Maconha está associada a mudanças na estrutura cerebral, sugere estudo Ouvir 29 de outubro de 2024 Um estudo feito na Universidade de Oxford, no Reino Unido, mostra evidências de que usar maconha apenas uma vez na vida pode ser o suficiente para provocar mudanças na estrutura do cérebro. Imagens de exames de ressonância magnética cerebral mostraram uma relação entre o uso da maconha em qualquer momento da vida com uma menor concentração de massa branca no cérebro – uma parte vital para a função cognitiva associada ao aprendizado. Leia também Saúde Cannabis medicinal e dor crônica: saiba como funciona o tratamento Saúde Cannabis é futuro do tratamento da dor no câncer, dizem especialistas Saúde Cientistas americanos descobrem por que cannabis causa fome e larica Saúde Câncer de próstata: cannabis pode complementar tratamento da doença Em um artigo publicado no BMJ Mental Health nesta quarta-feira (30/10), os pesquisadores destacam que o uso da cannabis está associado a efeitos prejudiciais no desempenho neurocognitivo, estrutura cerebral, e ainda não se sabe se há um limite seguro para o uso dela. Eles reconhecem que mais estudos precisam ser feitos para comprovar as descobertas. Maconha e cérebro humano O estudo foi feito a partir de dados de 15.896 pessoas inscritas no UK Biobank. O banco de dados é composto por imagens de ressonância magnética do cérebro dos participantes, os perfis genéticos deles e por informações sobre o uso de cannabis e outras substâncias. Durante as entrevistas, os participantes relataram se “já haviam usado cannabis” e a frequência de uso — com opções de resposta variando de uma ou duas vezes a mais de cem vezes. Pelo menos 3.641 pessoas afirmaram ter usado cannabis em algum momento da vida. Eles foram separados nos grupos: Usuários de baixa frequência, definidos como uso de cannabis até 10 vezes ao longo da vida; Usuários de alta frequência, definidos como uso de 11 a mais de cem vezes ao longo da vida. Os outros 12.225 participantes disseram nunca ter usado cannabis e entraram para o grupo de comparação dos resultados. Os pesquisadores ainda levaram em conta fatores como peso, idade, sexo, escolaridade, situação de emprego, tabagismo e consumo de álcool, pressão arterial, estado mental e outras variáveis relacionadas a imagens cerebrais. Os exames de imagem mostraram que os participantes que usaram maconha em algum momento apresentavam uma integridade da substância branca mais pobre. Ela conecta diferentes regiões do cérebro, desempenhando um papel importante no aprendizado, resolução de problemas e equilíbrio durante a caminhada. Os usuários de maconha tinham conectividade mais fraca para a comunicação entre os lados direito e esquerdo do órgão e também em partes do cérebro que são consideradas ativas durante divagações mentais ou devaneios em estado de repouso. De acordo com os pesquisadores, essas áreas do cérebro são densamente preenchidas com receptores canabinóides, células que reagem à presença da droga no corpo. “Usuários de cannabis tinham diferenças significativas na estrutura e função do cérebro, mais notavelmente para marcadores de integridade da microestrutura da substância branca inferior. Análises genéticas não encontraram suporte para relações causais subjacentes a essas associações observadas”, acrescentam. Nem a duração da abstinência de cannabis nem a frequência do uso foram fortemente associadas a nenhuma das mudanças na estrutura e função do cérebro. O estudo não aponta uma faixa etária específica que possa ser mais crítica para os efeitos no cérebro, como a adolescência ou início da vida adulta. Os pesquisadores buscaram entender a relação entre o uso da cannabis e possíveis mudanças na estrutura do cérebro Diferenças entre homens e mulheres O estudo sugere que o uso de cannabis afeta homens e mulheres de forma diferente. Enquanto mudanças significativas relacionadas ao uso da cannabis foram observadas em seis regiões cerebrais específicas dos homens, nas mulheres elas se espalharam por 24 estruturas cerebrais e regiões funcionais. Os pesquisadores reconhecem que o estudo tem algumas limitações e não é possível fazer uma relação direta de causa e efeito porque algum outro fator ainda não identificado poderia ser o responsável pelas alterações cerebrais. Além disso, a falta de diversidade dos participantes pode limitar os resultados. O estudo foi baseado em informações contidas no UK Biobank, um banco de dados do Reino Unido composto predominantemente por participantes brancos saudáveis. “Nossos resultados precisam ser interpretados com consideração cuidadosa. Pesquisas adicionais são necessárias para entender os efeitos do uso excessivo de cannabis nessa população, incluindo considerações sobre a potência e informações relacionadas para informar políticas públicas”, dizem os pesquisadores. Siga a editoria de Saúde no Instagram e fique por dentro de tudo sobre o assunto! Notícias
Notícias Pirulla: médicos explicam o que pode levar pessoas jovens a terem AVC 31 de maio de 2025 O divulgador científico Pirulla, de 43 anos, sofreu um acidente vascular cerebral (AVC) na noite do último domingo (25/5). O caso dele, que segue internado em uma UTI em São Paulo, foi comunicado por youtubers parceiros nessa sexta-feira (30/5) para que fãs contribuam com uma vaquinha para mantê-lo durante sua… Read More
Suplementos podem melhorar a memória de idosos, revela estudo 5 de março de 2024 Um novo estudo conduzido no Reino Unido revela que suplementos de proteínas e probióticos podem melhorar a função cognitiva, principalmente a memória, em pessoas com 60 anos ou mais. Esse tipo de complemento é utilizado para evitar o mau envelhecimento do intestino, mas evidências apontam que também pode beneficiar o… Read More
Notícias Por que o jejum não “limpa” seu corpo, nem ajuda a curar o câncer 14 de novembro de 2025 *O artigo foi escrito por Justin Stebbing, professor de ciências biomédicas da Universidade Anglia Ruskin, na Inglaterra, e publicado na plataforma The Conversation Brasil. A cada poucos meses, uma nova “cura milagrosa” para o câncer vira tendência nas redes sociais. De superalimentos e suplementos a dietas radicais, as promessas são… Read More