“Vivi 2 anos com sonda”, diz paciente que fez 18 cirurgias abdominais Ouvir 6 de abril de 2025 Em dezembro de 2015, João Pedro Domingues, então com 25 anos, sentiu uma dor intensa que irradiava do abdômen para as costas. Naquele momento, ele não sabia que uma pancreatite aguda o acometia e alteraria sua vida para sempre. O tratamento das consequências da inflamação levou o jornalista, hoje com 34 anos, a passar por mais de 18 cirurgias abdominais e a viver por dois anos se alimentando por meio de sonda. João Pedro foi para o hospital acreditando ter uma crise de gastrite, já que tinha crises de vômito e dificuldades de se alimentar. Mas acabou sendo diagnosticado com pancreatite, o que o obrigou a ter sua primeira sonda. 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Com o diagnóstico confirmado, a primeira cirurgia foi realizada duas semanas depois da internação para remover a parte do pâncreas que estava necrosada, mas o processo estava longe de terminar. Nos dois anos seguintes, João Pedro teve que fazer múltiplos procedimentos para tentar retirar as inflamações. “Eu até tinha uma previsão de alta, lá em dezembro de 2015, mas não aconteceu por conta de uma infecção hospitalar devido à primeira cirurgia. Acho que foram mais de 18 cirurgias para lavagem de cavidade, para tirar pus e bactérias e evitar uma infecção generalizada. Tive que ir ao centro cirúrgico três vezes em uma mesma semana”, comenta sobre o longo período de hospitalização. Alimentação por sonda: um suporte vital Enquanto João Pedro se submetia às constantes cirurgias, a alimentação enteral (por sonda) se manteve por cinco meses como a única forma de garantir a nutrição dele. Mesmo quando voltou a integrar líquidos e alimentos aos poucos na dieta, este tipo de nutrição se manteve para garantir sua saúde. A nutrição enteral faz a introdução de alimentos diretamente no trato gastrointestinal por meio de sondas, evitando a desnutrição, problema grave para pacientes internados por longos períodos. De acordo com a nutricionista Kathia Schmider, coordenadora técnica da Associação Brasileira da Indústria de Alimentos para Fins Especiais (ABIAD), a abordagem é vital para indivíduos com dificuldades de absorção de nutrientes, como ocorre também em muitos casos pós-cirúrgicos. “Essas fórmulas são desenvolvidas para garantir que, independentemente do tipo de acesso, o paciente receba os nutrientes de forma adequada, segura e eficaz. As vias de acesso mais utilizada em adultos são a nasogástrica e nasoduodenal. Mas existem também as que não dependem do nariz, como a gastrostomia e jejunostomia [acessos no abdômen, em diferentes alturas]”, explica ela. 2 imagens Fechar modal. 1 de 2 “Essa no corredor do Hospital da Lagoa com a equipe de enfermagem e minha mãe (na minha esquerda)”, diz João Pedro Repródução/Acervo pessoal 2 de 2 João ao lado da nutricionista Valéria Rosenfeld, que cuidou de sua nutrição Repródução/Acervo pessoal Resiliência e cuidados constantes A internação de João Pedro se estendeu por dois anos. Além da sonda enteral, neste período ele também usou a paraenteral — em que se administram nutrientes através de cateteres intravenosos —, após descobrir que uma ferida no intestino fazia com que 20% de tudo que ingeria vazasse para o abdômen. Durante esse período, o rapaz precisou não só de cuidados médicos, mas também de um preparo psicológico constante. “A ansiedade e a incerteza eram enormes, mas mantive a calma e a confiança”, afirma. Segundo ele, esse equilíbrio emocional foi crucial para suportar as dificuldades e se manter focado na recuperação. O sucesso no tratamento de João Pedro não foi resultado de um único fator, mas da combinação de diversas ações e da colaboração de profissionais de diferentes áreas. Além dos médicos, a participação de nutricionistas, enfermeiros e outros especialistas foi crucial. “Eu era muito vigilante com a limpeza da sonda, do cateter e com os cuidados com ele, porque sabia que era a minha saída, era o que me permitia estar ali lutando pela vida”, conta João Pedro, que teve a dieta modificada ao longo do tempo, com formulações específicas para sua condição. Após os cinco meses iniciais, os nutricionistas decidiram iniciar procedimentos de alimentos pastosos com o jornalista. “Lembro de começar com os sorvetes, mas levou mais de um ano e meio para retomar a alimentação. Eu me lembro do dia em que pude comer coisas fora do hospital e comi um churrasco. Nossa, foi maravilhoso”, recorda. A mudança de perspectiva: a colostomia Além das cirurgias e da alimentação enteral, João Pedro também precisou lidar com a utilização de uma bolsa de colostomia, que permaneceu com ele por um ano. Para muitos pacientes, o uso desse dispositivo pode ser um desafio emocional. O jornalista, no entanto, encontrou maneiras de contornar o estigma. “Usava a bolsa com naturalidade, ia à praia, ao cinema, como qualquer pessoa. Até no Maracanã eu fui — não senti vergonha. Para mim, a bolsa representava uma possibilidade de continuar com a vida, mesmo em meio a tantas limitações”, diz. A atitude positiva e a capacidade de enxergar além das dificuldades foram fundamentais para que ele mantivesse uma rotina minimamente normal neste longo tratamento. A recuperação em uma cirurgia final Após mais de um ano e meio de tratamento, João Pedro finalmente começou a se alimentar normalmente, sem a necessidade de sonda ou bolsas. Sua última cirurgia, uma reconstrução do trânsito intestinal, foi decisiva para a recuperação. “Essa era uma cirurgia de alto risco, mas após tantos procedimentos acreditamos que valeria a pena tentar. Ali retiraram a parte do meu intestino que estava comprometida e descobriram que um cálculo na vesícula, que nunca tinha sido diagnosticado, foi o causador da pancreatite inicial. Então tiraram a minha vesícula também”, diz João Pedro. Desde então, ele pôde voltar a se alimentar normalmente e retomou sua vida. “Foi o que me deu alta, o que me fez voltar a viver sem os dispositivos”, relata com alívio. Hoje, o jornalista não precisa de nenhuma nutrição especial. Siga a editoria de Saúde e Ciência no Instagram e no Canal do Whatsapp e fique por dentro de tudo sobre o assunto! Notícias
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