Um estudo publicado em 10 de outubro na revista Cell Reports descobriu que um dos fungos que causa a candidíase vaginal também atinge o cérebro e é capaz de levar a alterações fisiológicas que causam sintomas semelhantes aos do Alzheimer.
Os pesquisadores do Baylor College of Medicine, nos Estados Unidos, descobriram como o fungo Candida albicans entra no cérebro de camundongos e leva ao acúmulo da proteína beta amilóide — o fenômeno também acontece em pacientes com Alzheimer e está relacionado ao desenvolvimento de demência. Os ratinhos apresentaram principalmente perda de memória por causa da infecção.
Análises anteriores de autópsias do cérebro de pessoas com doenças neurodegenerativas descobriram que a maioria delas possuía traços do fungo no órgão. O levantamento americano buscou entender como a infecção funciona em nível molecular para gerar a mesma reação em cadeia da demência.

O ciclo do fungo no cérebro
Segundo os pesquisadores, o C. albicans usa enzimas para romper as barreiras do cérebro, onde consegue se multiplicar com maior liberdade. As substâncias também quebram a proteína beta-amiloide, o que acaba acionando as células de limpeza do órgão.
Fragmentadas, as proteínas se acumulam, gerando as placas relacionadas ao Alzheimer. Porém, em cérebros jovens, o sistema de limpeza se organiza rapidamente para lutar contra o invasor e a maioria das infecções dura cerca de 10 dias.

Conexão com o Alzheimer
Em ratos idosos, que não tinham um sistema de limpeza do cérebro tão eficiente, as infecções fúngicas se alastraram pelo cérebro. O sistema de defesa, incapaz de combater a infecção, permitiu o acúmulo das proteínas em placas.
Os pesquisadores sugerem que combater o acúmulo de placas não parece ser uma resposta eficiente contra doenças como o Alzheimer, já que as investigações indicam que elas não são a causa, mas uma consequência das demências.
“Nossas descobertas mostram que é preciso pensar em terapias inovadoras para essas doenças, pensando nas infecções que podem estar atingindo o cérebro, como a do fungo C. albicans“, explica o imunologista Dacid Corry, um dos autores principais do estudo, em comunicado à imprensa.

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Alzheimer é uma doença degenerativa causada pela morte de células cerebrais e que pode surgir décadas antes do aparecimento dos primeiros sintomas
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Por ser uma doença que tende a se agravar com o passar dos anos, o diagnóstico precoce é fundamental para retardar o avanço. Portanto, ao apresentar quaisquer sintomas da doença é fundamental consultar um especialista
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Apesar de os sintomas serem mais comuns em pessoas com idade superior a 70 anos, não é incomum se manifestarem em jovens por volta dos 30. Aliás, quando essa manifestação “prematura” acontece, a condição passa a ser denominada Alzheimer precoce
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Na fase inicial, uma pessoa com Alzheimer tende a ter alteração na memória e passa a esquecer de coisas simples, tais como: onde guardou as chaves, o que comeu no café da manhã, o nome de alguém ou até a estação do ano
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Desorientação, dificuldade para lembrar do endereço onde mora ou o caminho para casa, dificuldades para tomar simples decisões, como planejar o que vai fazer ou comer, por exemplo, também são sinais da manifestação da doença
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Além disso, perda da vontade de praticar tarefas rotineiras, mudança no comportamento (tornando a pessoa mais nervosa ou agressiva), e repetições são alguns dos sintomas mais comuns
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Segundo pesquisa realizada pela fundação Alzheimer’s Drugs Discovery Foundation (ADDF), a presença de proteínas danificadas (Amilóide e Tau), doenças vasculares, neuroinflamação, falha de energia neural e genética (APOE) podem estar relacionadas com o surgimento da doença
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O tratamento do Alzheimer é feito com uso de medicamentos para diminuir os sintomas da doença, além de ser necessário realizar fisioterapia e estimulação cognitiva. A doença não tem cura e o cuidado deve ser feito até o fim da vida
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