Entenda perigo de diagnosticar ansiedade e afins via redes sociais Ouvir 23 de setembro de 2023 Não faltam perfis nas redes sociais que se dediquem a compartilhar informações sobre como diagnosticar transtornos como a ansiedade e a depressão. Na caixa de comentários, várias pessoas detalham sinais de suas crises e conversam sobre os sintomas que sentem. O que poderia ser apenas um compartilhamento de experiências, porém, acaba tendo consequências graves: psicólogos ouvidos pelo Metrópoles apontam que é crescente o número de pessoas que se autodiagnostica com base em informações da internet ou, pior, aponta sintomas nos outros. Leia também Saúde Ansiedade: especialista explica sete tipos do transtorno. Confira Saúde Ansiedade ou pressão alta? Saiba como identificar e o que fazer Saúde Setembro amarelo: veja 6 atitudes para ajudar alguém em sofrimento Saúde Setembro Amarelo: veja 10 sinais de alerta para a depressão Os riscos de diagnosticar de forma banal O psicólogo Pedro Paulo Bicalho, presidente do Conselho Federal de Psicologia (CFP), aponta que a prática de tratar termos como ansiedade ou depressão com informações superficiais e sem entender as características que a pessoa já possui pode até induzir complicações na saúde mental. “Os malefícios de um diagnóstico psicológico banalizado são imensos. Ao identificar sintomas descontextualizados, uma pessoa, por acreditar naquilo como uma resposta para seu sofrimento psíquico, pode começar a produzir sintomas que não tem para se encaixar melhor no quadro”, explica o psicólogo. Buscar identificar-se com diagnósticos generalistas pode atrapalhar o processo terapêutico mais do que ajudar A psicóloga Ana Paula Ribeiro Hirakawa, do Centro de Estudos e Pesquisas João Amorim (CEJAM), de São Paulo, aponta que ao mesmo tempo em que há mais discussões e aceitação de alguns transtornos mentais, muitas pessoas não sabem como ou onde obter acompanhamento para seu sofrimento psíquico. “O que antes era enxergado como algo prejudicial e ruim, hoje é mais compreendido — isso, devemos celebrar. Mas é preciso ressaltar que, para o tratamento, é imprescindível procurar orientação dos especialistas, pois são eles os profissionais capacitados para guiar os pacientes nessa jornada rumo ao reequilíbrio”, explica. Os profissionais afirmam que a banalização de palavras e conceitos da psicologia nas redes sociais pode ser mais prejudicial do que uma aliada na hora de diagnosticar e tratar os sofrimentos psíquicos. “As palavras que usamos, ansiedade, depressão, são todas aproximações, mas o sofrimento é sempre singular. Ele precisa ser debatido e absorvido por alguém que tem preparo”, aponta Bicalho. Como usar a internet de um bom jeito? O presidente do CFP aproveita para dar dicas de como a internet pode ser usada para o bem do paciente: Não generalize – Não devemos forçar uma interpretação de sintomas de outra pessoa para entender o que estamos sentindo e tampouco usar o mesmo tratamento que outro paciente por achar que os sintomas são semelhantes. Busque ajuda habilitada – “Claro que as redes sociais são parte do nosso social. É impossível impedir que as pessoas falem sobre seus sofrimentos, mas o ideal é que a internet seja vista como um meio para encontrar um psicólogo. A psicologia pode ser exercida de forma on-line no Brasil desde 2018”, defende Bicalho. Cuide para não diagnosticar o outro – As informações que se obtém durante as terapias e estudos, por mais esclarecedoras que sejam, não devem ser compartilhadas em testes ou provas que levem possíveis pacientes a se identificar com os sintomas. Além disso, apenas profissional habilitados podem fazer diagnósticos. 3 Cards_Galeria_de_Fotos (5) A ansiedade é uma espécie de condição psíquica caracterizada por preocupação constante e excessiva de que algo negativo possa acontecer. Segundo pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), é, ainda, uma sensação difusa de desconforto carregado por sentimento frequente de apreensão que pode desencadear transtornos Peter Dazeley/ Getty Images ****Foto-crianca-sentada-no-chao.jpg De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil é o país mais ansioso do mundo, e registrou ainda mais casos da condição durante a pandemia da Covid-19. Além de adultos, a ansiedade também pode se manifestar em crianças por diversos motivos, como divórcio dos pais, provas ou problemas na escola, por exemplo Elva Etienne/ Getty Images *****Foto-pessoa-com-a-mao-na-boca-2.jpg Apesar de ser considerada relativamente comum, uma vez que pode atingir qualquer pessoa por qualquer motivo, a ansiedade se torna um verdadeiro problema quando tudo vira motivo de preocupação exagerada e o paciente passa a apresentar crises Tara Moore/ Getty Images ****Foto-pessoa-com-a-mao-na-cabeca-2.jpg A crise de ansiedade é uma situação que causa grande sensação de angústia, nervosismo e insegurança, como se algo de muito mau, e que foge completamente do controle, fosse acontecer a qualquer momento Getty Images ****Foto-pessoa-sentada-pensativa.jpg A crise surge, normalmente, devido a situações estressantes específicas e que geram gatilho, como precisar fazer uma apresentação, ter prazo curto para entregar um trabalho, estar em algum lugar que não gostaria ou ter sofrido uma perda, por exemplo Tara Moore/ Getty Images ****Foto-pessoa-deitada-em-posicao-fetal.jpg Entre os sintomas de uma crise de ansiedade estão: batimentos cardíacos acelerados, sensação de falta de ar, formigamento no corpo, sensação de leveza na cabeça, dor no peito, náuseas, transpiração excessiva, tremores, entre outros Holly Wilmeth/ Getty Images ****Foto-pesoa-sentada-chorando.jpg Estes sintomas ocorrem devido ao aumento do hormônio adrenalina na corrente sanguínea, algo normal quando a pessoa enfrenta um momento importante. Contudo, se os sintomas se tornarem constantes, podem sinalizar um transtorno de ansiedade generalizada Klaus Vedfelt/ Getty Images ****Foto-pessoa-sentada-conversando-com-outra-pessoa-2.jpg O que se deve fazer durante uma crise de ansiedade depende da gravidade e da frequência dos sintomas e, por isso, o ideal é sempre receber aconselhamento especializado, de um psiquiatra ou psicóloga MICROGEN IMAGES/SCIENCE PHOTO LIBRARY/ Getty Images ****Foto-pessoa-com-a-mao-no-peito.jpg Apesar disso, realizar exercícios de respiração, ingerir chá calmante, tentar conversar com alguém de confiança, descansar, desligar a mente, fazer atividades físicas que goste ou tentar manter o pensamento em algo que dê conforto são algumas dicas que podem ajudar a aliviar o problema Jamie Grill/ Getty Images ****Foto-pessoa-com-a-mao-no-peito-2.jpg Quando a crise de ansiedade acontece pela primeira vez, ou não se tem certeza do que está acontecendo, é importante procurar um hospital para garantir que não seja outro problema mais grave, como o infarto Science Photo Library/ Getty Images ****Foto-pessoa-sentada-conversando-com-outra-pessoa-3.jpg De qualquer forma, caso as crises sejam frequentes, um especialista deve ser procurado para identificar a causa e iniciar um tratamento Fiordaliso/ Getty Images ****Foto-pessoa-sentada-conversando-com-outra-pessoa.jpg A ansiedade pode desencadear problemas que, dependendo dos sintomas, podem ser classificados como Transtorno de ansiedade generalizada (TAG), fobia social, síndrome do pânico, entre outros. Esses problemas podem gerar impacto na vida pessoal e profissional do paciente, por isso o quanto antes for diagnosticado, menos problemas serão enfrentados kupicoo/ Getty Images Voltar Progredir 0 Siga a editoria de Saúde do Metrópoles no Instagram e fique por dentro de tudo sobre o assunto! Notícias
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