Parar antidepressivos sempre causa síndrome de abstinência? Ouvir 16 de junho de 2024 Os antidepressivos estão entre os medicamentos mais prescritos nos países ricos, incluindo Estados Unidos, Canadá, Reino Unido e em grande parte da Europa Ocidental. O que acontece quando se para de tomar esses remédios, normalmente não prescritos para uso prolongado, tem sido uma questão controversa desde que o medicamento foi descoberto e empregado na prática clínica, na década de 1950. Em um estudo publicado em 5 de junho de 2024, na revista The Lancet Psychiatry, constatou-se que 14% dos que que interromperam o uso de antidepressivos apresentaram sintomas de abstinência, como tontura, dores de cabeça, náusea, insônia e irritabilidade. Essa proporção, de um para sete, surpreende, pois é bem menor do que esperavam diversos especialistas em antidepressivos . “Será gratificante saber que as taxas de síndrome de abstinência não são nem de longe tão altas quanto as até então relatadas, em torno de 50%”, comenta Sameer Jauhar, psiquiatra do King’s College de Londres, especializado em transtornos afetivos, que não participou do estudo. No entanto, os pacientes que suspenda a medicação precisam ser informados sobre os sintomas de abstinência “que são reais e precisam ser monitorados e tratados, caso ocorram”, enfatiza o autor principal Christopher Baethge, psiquiatra da Universidade de Colônia, na Alemanha. Leia também Saúde Estudo aponta por que antidepressivos demoram semanas para ter efeitos Saúde Antidepressivos: como interromper o uso sem prejudicar a saúde? Saúde Antidepressivos na gravidez: impactos no bebê são pouco compreendidos Saúde Uso contínuo de antidepressivos pode elevar risco de doenças cardíacas Baixa incidência de sintomas graves A meta-análise, que é a mais abrangente pesquisa já feita até o momento para avaliar a prevalência de sintomas de descontinuação de antidepressivos, incluiu 79 estudos científicos com um total de 21.002 participantes adultos. Os estudos incluíram 44 ensaios de controle randomizados e 35 estudos observacionais relacionados aos sintomas de descontinuação de antidepressivos publicados entre 1961 e 2019. Os autores estimam que cerca de uma em cada sete pessoas relatou ter pelo menos um sintoma após a interrupção dos antidepressivos, enquanto um pequeno número – cerca de uma em cada 35 – relatou sintomas graves. “Os sintomas graves de descontinuação ocorrem muito menos, mas devem ser levados a sério e são importantes, pois muitos milhões de pacientes tomam antidepressivos. Não está claro quais sofrerão com a abstinência”, observa Eric Ruhé, psiquiatra do Hospital Universitário Radboud, na Holanda. Também não ficou claro no estudo quanto tempo os sintomas de abstinência podem durar, após a interrupção dos antidepressivos, mas a pesquisa indica que “eles geralmente desaparecem depois de duas a seis semanas, ou quando os antidepressivos são retomados”, explica Baethge. Os medicamentos desvenlafaxina, venlafaxina, imipramina e escitalopram foram os mais frequentemente associados à síndrome de abstinência. A fluoxetina e a sertralina apresentaram as menores taxas de sintomas. O que causa sintomas de descontinuação de antidepressivos? A maioria dos antidepressivos pertence a um grupo de medicamentos conhecidos como inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS). Os ISRS funcionam bloqueando a recaptação da serotonina no cérebro, de modo que esse neurotransmissor não fica mais disponível para atuar nas células cerebrais. Os cientistas não entendem completamente como surge a síndrome de abstinência, mas uma teoria é que “retirar o aumento da serotonina ao interromper os ISRS, provoca os sintomas de privação”, explica Baethge. As flutuações do nível de sinalização da serotonina no cérebro podem afetar uma série de estados cerebrais, como percepção sensorial, estados emocionais e estados de sono-vigília. Mas ainda não está claro como a retirada dos ISRS está relacionada a sintomas específicos, como tontura, dores de cabeça ou insônia. Algumas teorias relacionadas a uma ligação entre a serotonina e a depressão foram criticadas como simplistas demais pelos pesquisadores. Atualmente estão sendo desenvolvidas teorias mais abrangentes sobre a depressão. Efeito “nocebo” e expectativa de sintomas A pesquisa também constatou que quase um em cada cinco participantes dos grupos de placebo dos estudos descreveu sintomas semelhantes aos relatados pelo grupo que havia interrompido o uso de antidepressivos. Baethge acredita que isso se deve a um efeito “nocebo”, no qual “a expectativa de que coisas ruins acontecerão, quando se toma ou deixa de tomar um medicamento, cria uma maior consciência da piora da ansiedade ou da depressão depois de tomar o remédio”: “Esse efeito pode ser ampliado quando o médico alerta o paciente sobre os possíveis efeitos colaterais.” Para Baethge, as descobertas sugerem que entram em jogo sintomas não específicos, semelhantes às flutuações normais da percepção sensorial. “Não estamos dizendo que é tudo coisa de cabeça. É tentador pensar que se algo ocorre com placebo, é tudo imaginação. A questão é que os pacientes realmente sentem tontura, por exemplo, e isso precisa ser levado a sério, independente da causa.” Siga a editoria de Saúde no Instagram e fique por dentro de tudo sobre o assunto! Notícias
Notícias Tangerina: veja quais são os benefícios de comer a fruta todos os dias 20 de junho de 2024 Descascar uma tangerina é um ato simples, que faz bem para o organismo e ainda perfuma o ambiente. A fruta possui altas concentrações de vitaminas A, B e C, além de ser rica em fibras e minerais como cálcio, potássio, fósforo, sódio e ferro. Leia também Saúde Chá de casca… Read More
Notícias Cloroquina está ligada a 17 mil mortes na 1ª onda da Covid, diz estudo 6 de janeiro de 2024 De acordo com uma pesquisa publicada esta semana na revista científica Biomedicine & Pharmacotherapy, a cloroquina foi responsável pela morte de pelo menos 17 mil pessoas durante a primeira onda da pandemia de Covid-19. O estudo analisou dados de 44 levantamentos feitos entre março e agosto de 2020 na Itália,… Read More
Notícias Dia do chocolate: nutri ensina como consumir de maneira saudável 6 de julho de 2024 O dia 7 de julho foi instituído informalmente como o “dia do chocolate”. Apesar de a razão para a escolha da data não estar bem explicada – a lenda é que esse seria o dia que os europeus teriam conhecido o chocolate, existe uma percepção bastante difundida de que todas… Read More