Estudo sugere por que mulheres sofrem mais doenças autoimunes Ouvir 5 de fevereiro de 2024 Um grupo de cientistas da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, acredita ter descoberto por que as mulheres são maioria entre os pacientes com doenças autoimunes como artrite reumatóide, lúpus, esclerodermia e esclerose múltipla. O motivo pode estar no cromossomo X. “Como médico praticante, atendo muitos pacientes com lúpus e esclerodermia, porque essas doenças autoimunes se manifestam na pele. A grande maioria desses pacientes são mulheres”, contou o geneticista e especialista em dermatologia Howard Chang, em comunicado divulgado pela universidade após a publicação de artigo científico na revista Cell, na quinta-feira (1º/2). Leia também Saúde Ciência avança no diagnóstico precoce de esclerose múltipla Saúde Medicamento para artrite pode rejuvenescer o sangue, aponta estudo Saúde Artrite reumatoide: conheça sintomas, tratamentos e mitos da doença O sistema imunológico tem como principal função nos proteger de infecções por vírus, fungos e bactérias. Para algumas pessoas, no entanto, ele tem uma resposta exacerbada, atacando os tecidos do próprio corpo. As doenças autoimunes ocupam a terceira posição entre as mais prevalentes, atrás apenas do câncer e das doenças cardíacas. As mulheres são as mais afetadas: estima-se que quatro entre cinco pacientes com diagnósticos de doenças autoimunes nos Estados Unidos sejam mulheres. 3 Cards_Galeria_de_Fotos (6) Esclerose múltipla é uma doença autoimune, neurológica e crônica que gera alteração no sistema imune de quem a possui. A condição faz com que as células de defesa do corpo humano ataque o sistema nervoso central e, como consequência, provoque lesões musculares e cerebrais Getty Images ****Ilustracao-vinculos-rompidos.jpg Em outras palavras, a condição resulta em danos permanentes com a destruição dos nervos, o que leva a problemas de comunicação entre o cérebro e o resto do corpo. Os sinais iniciais da doença dependem de quais nervos foram afetados koto_feja/ Getty Images *****Foto-homem-segurando-o-proprio-pulso.jpg Fraqueza muscular, sensação de dormência ou formigamento em braços e pernas, cansaço extremo e lapsos de memória são comuns. Além desses, fala lentificada, pronúncia hesitante das palavras ou sílabas, visão embaçada ou dupla, tremores e dificuldade para engolir são alguns dos principais sintomas LaylaBird/ Getty Images ****Foto-pessoa-segurandp-proprio-pulso.jpg Esses sintomas surgem ao longo da vida com a progressão da esclerose múltipla, sendo mais evidentes durante os períodos conhecidos como crise ou surtos da doença. Além disso, eles podem ser agravados quando há exposição ao calor ou febre Peter Dazeley/ Getty Images *****Foto-mulher-em-cadeira-de-rodas.jpg As causas da doença ainda são desconhecidas. No entanto, sabe-se que os sintomas estão relacionados com alterações imunológicas. Estudos apontam que ter entre 20 e 40 anos, ser mulher, ter casos da doença na família, ter baixos níveis de vitamina D e doença autoimune são alguns dos fatores associados à condição eyecrave productions/ Getty Images *****raio-x-de-um-cerebro.jpg Por ter origem desconhecida até o momento, não existe cura para a esclerose múltipla. Contudo, há tratamentos que ajudam a atenuar os sintomas e desacelerar a progressão da doença Paul Biris/ Getty Images *****Foto-comprimidos-coloridos.jpg O tratamento da esclerose múltipla é feito com medicamentos indicados pelo médico que ajudam a evitar a progressão, diminuir o tempo e a intensidade das crises, além de controlar os sintomas Tanja Ivanova/ Getty Images *****Foto-fisioterapia-pessoa-com-esclerose-multipla.jpg A fisioterapia também é importante para controlar os sintomas, pois permite que os músculos sejam ativados, evitando a fraqueza nas pernas e a atrofia muscular. Ela é feita por meio de exercícios de alongamento e de fortalecimento muscular Alvis Upitis/ Getty Images ****Foto-pessoa-sentada-em-cadeira-de-rodas-em-frente-a-um-medico.jpg Ao contrário do que possa imaginar, a esclerose múltipla não é uma doença tão rara assim. De acordo com a Associação Brasileira de Esclerose Múltipla (ABEM), a estimativa é de que 40 mil pessoas possuem a doença apenas no Brasil. No mundo inteiro, segundo o Ministério da Saúde, esse número sobe para 2,8 milhões FatCamera/ Getty Images Voltar Progredir 0 O X da questão Homens e mulheres carregam 22 pares idênticos de cromossomos e um, o 23º, diferente. Eles se diferenciam por apresentarem um cromossomo X e outro Y, fazendo com que certas características sejam completamente influenciadas pelo sexo. Embora as mulheres tenham um X a mais, elas produzem aproximadamente o mesmo nível de proteínas especificadas pelo cromossomo X que os homens. Isso acontece porque um dos dois cromossomos é silenciado por uma molécula chamada Xist para evitar duplicações na expressão genética ligadas ao X. Em um experimento com camundongos, os pesquisadores descobriram que a inativação do cromossomo X pelo gene Xist inserido em machos pode levar a doenças autoimunes. Isto permitiu examinar como o sistema imune responde ao Xist quando há apenas um cromossomo X. Em geral, os machos desenvolvem autoimunidade semelhante ao lúpus em uma taxa muito menor do que as fêmeas. Mas quando o gene Xist inserido foi ativado, eles desenvolveram a doença a uma taxa de prevalência muito maior, semelhante a das fêmeas. Os cientistas observaram que várias das proteínas que o Xist recruta para ajudar no silenciamento dos cromossomos são auto antigênicas. Nas doenças autoimunes, os auto antígenos são os que disparam o alarme do sistema imunológico, acionando-o para atacar o corpo que deveria defender. Pesquisadores independentes dizem ser improvável que as moléculas sejam a única razão pela qual as mulheres têm maior probabilidade de sofrer com doenças autoimunes. Mas acreditam que a confirmação dos resultados pode contribuir com a criação de novos tratamentos específicos para essas moléculas. Siga a editoria de Saúde no Instagram e fique por dentro de tudo sobre o assunto! Notícias
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