Casos de câncer de fígado duplicarão no mundo em 25 anos, diz estudo Ouvir 29 de julho de 2025 O número de casos de câncer de fígado deve quase que dobrar até 2050, segundo projeções publicadas na revista The Lancet, na segunda-feira (28/7). A estimativa é que o total de diagnósticos mundiais suba dos 870 mil registrados em 2022 para 1,5 milhão nos próximos 25 anos. O aumento será impulsionado por fatores evitáveis. Mais de 60% dos casos previstos estão ligados a causas que podem ser controladas. Entre elas, estão as hepatites virais (para as quais há vacina), o consumo de álcool e a doença hepática esteatótica, conhecida como fígado gorduroso. Leia também Saúde Estatinas podem reduzir risco de câncer de fígado, aponta estudo Saúde Sintomas comuns podem indicar câncer de fígado. Saiba quais são É o bicho! Câncer de fígado em cães: veja os sinais silenciosos da doença Claudia Meireles Médico aponta qual é a pior bebida para quem tem gordura no fígado O relatório feito por médicos da China, Estados Unidos, França e Japão destaca que reduções modestas, incentivadas por bons hábitos, poderiam levar a até 17 milhões de diagnósticos a menos e 15 milhões de mortes até 2050. O câncer de fígado é hoje a terceira causa mais comum de morte por câncer no mundo. A líder da comissão, a professora Valérie Paradis, do Hospital Beaujon (França), afirmou que o problema deve ser avo de uma conscientização global. “Comparado a outros tipos de câncer, o de fígado é muito difícil de tratar, mas apresenta fatores de risco que ajudam a definir estratégias específicas de prevenção. Com esforços conjuntos e contínuos, acreditamos que muitos casos podem ser prevenidos e que tanto a sobrevida quanto a qualidade de vida dos pacientes serão consideravelmente melhoradas”, disse em comunicado à imprensa. Principais sintomas do câncer de fígado Hoje, o câncer de fígado é o sexto mais comum no mundo. Suas princiapis causas são infecções mal-tratadas ou silenciosas de hepatite e o consumo abusivo de álcool. Além das hepatites virais e do álcool, ele pode ser desencadeado por cirrose, doenças hereditárias, exposição a toxinas e obesidade. Grande parte dos pacientes não apresenta sintomas nos estágios iniciais do câncer primário de fígado. No entanto, caso se manifestem, é importante ficar de olho em: emagrecimento sem causa identificável; perda do apetite; e dor na parte superior do abdômen. Os sintomas mais característicos da doença e de outros problemas no fígado são: coloração amarelada da pele e no interior dos olhos (icterícia) e fezes com coloração esbranquiçada. Também são sinais de alerta para este e outros tipos de câncer: náusea e vômito; sensação de fraqueza; fadiga e inchaço abdominal. Obesidade e álcool impulsionam tendência A forma mais agressiva das doenças inflamatórias do fígado, chamada MASH, também deve crescer 35% até 2050. Ela é causada pelo acúmulo de gordura no fígado, principalmente em pessoas com obesidade, diabetes ou doenças cardiovasculares. “O aumento das taxas de obesidade é um fator de risco crescente para o câncer de fígado, principalmente devido ao aumento de casos de excesso de gordura ao redor do fígado”, diz o hepatologista Hashem B El-Serag, do Baylor College of Medicine (EUA), um dos pesquisadores. O álcool também contribui para o avanço da doença. Casos relacionados a esse fator devem crescer de 19% para 21% até 2050. Já os ligados às hepatites B e C tendem a cair, mas ainda responderão por mais da metade das ocorrências. A China concentra mais de 40% dos diagnósticos globais. A alta carga está relacionada às frequentes infecções por hepatite B. O cenário reforça a importância da vacinação e do rastreio precoce como ferramentas de prevenção. 8 imagensFechar modal.1 de 8 Câncer no fígado é uma espécie de tumor maligno e, muitas vezes, bastante agressivo, que se origina nas células que formam o fígado, como hepatócitos, canais biliares ou vasos sanguíneos SEBASTIAN KAULITZKI/SCIENCE PHOTO LIBRARY / Getty Images2 de 8 Entre os fatores que podem aumentar o risco do câncer de fígado estão: cirrose hepática, gordura no fígado ou uso de anabolizantes Peter Dazeley/ Getty Images3 de 8 Os sintomas costumam surgir nos estágios mais avançados da doença, e incluem dor no abdômen, inchaço da barriga, enjoo, perda do apetite e de peso, sem causa aparente, cansaço excessivo e olhos amarelados MediaProduction/ Getty Images4 de 8 Segundo levantamento realizado pelo Instituto Nacional de Câncer (Inca), o câncer de fígado foi o sexto tipo da doença que mais matou homens no Brasil, em 2020. Entre as mulheres, foi o sétimo boonchai wedmakawand/ Getty Images5 de 8 O câncer de fígado costuma ser identificado através de exames como o ultrassom ou tomografia, capazes de detectar um ou mais nódulos na região bojanstory / Getty Images6 de 8 O tratamento é feito com cirurgia, radioterapia ou quimioterapia, a depender do tamanho e da gravidade de cada caso, e as chances de cura são maiores quando o tumor é identificado precocemente, assim como em qualquer outro tipo de câncer Witthaya Prasongsin/ Getty Images7 de 8 Segundo o Inca, “quando o tumor está restrito a uma parte do fígado (tumor primário), a remoção cirúrgica é o tratamento mais indicado. Assim como no caso dos tumores hepáticos metastáticos, em que a lesão primária foi ressecada ou é passível de ser ressecada de maneira curativa” SEBASTIAN KAULITZKI/SCIENCE PHOTO LIBRARY/ Getty Images8 de 8 Quando já não é possível alcançar a cura do câncer no fígado, no entanto, o tempo de sobrevida é de aproximadamente 5 anos, mas esse valor pode variar de acordo com o grau de desenvolvimento da doença e outras doenças do paciente Peter Dazeley/ Getty Images Quadro silencioso e de difícil detecção Grande parte dos tumores hepáticos não apresenta sintomas nos estágios iniciais. Quando surgem, sinais como emagrecimento, fraqueza, dor abdominal, náuseas e icterícia podem indicar a presença do câncer. O diagnóstico envolve exames de sangue, imagem e, em alguns casos, biópsia, mas o rastreamento precoce é raro na população em geral. “Geralmente, não são solicitados exames de rastreamento para o carcinoma hepatocelular na população em geral. Mas, eles podem e devem ser recomendados em casos específicos, como nos pacientes com cirrose hepática, ou ainda infecção crônica por hepatite B”, explica o oncologista Artur Rodrigues Ferreira, da Oncoclínicas, que não participou do estudo. Recomendações para conter o avanço global A comissão recomenda aumentar a cobertura da vacina contra hepatite B, principalmente em países com alta prevalência. A triagem universal para adultos e o acesso a novos tratamentos para hepatite C também são pontos centrais. “Apesar de não existir uma vacina para a infecção pelo vírus C, os novos tratamentos, também oferecidos de forma gratuita na rede pública, possuem chance de cura em cerca de 90% dos casos”, completa Artur. Políticas públicas devem enfrentar o consumo de álcool com impostos, rótulos de advertência e restrições de publicidade. Além disso, ambientes alimentares saudáveis podem ser promovidos por meio da rotulagem e regulação de alimentos ultraprocessados. Profissionais de saúde devem incorporar orientações sobre dieta e exercícios à rotina clínica, tanto como prevenção como tratamento. Em casos avançados, as opções de tratamento incluem cirurgia, transplante hepático, ablação, radioembolização, imunoterapia e terapias-alvo. A quimioterapia é usada com menos frequência, dependendo da condição clínica e da resposta do paciente. Siga a editoria de Saúde e Ciência no Instagram e fique por dentro de tudo sobre o assunto! Notícias
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