes aegypti é muito maior. Logo, a vacinação não foi incorporada ao calendário, mas indicada apenas para as pessoas que vão viajar para regiões de alto risco. Ainda assim, ela é aplicada somente sob orientação médica. “Nós precisamos entender que nenhum país introduziu a vacina no calendário público. A Argentina assumiu o risco da ausência de dados porque essa faixa etária tem um risco maior ao contrair a doença. O Brasil vive uma situação diferente. Se introduzirmos uma vacinação em massa, sem saber quais efeitos adversos podem acontecer, o impacto pode ser muito grande”, explica Bravo. De acordo com a diretora da SBIm, o uso off label do imunizante deve ser feito apenas sob orientação médica, uma vez que não há dados que comprovem a segurança (com a ausência de riscos à saúde) ou a eficácia dele em pessoas mais velhas. “É uma decisão que deve ser compartilhada entre médico e paciente”, afirma. É importante levar em consideração que a vacina é produzida com o vírus vivo atenuado, o que a torna contraindicada para as pessoas com imunodeficiências primárias ou adquiridas, incluindo terapias, independentemente da idade. 3 Cards_Galeria_de_Fotos (4) A dengue é uma doença infecciosa transmitida pela picada do mosquito Aedes aegypti. Com maior incidência no verão, tem como principais sintomas: dores no corpo e febre alta. Considerada um grave problema de saúde pública no Brasil, a doença pode levar o paciente a morte Joao Paulo Burini/Getty Images ***Foto-mosquito-da-dengue.jpg O Aedes aegypti apresenta hábitos diurnos, pode ser encontrado em áreas urbanas e necessita de água parada para permitir que as larvas se desenvolvam e se tornem adultas, após a eclosão dos ovos, dentro de 10 dias Joao Paulo Burini/ Getty Images ***Foto-mosquito-da-dengue-2.jpg A infecção dos humanos acontece apenas com a picada do mosquito fêmea. O Aedes aegypti transmite o vírus pela saliva ao se alimentar do sangue, necessário para que os ovos sejam produzidos Joao Paulo Burini/ Getty Images ***Foto-mosquito-da-dengue-3.jpg No geral, a dengue apresenta quatro sorotipos. Isso significa que uma única pessoa pode ser infectada por cada um desses micro-organismos e gerar imunidade permanente para cada um deles. Ou seja, é possível ser infectado até quatro vezes Bloomberg Creative Photos/ Getty Images ***Foto-pessoa-olhando-termometro.jpg Os primeiros sinais, geralmente, não são específicos. Eles surgem cerca de três dias após a picada do mosquito e podem incluir: febre alta, que geralmente dura de 2 a 7 dias, dor de cabeça, dores no corpo e nas articulações, fraqueza, dor atrás dos olhos, erupções cutâneas, náuseas e vômitos Guido Mieth/ Getty Images ***Foto-pessoa-deitada-em-maca-hospitalar.jpg No período de diminuição ou desaparecimento da febre, a maioria dos casos evolui para a recuperação e cura da doença. No entanto, alguns pacientes podem apresentar sintomas mais graves, que incluem hemorragia e podem levar à morte Peter Bannan/ Getty Images ***Foto-pessoa-em-frente-a-vaso-vomitando.jpg Nos quadros graves, os sintomas são: vômitos persistentes, dor abdominal intensa e contínua, ou dor quando o abdômen é tocado, perda de sensibilidade e movimentos, urina com sangue, sangramento de mucosas, tontura e queda de pressão, aumento do fígado e dos glóbulos vermelhos ou hemácias no sangue Piotr Marcinski / EyeEm/ Getty Images ***Foto-pessoa-sentada-em-cama-de-hospital.jpg Nestes casos, os sintomas resultam em choque, que acontece quando um volume crítico de plasma sanguíneo é perdido. Os sinais desse estado são pele pegajosa, pulso rápido e fraco, agitação e diminuição da pressão Image Source/ Getty Images ***Foto-pessoa-deitada-no-chao.jpg Alguns pacientes podem ainda apresentar manifestações neurológicas, como convulsões e irritabilidade. O choque tem duração curta, e pode levar ao óbito entre 12 e 24 horas, ou à recuperação rápida, após terapia antichoque apropriada Getty Images ***Foto-pessoa-segurando-remedio-nas-maos.jpg Apesar da gravidade, a dengue pode ser tratada com analgésicos e antitérmicos, sob orientação médica, tais como paracetamol ou dipirona para aliviar os sintomas Guido Mieth/ Getty Images ***Foto-pessoa-deitada-em-maca-hospitalar-2.jpg Para completar o tratamento, é recomendado repouso e ingestão de líquidos. Já no caso de dengue hemorrágica, a terapia deve ser feita no hospital, com o uso de medicamentos e, se necessário, transfusão de plaquetas Getty Images Voltar Progredir 0 Vacina não elimina cuidados Bravo lembra que, independentemente da faixa etária, os cuidados pessoais com o uso de repelente, telas em casa e combate aos focos de dengue não devem ser deixados de lado após a vacinação. “A vacina não é a solução de todos os problemas. Ela é mais uma ferramenta para a proteção. Ao apresentar sintomas, as pessoas devem procurar atendimento médico. A dengue precisa ser diagnosticada e tratada”, considera Bravo. Siga a editoria de Saúde no Instagram e fique por dentro de tudo sobre o assunto! Notícias
Segredos dos centenários saudáveis e dos super centenários do Brasil 12 de julho de 2024 O conhecimento das características de pessoas que chegam aos 100 anos com saúde e disposição é uma área de interesse crescente da ciência. No laboratório de pesquisa que coordeno na Universidade de São Paulo (USP), o Centro de Estudos do Genoma Humano e Células-Tronco, estamos estudando centenários saudáveis e um… Read More
Notícias Veneno de cascavel tem potencial para combater o câncer, diz estudo 19 de março de 2024 O veneno da cobra cascavel (Crotalus durissus terrificus) pode ajudar no combate ao câncer, afirmam pesquisadores do Instituto Butantan, de São Paulo. Segundo estudo realizado por eles em parceria com pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade de Ribeirão Preto (Unaerp), uma das substâncias presentes no veneno… Read More
Amamentação prolongada diminui risco de obesidade infantil, diz estudo 15 de janeiro de 2024 A amamentação por mais de seis meses está associada a um baixo risco de obesidade infantil, de acordo com um estudo apresentado na Reunião Anual da Associação Europeia para o Estudo da Diabetes (EASD), que aconteceu na Alemanha em outubro de 2023. O ato de amamentar posterga o consumo de… Read More