Sociedade médica pede que Wegovy tenha lançamento suspenso no Brasil Ouvir 25 de junho de 2024 A Sociedade Brasileira de Medicina da Obesidade (SBEMO) publicou no último sábado (22/6) um comunicado oficial se posicionando contra a venda de medicamentos para emagrecimento da Novo Nordisk no Brasil. O comunicado informa que a entidade entrará com uma ação civil pública pedindo que o Wegovy, que deve começar a ser vendido no país a partir do segundo semestre, tenha seu lançamento suspenso. O medicamento tem doses de semaglutida até cinco vezes mais fortes que o Ozempic. Leia também Saúde Superior ao Ozempic, Wegovy será lançado no Brasil no 2º semestre Saúde Farmacêuticas indianas correm para criar versões de Ozempic e Wegovy Saúde Estudo aponta que Wegovy reduz em 20% a chance de infarto. Entenda Saúde Anvisa aprova Wegovy para o tratamento de adolescentes com obesidade Segundo o comunicado, a compra direta de remédios injetáveis para emagrecimento, como Ozempic, Saxenda e Victoza, está sendo muito facilitada no Brasil. É possível adquiri-los sem restrição de receita, o que tem levado muitos pacientes sem recomendação a fazer uso da medicação e, consequentemente, se expor a efeitos colaterais secundários, de acordo com a SBEMO. “Tais fármacos têm possíveis efeitos colaterais adversos, como vômitos, náusea, dor abdominal, perda de massa muscular, desidratação, obstrução intestinal, distensão abdominal, gastroparesia, constipação, tontura, gastrite, dispepsia, doença do refluxo gastro esofágico, pancreatite, hipoglicemia, complicações da retinopatia diabética, aumento da frequência cardíaca, fadiga, íleo paralítico, colelitíase e colecistite”, enumera o comunicado. A sociedade aponta ainda que a bula do Wegovy aprovada em maio de 2024 não trouxe corretamente as contraindicações, os avisos e as precauções do uso do medicamento. De acordo com eles, deveria haver um alerta para pessoas com histórico familiar de carcinoma medular de tireoide, assim como ocorre na bula dos Estados Unidos. “A bula brasileira não divulga com precisão a possibilidade de surgimento ou agravamento de depressão, pensamentos ou comportamento suicida e/ou quaisquer alterações incomuns de humor ou comportamento, como faz a americana”, completa a SBEMO. Em entrevista ao Metrópoles, o presidente da sociedade, Lucio Monte Alto, afirma que a conduta da Novo Nordisk está “mais voltada ao lucro do que ao atendimento de pessoas com diabetes e obesidade”, os principais atendidos pelos medicamentos produzidos pela empresa. “A Novo não tem conseguido abastecer seus pacientes, mas não abre mão do mercado, mantendo patentes e vendendo medicamentos minimizando os riscos de seus usos visando ao lucro. É preciso ter controle para que o remédio chegue a quem precisa”, diz. Canetas de emagrecimento como o Wegovy também apresentam efeitos colaterais como náuseas e alterações do funcionamento do intestino O que diz a Novo Nordisk? Em resposta ao posicionamento da SBEMO, a Novo Nordisk afirma que não tem conhecimento de uma ação civil pública para suspender o lançamento do medicamento Wegovy no país. A farmacêutica diz que seu compromisso é com “a saúde, o bem-estar e a qualidade de vida dos pacientes” e aponta que as bulas de seus remédios foram aprovadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Segundo eles, as bulas deixam claras as reações adversas aos medicamentos “que tiveram relação causal sustentada pelos estudos aplicáveis ou por evidências pós-comercialização”. Segundo a farmacêutica, por questões regulatórias locais, a bula norte-americana inclui informações adicionais, mesmo que não haja relação causal sustentada por estudos ou dados pós-comercialização. Sobre a possível conexão entre os remédios e o câncer de tireoide, a empresa alega que o comitê europeu de vigilância medicamentosa (PRAC/EMA, em inglês) não viu evidência de relação causal entre o uso da semaglutida ou a liraglutida e a doença. Quanto ao risco de ideação suicida, a Novo Nordisk afirma que o uso da semaglutida teve na verdade o efeito contrário e reduziu os riscos em um estudo realizado nos Estados Unidos. Com isso, o PRAC/EMA concluiu que não era obrigatório o alerta na bula. Por fim, quanto ao acesso ao remédio sem recomendação médica, a Novo Nordisk lembra que o nível de retenção da receita deve ser estabelecido pela Anvisa. Ainda assim, a empresa desencoraja o uso dos medicamentos sem acompanhamento médico. “Todo e qualquer medicamento deve ser recomendado e prescrito pelo médico, após avaliação individual de cada caso, e requer acompanhamento regular de profissionais de saúde, muitas vezes de forma multidisciplinar”, conclui a Novo Nordisk. Siga a editoria de Saúde no Instagram e fique por dentro de tudo sobre o assunto! Notícias
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